quarta-feira, 19 de abril de 2017

Aqueles que fazem a diferença...



Robson Sérgio, 31 anos, mora no bairro do São Gerardo, trabalha como técnico de gravação e edição de áudio há 7 anos, é casado a 1 ano, e não pretende ter filhos. Começou a trabalhar na Unifor através de um grupo recrute vagas (Yahoo Grupo), e já tinha experiência na área. O segundo emprego dele é de técnico em sonorização na Igreja Batista.


Livia, 34 anos, mora próximo ao local de trabalho, e trabalha nos serviços gerais da há 3 anos, é casada e tem 2 filhos. Começou a trabalhar na Unifor através de uma amiga, mas antigamente trabalhava como babá numa creche. 

Por: Erlane Alves e Larah Cordeiro

Aquele rapaz no canto

                                                               Foto: Iara Pereira

Quem frequenta a Q19 com certeza já deve ter visto este moço que vive com fones de ouvidos e concentrado em seu trabalho lá no canto da recepção. Thiago Oliveira, dono de uma leve timidez e de um riso frouxo, no auge dos seu 24 anos, está no quarto/quinto semestre do curso de Publicidade e há quase três anos é secretário do Núcleo Integrado de Comunicação, o famigerado NIC, atendendo ás demandas administrativas. Sobre a sua infância ele nos conta que sempre foi uma criança desastrada e levava muitos tombos, que podemos definir com aquele meme " todo dia um 7x1 diferente". A maior queda que teve foi quando na escola, fora empurrado da escada, atingindo a cabeça numa quina, o que lhe garantiu mais 7 pontos na vida. Ele diz que pretende seguir no ramo do planejamento/atendimento após formado.


Por Tayane Matos e Iara Pereira 

Gente como a gente.

       Sempre passei pela sala dos professores. Na correria do almoço, de falar com algum professor ou simplesmente para participar de algo relacionado ao Centro de Comunicação e Gestão. Passei e despercebi, passei e me comuniquei somente o essencial, passei e passei e passei. Hoje pude conhecer o Marcelo e percebe-lo. Sempre o pedia para falar com algum professor por mim ou pedia autorização para esquentar meu almoço la na copa, mas nunca parei para conhece-lo melhor. Hoje descobri que o Marcelo é um funcionário há 2 anos do CCG, que ele tem um relacionamento sério com a Aline que se iniciou em uma fila de inscrição, que possui uma vida pro-ativa além da Unifor, que um de seus grandes amigos já cultivados é o Helio, seu vizinho de mesa de trabalho super gente boa, e que já deixou de morar com seus pais em busca de independência. Um de seus sonhos é se graduar em Educação Física, e além dessa faxada "funcionário da Unifor", o Marcelo é doce, cativo, sabe se comunicar e sempre se dispõe a fazer um favorzinho ou outro em prol do NIC (Núcleo Integrado de Comunicação). Marcelo é gente como a gente, que cuida, que está presente, que vive. E que grande prazer esse que o tive de conhecê-lo e percebê-lo melhor. Hoje já posso chamá-lo pelo nome e cumprimentá-lo com um sorriso bem maior do que eu já o dava. 


Bárbara Soares.

O micro-ondas que abriga.



   Por milhares de pessoas que conhecemos em sociedade, algumas marcam a gente sem saber quem ela mesmo é.     Na Universidade de Fortaleza, encontramos o Seu Gilson, um moço simpático, de meia idade, que pouco conhecíamos. Nós chegamos a saber quem ele é, porque assim como outros alunos, usufruímos do micro-ondas do seu "charmosinho" C.A. Contou-nos sem negar a idadque tinha 44 anos e ainda fez uma revelação de que tem um filho de 30 anos, isso mesmo. Infelizmente, ele não quis entrar em tantos detalhes nesse assunto.     Ele entrou na Unifor por intermédio do amigo que queria deixar do canto e ele fez questão de assumir o ponto. Ele já trabalhou com xerox e em gráficas e se identificou com a nova vocação no campus.     Ele nos contou que se sente abrigado constantemente pelas pessoas abrigados e com isso conseguiu uma doação que era: o famoso micro-ondas que as vários alunos de vários cursos esquentam seus respectivos almoço. Com isso, vários alunos, passam e "despassam" pelo Seu Gilson sem notar de tanto serviço que ele presta pelo campus, porém ele nos contou que se sente gratificado em saber que está ajudando de uma forma tão singela os alunos.    Diante de toda modernidade, nos passamos como despercebidos pelos outros, a individualização, a socialização, as informações e como nos portando ao mundo. As coisas que são invisíveis, na verdade, somos nós que acabamos sendo esse invisível.

