FOTO: Eduardo Trovão
É como se ela tivesse apenas cinco anos; pelo menos pra mim. É como se ainda tivesse muito mais a ser explorada, como se ainda tivesse espaço pra crescer além de um buraco no poste. Não deixa de ser verdade, afinal, quem caminha pelas ruas dela vê construções que entregam o crescimento real e físico da cidade. Mas não é ela que tem cinco anos. Eu tenho; pelo menos para ela. Fortaleza vai completar 291 anos no próximo dia 13 de abril. Eu é que ainda tenho que descobrir lugares, ruas e pessoa que estão aqui desde antes do meu nascimento. Faz cinco anos que me tornei mais forte ao trocar o Rio de Janeiro por Fortaleza.
A foto é da fachada do estádio Presidente Vargas, no benfica, feita em 2011. Nesse época eu ainda não era nascido. Não aqui. Nasci um ano depois. Não tive tempo de crescer para poder ser grande. Esse buraco no poste virou um rombo em poucos dias - não no poste, esse continua intacto cinco anos depois -, mas sem que se tornasse um estrago, apenas um mar de oportunidades. Vindo de lá para cá recebi olhares esperançosos, como se as pessoas me qualificassem pelo simples fato de ter tido uma vida anterior a essa, vivida no sudeste brasileiro. Não, isso não existe. Recebi olhares - e ainda recebo - duvidosos, de pessoas que insistem em ter a certeza que vir de lá pra cá foi uma tática pensada, uma forma de impor uma sabedoria supostamente maior pelo simples fato de ter tido uma vida anterior a essa, vivida no sudeste brasileiro. Não, isso não existe.
Cinco anos, na verdade, temos nós. Nossa relação. Meu olhar pra essa cidade ainda é de criança e vice-versa. Assim a gente se ajuda e se atrapalha. Assim percebe e é percebido; bebe o caos presente em qualquer cidade grande, de qualquer capital, mas não tem ressaca. Quase não fica tonto. Incrível como Fortaleza pode ser calma, serena, silenciosa, vazia, tranquila e capital. E perigosa. E barulhenta. E fraca. E uma fortaleza. Muito além da luz de um poste, aqui a cidade que é luz. Aqui se vê de tudo, muito além de um buraco no poste.
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