quarta-feira, 16 de março de 2011

Desterritorialização


O que você entende por desterritorialização? De inicio, podemos ter uma idéia geográfica, de perda de território, como estamos vendo no Japão, onde esta sendo destruída e fazendo sumir algumas cidades em decorrência as catástrofes naturais como o terremoto.
Ou também podemos classificar desterritorialização como uma reforma política que recentemente tomou conta dos países do Oriente Médio e da África.
De fato, a desterritorialização pode ser denominada de várias formas, seja geográfica, histórica, política, psicológica ou humana.
Mas para Felix Guattari, a desterritorialização se da pelo homem contemporâneo, que é fundamentalmente um ser desterritorializado. Seus territórios existenciais originais, o corpo, espaço doméstico, clã, culto, não são mais postos em solo estável, mas integram-se desde agora em um mundo de representações precárias e em constante movimento.
Mas o que estaria ele querendo dizer com isso? De fato, pode ser o excesso de informação que estamos dividindo no nosso território, e com essa fluidez de informação tão rápida acabamos por não absorver nada. Temos tudo e nada ao mesmo tempo. Temos tudo, pois, estamos sempre com uma gama de informações, a mídia esta presente em nosso meio quer queira ou não, mas não conseguimos mais distinguir as coisas, pois estamos em constante movimento e a mídia também, bem mais acelerada que nós, pois cada dia surge novos acontecimentos, novas publicidades.
Porém somos escravos delas, mesmo que não nos damos conta ou a mínima atenção, a nossa forma de pensar, agir, comportar-se vai de acordo com o que a mídia nos impõe. Perdemos até mesmo nossas raízes culturais, em decorrência a toda essa informação e a globalização, sim, pois a globalização favoreceu a esse processo de desterritorialização, antes as pessoas só tinham acesso a notícias locais, hoje em dia, sabemos no mesmo minuto o que esta acontecendo do outro lado do mundo, e uma divisão de culturas, valores e nos tornamos um só tipo de gente, independente da localização, sempre procuramos agir de acordo com o que está sendo vivenciado naquele momento, e não questionamos isso, apenas nos deixamos levar pelo som da música.
Parece que mesmo com essa riqueza de divisão de conhecimento de informações, nós nos encontramos assim, seres vazios e efêmeros, estamos em constante movimento, tanto no físico como no comportamento que muda diariamente, como se não tivéssemos mais nenhuma raiz com nosso local nem nossa cultura. Então quem somos nós? Nós não temos mais um ponto de referência, somos como carros em um constante fluxo de movimento, nada vemos, nada sentimos, apenas seguimos sem deixar quaisquer rastros. A conseqüência, é a desarticulação do sujeito, não conhecemos mais nosso lugar no mundo, o espaço público e desmontado. Onde antes havia concentração de indivíduos, hoje há dispersão.
Eu vejo de uma forma meio pessimista tudo isso, porque se pararmos para nos dar conta, não sabemos muito bem o que estamos fazendo aqui, somos seres perdidos no meio dessa imensidão de informações, muitas horas nos deparamos com uma pergunta, “afinal, quem sou?”, isso porque a cada dia estamos convivendo um com os outros de uma forma mais vazia ou não sentimental, estamos sempre correndo, com pressa, de passagem, raramente paramos ou conversamos por um longo tempo um com o outro, somos todos seres desterritorializados.
E a desterritorialização é característica da sociedade global moderna, não podemos nos assustar nem evitá-la, pois é uma realidade que se concretiza a cada dia, claro que dependendo da região com maior ou menor intensidade, cabe a nós apenas saber como vivenciá-la.


Por Luciana de Carvalho

Um comentário

  1. Luciana, achei o seu texto, na íntegra, neste blog http://philippedutra.blogspot.com/, o blog não é seu, mas a assinatura do texto está em seu nome. Você já viu? autorizou o dono do blog a publicar seu texto?

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