Por: Anderson Cavalcante e Fernanda Kelly.

Cadê a tampa da lente?

Quem nunca alugou uma câmera e ouviu a pergunta acima vinda do funcionário da central de equipamentos NIC (a famigerada T04) no momento de devolução?
Pois bem, aquele rapaz que nos recepciona e pede para assinarmos o livro de controle de empréstimo de máquina fotográfica nos conta uma história interessante:
quem é ele?
Conhecido como Anderson, seu nome completo é Anderson Chagas de Sousa. Nasceu na cidade do Rio de Janeiro, em 07 de fevereiro de 1986. Reside em Fortaleza, no bairro de Messejana, desde o ano de 2003, pois veio morar com a mãe. O seu primeiro contato com a Unifor surgiu enquanto procurava emprego. Resolveu fazer a entrevista e foi contratado. E aqui já trabalha há 10 anos, sendo que os dois primeiros anos foram na prefeitura, e atualmente, no almoxarifado. Trabalha para ajudar na renda da família, e também como um investimento nos estudos.
É graduando em educação física. É solteiro e não tem filhos.



(Lorena Fernandes e Davi Saraiva)

segunda-feira, 17 de abril de 2017

A Fortaleza da uma Colombiana




Esta é a minha Fortaleza até agora.

Eu sou na Colombia mas vim para facer intercambio, ate agora Fortaleza é alegria, cachaça, álcool, festa, praia, mulheres bonitas, dança, riqueza, pobreza, calor, chuva, perigo, turismo, deficiência hídrica, diversidade, liberdade, arte,e cultura

A cidade está cheia de gente bonita, que ajudam, ouvir e sempre têm uma boa disposição. Fortaleza forçar-me a crescer, me mostrou a realidade que eu não tinha vivido por ñao sair de casa, (País). Eu ainda ñao conheço nem 20% da cidade, mas como o nome indica aqui e eu aprendi a ter mais que Fortaleza e força para continuar.

Minha Fortaleza

Foto minha

Minha fortaleza é vazia.
É chegar em casa depois de um dia na faculdade e apenas usar minha voz no dia seguinte.
É olhar para as paredes do apartamento e ver apenas as paredes do apartamento.
É saber que ninguém vai ter preparado minha cama quando eu chegar em casa mais tarde.
É não ter ninguém para me mandar estudar, ou lavar a louça.

Minha fortaleza é silêncio.
É precisar por música nos fones de ouvido para notar o tempo passar.
É escutar a minha respiração enquanto leio.
É o tique apavorante de algo pingando em outro apartamento.
É a sensação gostosa de fechar os olhos e apenas escutar o ar.
Minha fortaleza também é barulho.
É o arrastar dos pombos durante a noite no meu telhado.
São os carros engarrafados às seis e meia da manhã.
São os trabalhadores do depósito ao lado conversando enquanto montam cubos plásticos.
É a dona Emília falando ao telefone às sete da noite.

Minha fortaleza é lotada.
É não se sentir só, mesmo estando só.
É ter com quem conversar, não importa o horário.
É fazer uma tarde com os amigos se tornar uma festa com mais de vinte pessoas.

Minha fortaleza é o lugar que eu odeio e amo. É onde eu quero passar minha vida, mas não vejo a hora de deixar.
Minha fortaleza tem vários cheiros, muitas cores e muito mais que aquilo que eu pedi.

domingo, 16 de abril de 2017

A Fortaleza pra quem não mora aqui(lá)

A Fortaleza de quem não mora aqui(lá).

Fortaleza foi feita para o turista. Uma semana não é suficiente para conhecer tanta coisa boa que a "terrinha" tem. Eu que venho todos os dias da serra pra capital, assisto da janela do ônibus ou do carro, o filme que é essa cidade. Bairros onde o desenvolvimento não chegou, bairros onde o futuro é hoje.

Da grande periferia ao pequeno centro econômico. Do Bom Jardim à Aldeota, todos os dias uma nova história. A cidade que não é justa, onde os poderosos estão concentrados, cercados e engolidos pela periferia. Mas a burguesia se redime e aplaude o talento que sai das palmas do Conjunto Palmeiras.

A capital das praias e do verão, a única estação, pra refrescar, só o vento pra amenizar. Essa terra tem muita coisa e gente boa, muita gente da cabeça chata, mas que leva no peito a essência do cearense de tudo fazer piada.

É aqui, é daqui, é de lá que eu vou viver.

sábado, 15 de abril de 2017

Minhas Fortalezas

Na verdade Fortaleza são várias Fortalezas.
Vamos começar pela Fortaleza das praias: nela está sempre ensolarado, o mar tem uma maré agradável onde banhistas e surfistas se deleitam. As crianças brincam na areia e nas piscinas salgadas feitas pelo próprio mar. O vendedor de picolé, camarão, coco ou bijuterias, passa chamando a atenção. E ali, naquele momento, Fortaleza tem uma linda versão.
 Agora vejamos a grande e agitada Fortaleza, onde o movimento nas ruas começa cedo, e ás 7:30 da matina já existem engarrafamentos que tiram a paciência de trabalhadores e estudantes. E enquanto o engarrafamento para a cidade, sua aparência continua em movimento: lojas abrem e fecham, outdoors são trocados, prédios são demolidos e construídos, muros são pichados e pintados. E o fortalezense, apressado, nem percebe. 
Toda cidade tem seu lado miserável e a minha fortaleza não é diferente. Nessa Fortaleza existem favelas que abrigam uma parcela considerável, porém esquecida da cidade. Esquecida propositalmente. Uma parte da cidade onde pessoas vivem em casas precárias, se tiverem um lugar pra chamar de casa. Essa  Fortaleza  está em todos os lugares: Na criança que pede dinheiro no sinal, no rapaz que limpa vidros de carros por alguns trocados, está na pessoa que, enquanto estamos em um restaurante ou em uma festa curtindo a noite,está na rua a noite toda ´guardando´ nossos carros. Pessoas que nos negamos a enxergar.  
Enfim, essas são as Fortalezas que  vivo, além daquela que muitas vezes me apresenta mais dificuldades do que eu gostaria. Não tenho amor por Fortaleza, mas é aqui que amo viver.

Iana Couto 

quinta-feira, 13 de abril de 2017

A TERRINHA AMADA

A imagem pode conter: atividades ao ar livre
Foto: Luana Maciel.



Fortaleza é aquele lugar no qual posso ir e passar o tempo que for em qualquer lugar, mas que na hora do regresso me recebe com aquele abraço afetuoso que só uma mãe sabe dar a um filho.

Fortaleza um lugar que me convida a descobri-lo (principalmente por duas rodas) atravessando de uma ponta a outra mas sempre terminando com um maravilhoso por do sol acompanhado com água de coco na Ponte Metálica. 

Do pirata na segunda a Praia do Futuro no domingo. Fortaleza é aquele lugar onde todo dia tem uma programação diferente pra todo mundo.  Mesmo sendo daqui, sempre que posso me convido (e te convido também) a sempre descobrir esse lugar de uma maneira diferente, pois sinto que sua essência é enorme e sempre há coisa nova a ser explorada. 

No mais, o que eu sinto por essa cidade é GRATIDÃO. Sim, gratidão. Por ter nascido e morar aqui, por me proporcionar momentos de felicidade, por me abrigar e por tantas coisas mais. Obrigada, terrinha, obrigada!



terça-feira, 11 de abril de 2017

Pelos bairros de onde velejo



Foto: Iara Pereira


Já passei por ruas e calçadas.

Meu Lago Jacarey, está nos primeiros passos, os fins de semanas pedidos pelas brincadeiras e travessuras aos redores do bairro.
Minha Boa Vista, tem a inocência, as etapas de onde eu cresci, a terra molhada e o ruído dos caminhões que por ali trilharam.
Passo por São Miguel, o chão quente e meus pés descalços, indo a budega comprar um pirulito. Cinco horas da tarde. Dia a dia. Observo minha mãe e os vizinhos sentados na calçada. Nos rostos, sempre as mesmas expressões.
Trilho por Mondubim, eu cresço e desvendo as ruas largas, os sinais, o trânsito, o movimento. O concreto dos muros e o excesso de informações pelas avenidas.
Lagoa Redonda, ah... onde eu me deixo ao encontro da melhor vista para o pôr do sol, não há prédios, não há fiações. Ali, o laranja se torna o único presente no meu olhar.
Paro enfim a minha querida e não tão velha, Sapiranga. Ela está sempre calma, nas ruas eu olho para o chão, vejo a areia das dunas e percebo que o mar está ali, logo perto. É onde eu fico, é onde eu moro.
Os meus bairros, por onde eu passei, fizeram parte de mim, do meu crescimento, de quem eu sou, é a minha Fortaleza. Sou parte.
Os pés descalços.
Caminho.
Espero nunca parar.



segunda-feira, 10 de abril de 2017

A "Lagoa Comprida"


Tendo-me em seus braços, e residindo eu no mesmo bairro (papicu, que significa lagoa comprida) desde o meu nascimento, Fortaleza é  para mim, como um colo de mãe. Um lugar  que, não importa como estamos com nossas vidas ou de onde viemos,faz questão de estar sempre acolhendo, mesmo nos pequenos gestos (como frases de amor espalhadas pela cidade).
Andando por suas ruas (e/ou bairros), e me perdendo em muitas também,vejo o quanto esta cidade tem história para contar em cada uma delas, e por que não me sentir parte disso? Fortaleza seduz aos olhos com suas cores e com lugares que, até mesmo nos pontos turísticos, me encantam como se fosse a primeira vez e que carregam consigo tantas lembranças quanto um álbum de família. Claro, hipócrita seria se continuasse a falar apenas do belo, Fortaleza tem sim muito a corrigir e atualizar-se. Mas vê-se uma população e seus responsáveis lutando dia a dia para torna-la melhor.
Por fim, justamente por não ter percorrido tudo que Fortaleza tem a mostrar e por saber que ainda tem muito a ser percorrido neste grande lar, como um aventureiro, me faço disposto a querer desvendá-la. E mesmo quando crer que esse lar se tornará rotina, continuarei a procurar algo que novo que volte a mim, um olhar de quem vê pela primeira vez.

-Davi Saraiva
Foto tirada do celular

Fortaleza e suas faces

Foto tirada pelo celular.
Fortaleza pra mim tem várias faces, que foram se revelando conforme eu crescia e melhor a conhecia. Comecei a ter minha percepção de cidade como uma com identidade ambígua, pois até hoje tenho dúvidas se devo chamar meu bairro de Parque Dois Irmãos ou de Planalto Itaperi, sendo um o nome oficial e o outro o nome utilizado de verdade, na boca do povo ou nomes de comércios locais, logo quando preciso anotar meu endereço, para garantir, coloco ambos.
Foi essa identidade controversa que logo tornou uma infância brincando na rua, onde aproveitei muito com as outras crianças, em uma logo descoberta de uma nova face da cidade, que seria o medo. Aos sete anos estava brincando no quintal, quando um garoto encostou na grade de minha casa, pedindo para brincar com a lupa que eu estava na mão, ao emprestar, ele saiu correndo, e foi nesse dia que descobri que meu bairro era um lugar perigoso. Hoje no lugar das grades há muros.

Hoje permeio entre os espaços urbanos conhecendo os locais seguros e os não, tentando aproveitar as pequenas liberdades que a cidade promove, sendo elas a maioria de caráter não planejadas ou intencionais. E apesar de ainda ter que olhar para os dois lados toda vez que preciso abrir a porta, vejo como minha realidade é apenas uma parcela das possibilidades da cidade.

por Lucas Esmeraldo

Fortaleza e Eu

Foto: Captura de tela do Google Maps.
Fortaleza representa para mim um sentimento de estar em casa. Eu sei, é clichê descrevê-la assim, mas não poderia ser diferente. Afinal, a vida toda morei aqui, na mesma casa, no mesmo bairro. Minha relação com a cidade é limitada à “bolha territorial” na qual estou inserido. Escola, curso de inglês, faculdade, trabalho... Tudo acabou se concentrando em uma mesma região da cidade, por isso sinto que a “minha Fortaleza” é menor.

Meu contato com outros bairros é sempre resultado de alguma atividade, seja uma festa, seja um passeio qualquer, ou até mesmo uma saída fotográfica, hobby do qual gosto muito. Este hobby me permitiu explorar um pouco mais a cidade, andar por lugares que não andaria normalmente. Mesmo assim, ainda sinto que conheço muito pouco de Fortaleza. Vez ou outra me perco pelas ruas e quem me socorre é o velho e bom GPS. Nesses momentos, a impressão que tenho é que ao sair da minha “bolha” me torno um turista na minha própria cidade.

No fim das contas, para mim, Fortaleza é como aquela pessoa com a qual você convive todos os dias, mas que não conhece tão bem quanto poderia conhecer. Quem sabe um dia isso mude, e eu possa fortalecer os lanços com a cidade, entende-la melhor e aproveitar mais do que ela pode me oferecer.

Por Germano R.

Minha moradia


FOTO : Fernanda Kelly

 Apesar de morar na cidade de Caucaia eu nasci e cresci em fortaleza e ela ainda vive em mim. Lugar de diversidade, cores e vibes positivas, Fortaleza é essa mistura que a gente faz, um pouquinho dali e outro daqui fazem desse lugar um local mágico.
 
Cheia de frases e mensagens por onde passa Fortaleza se comunica com seus moradores, ela entende cada um, e mesmo com tantos buracos feitos nela, ela ainda resiste, ainda amanhece linda, ainda abraça o povo, com sua gentileza, com todo seu amor que oferece.
 
Fortaleza para mim é lugar de se viver, de ser livre, e mesmo não morando nela, ela mora em mim, faz moradia todo dia, por onde eu passar, por cada frase lida nas paredes, por cada manifestação exposta no Benfica, pela exposição de arte de rua no dragão do mar, por cada arte de dança, na música regional, no artesanato.

A minha Fortaleza é amor, é forte, é resistente, é a força de mostrar que ainda tem muita coisa boa a ser descoberta. 

Texto por: Fernanda Kelly da Silva Oliveira. 

Minhas casas



Foto: "Eva" Acidum Project



   Minha cidade de Fortaleza é de cantos tão exóticos, pois eu nunca fiquei parado em um só canto aqui.
   Minha infância bom, a doce, ou particularmente falando, um pouco amarga, foi concebida no Conjunto Ceará, um bairro tão grande, mas tão pequeno ao mesmo tempo. As pessoas se encontravam e desencontravam, amavam e odiavam em cada rua que era passada. Era (não vivo mais lá) um bairro onde as pessoas se comunicavam, eu sentia como se fosse um pequeno interior dentro de uma capital.
 A avenida central e o polo eram o ponto de encontro das pessoas, se elas já se conheciam por ruas, lá era quase um casamento com várias pessoas do mesmo bairro. Bom, eu diria que o Conjunto Ceará era uma casa grande com a sua família que viviam todos os dias juntos.
    Me mudei de lá e me encontrei em outro bairro, o Antônio Bezerra, que diria que era um pouco diferente do antigo que eu morava. Eu não senti um acolhimento ou uma raiva pelas pessoas, mas não me senti inserido, até hoje, não completamente.
Acredito que o que pesou muito foi o meu crescimento dentro do meu atual apartamento, com o bairro (adolescente é um fogo sem fim...) eram aquelas velhas crises existenciais que um(a) jovem passa pela vida, então infelizmente, não tive total contato com meu atual bairro nesse tempo. Porém, de acordo com que ia crescendo, eu comecei a enxergar como o Antônio Bezerra é rico de diversidade de pessoas, eu nunca imaginei que ali competiria com o Benfica, em questões de diversidade de pessoas, eram vários "Andersons" adolescente encontrados em um local só. Aqui não irei abranger, por completo o bairro, mas sim minha rua, que é estranho, pois eu nunca vi cantos ficar aberto depois da 22:00 e ainda se sentirem felizes, detalhe importante: abertos no dia da semana. Aos poucos, me senti bastante acolhido, por mais que não trocasse apenas pequenas palavras como "bom dia", "boa noite", "como você vai?", pois eu vi ali que as pessoas (por sua diversidade), não faria um bastante mal. Esse parágrafo me lembrou um tanto de quantas vezes já cheguei tarde em casa e vi pessoas na rua conversando.
   Esse terceiro bairro, é onde eu moro todas as sextas-feiras, praticamente, eis aqui o famoso Benfica. Não sei como posso descrevê-lo de tão maravilhoso e tão acolhedor o bairro é. Até chegar aos meus 18 anos, eu não entendia a importância dele, para amigos mais velhos que estudam na UFC, mas depois que passei pela minha transição de menor para pessoa maior e "responsável", passei a conviver bastante com a sintonia do bairro. Eu imagino, o Benfica como uma música perfeita para os ouvidos, pois ali encontramos a melodia nos cantos da UFC, bares e até mesmo o shopping, e as rimas são as pessoas, pois são várias e cada uma possuem um significado importante para representar o que quer passar através dos ouvidos. Eu até faria uma música, se eu soubesse ao menos compor ou tocar um violão, até porque cantar, mesmo sendo ruim, a gente expressa o que sente. 
   Por fim, eu diria que é a minha casa (como pode ver eu possuo várias propriedades), o campus do Pici/Unifor, pego esse ônibus todos os dias e eu não sei explicar exatamente, como eu me sinto vivendo dentro deles todos dias, as vezes é solitário, pelas pessoas não se comunicarem e às vezes solidário, de ajudar aquelas pessoas com bolsas enormes que carregam para seus trabalhos e faculdades. Acredito que uma das maiores qualidades daqui é o Wi-fi (me desculpe a superficialidade da coisa, mas é uma verdade), porém a maior de todas a qualidade daqui, é quanto de lugares que eu conheço por Fortaleza, e conheço todos os dias, pois a cada olhar é uma descoberta nova. Desde o Pici, até Unifor, vivo uma euforia silenciosa e interna com os meus fones, meus olhos atento às pessoas que se encontram e aos lugares que eu conheço todos os dias. É lindo, é estranho e ao mesmo tempo puro.
   Diante dessa minha mediação sobre os cantos da minha vida em Fortaleza, a única coisa que eu tenho a expressar por fim é que essa cidade é um pequeno tão grande diante dos seus detalhes, é igual e tão diferente nas suas pessoas, nos seus olhares, aqui é encontrado tudo para você e desacreditado ao mesmo tempo, é um mar de emoções intensas e únicas pela sua cultura tão afetante. Minha Fortaleza é poderosa pela nossa força e carismática pelo nosso amor que aqui é encontrada sempre a luz mesmo quando estiver "avechado". 

Texto por: Anderson Cavalcante Pires

PELO BURACO DO POSTE


FOTO: Eduardo Trovão

     É como se ela tivesse apenas cinco anos; pelo menos pra mim. É como se ainda tivesse muito mais a ser explorada, como se ainda tivesse espaço pra crescer além de um buraco no poste. Não deixa de ser verdade, afinal, quem caminha pelas ruas dela vê construções que entregam o crescimento real e físico da cidade. Mas não é ela que tem cinco anos. Eu tenho; pelo menos para ela. Fortaleza vai completar 291 anos no próximo dia 13 de abril. Eu é que ainda tenho que descobrir lugares, ruas e pessoa que estão aqui desde antes do meu nascimento. Faz cinco anos que me tornei mais forte ao trocar o Rio de Janeiro por Fortaleza.
     A foto é da fachada do estádio Presidente Vargas, no benfica, feita em 2011. Nesse época eu ainda não era nascido. Não aqui. Nasci um ano depois. Não tive tempo de crescer para poder ser grande. Esse buraco no poste virou um rombo em poucos dias - não no poste, esse continua intacto cinco anos depois -, mas sem que se tornasse um estrago, apenas um mar de oportunidades. Vindo de lá para cá recebi olhares esperançosos, como se as pessoas me qualificassem pelo simples fato de ter tido uma vida anterior a essa, vivida no sudeste brasileiro. Não, isso não existe. Recebi olhares - e ainda recebo - duvidosos, de pessoas que insistem em ter a certeza que vir de lá pra cá foi uma tática pensada, uma forma de impor uma sabedoria supostamente maior pelo simples fato de ter tido uma vida anterior a essa, vivida no sudeste brasileiro. Não, isso não existe.
     Cinco anos, na verdade, temos nós. Nossa relação. Meu olhar pra essa cidade ainda é de criança e vice-versa. Assim a gente se ajuda e se atrapalha. Assim percebe e é percebido; bebe o caos presente em qualquer cidade grande, de qualquer capital, mas não tem ressaca. Quase não fica tonto. Incrível como Fortaleza pode ser calma, serena, silenciosa, vazia, tranquila e capital. E perigosa. E barulhenta. E fraca. E uma fortaleza. Muito além da luz de um poste, aqui a cidade que é luz. Aqui se vê de tudo, muito além de um buraco no poste.

domingo, 9 de abril de 2017

Fortaleza que fazemos


                                                  Foto: Google - Beira mar de Fortaleza

  Admito que não é tão simples dizer com palavras precisas ou com definições absolutas quem é a minha Fortaleza. Essa cidade, que tanto muda e só se transforma acaba, todos os dias, tendo um significado diferente pra mim. Nada é como antes e tudo passa a ter um novo sentido. Novas pessoas, novas oportunidades, novos começos e novos fins.

   Esse lugar, que é tão lindo, tão iluminado, tão acolhedor, me traz sim a esperança de um dia poder viver dias melhores . O potencial que cada pessoa traz consigo, a vontade por mudanças, o querer fazer, o abraço amigo, o amparo obtido... tudo isso me faz acreditar que novas coisas estão por vir. Meu olhar com expectativa alimenta minha fé de que poderemos, todos nós, vivenciarmos o respeito e a reciprocidade. Sei que somos capazes disso.

   Não gosto da palavra utopia porque ela nos distancia das coisas, de sonhos. Prefiro sempre pensar no lado bom das coisas, por isso não podia ser diferente com o lugar no qual vivemos. Sei que nada acontece do dia pra noite, claro, mas acredito no processo, na sede por mudança. Ainda há possibilidades pra Fortaleza. Acredite nisso.

Por: Ivna Nunes

A muralha

                                                                      Foto: José Mesquita

Fortaleza se ergue para mim em 1991, na Cidade dos funcionários, um bairro residencial, que tinha como seu principal atrativo o Lago Jacarey. Era considerado um local pacato, mas logo descobrimos que nossa fortaleza não era tão segura assim. Após uma invasão e furto de pertences da nossa morada, demos início a uma diáspora para outro território da capital, este com muros mais altos e fortificados.
Há 20 anos fincamos nossas raízes em mais um bairro que julgávamos ser pacato, mas acho que poderíamos vagar tanto quanto os hebreus em busca da terra prometida e jamais iríamos encontrar, a desigualdade não permite, nós com nossos muros altos, fortalezas dentro de Fortaleza não permitimos. Pois bem, nosso novo velho lar se chama Guararapes, ou não, acho que decidiram homenagear um grande empresário e decidiram mudar o nome do bairro, homenagem essa que faz sentido, uma vez que o bairro está em um processo de verticalização que faria inveja as cidades medievais com seus muros protetores. Outra ironia do destino é a nossa orla, que também recebeu um vasta muralha em sua “área nobre”, acho que as empreiteiras quiseram homenagear o forte que deu origem a capital cearense e acabaram se empolgando demais, impedindo até o vento de passar, isso, até ele foi barrado.
Não lembro de muitas brincadeiras nas ruas quando mais novo, isso só era mais praticado nas viagens para o interior. Hoje sair para andar na rua e voltar inteiro é um ato que muitos comemoram. Triste. Se a desigualdade já impera na fortaleza, os muros altos só contribuem mais e mais para o seu aumento, aqui os espaços fechados são abertos e os espaços abertos são fechados. Temos que ocupar.

Por: Italo Oliveira

É Quente

Sair de casa à tarde é sempre uma tormenta. Peço carona à minha mãe e ela diz: Tu vai sair nesse sol? A vida de estudante é osso. Ás 15:34, já dentro do ônibus, o termômetro marca 30°C. "30°C com sensação de 50 nesse inferno, se pelo menos eu tivesse um carro... Não dá pra manter dois carros com a gasolina custando quase quatro reais. Vai de busão sim!"
Pegar ônibus nessa cidade tem seus charmes, mais ainda quando você consegue um lugar no lado da janela. Ver as paredes pichadas, as calçadas quebradas, cheias de mato e enfeitadas de lixo espalhado. Ah, tudo isso é tão bucólico! Só que não. A vida aqui não é só praia e sombra. Fortaleza não gira em torno das sereias da Praia de Iracema nem dos boêmios do circuito Dragão-Passeio Público.
Bem vindos à terra de poeta que vive e morre nas ruas, dos terminais da Messejana, Lagoa, Siqueira e Parangaba, da interminável construção do metrô; a terra da Dandara, do roubo ao Banco Central e dos prédios antigos que serão derrubados para dar lugar a arranha-céus. Fortaleza é linda, é só prestar atenção.

Por Tayane Matos



Foto: Tayane Matos

quarta-feira, 5 de abril de 2017

Eu me faço Fortaleza.



O Barba Azul - Poço da Draga - Havaizinho. (Ponte)
Foto: Bárbara Soares.
  Eu viajo, em espaços, eu me perco, eu me acho. Nas ruas, nas calçadas, nas vias, nas esquinas, praças, praias, nas pontes, nos morros, nos extremos, no centro. De ônibus, a pé, de carro, de bike, na garupa. Observando, devaneando, fotografando, cantarolando, conversando, escutando. Fortaleza acaba deixando de ser apenas um espaço arquitetônico, social, cultural, vai além.
     Ocupar faz parte do meu vocabulário desde que me dei conta que a cidade abriga ao mesmo tempo que me domina, em forma de pessoas, de sistema, de informação ou solidão. O ocupar contradiz, mas se faz por perto, com afeto, coletividade, amor, preenchimento, ação e reação. Fazer parte da cidade assim como ela faz parte de mim. Ser cidade. Fugir da rotina combina com a brisa de Fortaleza, estimula o novo observável aos olhos, mas que traduzindo em corpos, os sentimentos acabam tomando conta de acordo com que as vivências tomam conta também.      
      Há horas que me sinto acolhida, há horas me acalento, há horas que a marginalização do todo capital me faz sofrer junto e sinto a vontade de cuidar como mãe. Fortaleza é mãe, como uma boa mãe, com seus anjos e demônios, com suas fúrias ou luzes radiantes e reluzentes, se transforma à medida em que me transformo. Eu faço Fortaleza e Fortaleza me faz, e refaz, constrói e desconstrói, todos os dias, mutável.


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