Foto tirada pelo celular. |
Fortaleza pra mim tem várias faces, que foram se revelando conforme eu crescia e melhor a conhecia. Comecei a ter minha percepção de cidade como uma com identidade ambígua, pois até hoje tenho dúvidas se devo chamar meu bairro de Parque Dois Irmãos ou de Planalto Itaperi, sendo um o nome oficial e o outro o nome utilizado de verdade, na boca do povo ou nomes de comércios locais, logo quando preciso anotar meu endereço, para garantir, coloco ambos.
Foi essa identidade controversa que logo tornou uma infância brincando na rua, onde aproveitei muito com as outras crianças, em uma logo descoberta de uma nova face da cidade, que seria o medo. Aos sete anos estava brincando no quintal, quando um garoto encostou na grade de minha casa, pedindo para brincar com a lupa que eu estava na mão, ao emprestar, ele saiu correndo, e foi nesse dia que descobri que meu bairro era um lugar perigoso. Hoje no lugar das grades há muros.
Hoje permeio entre os espaços urbanos conhecendo os locais seguros e os não, tentando aproveitar as pequenas liberdades que a cidade promove, sendo elas a maioria de caráter não planejadas ou intencionais. E apesar de ainda ter que olhar para os dois lados toda vez que preciso abrir a porta, vejo como minha realidade é apenas uma parcela das possibilidades da cidade.
por Lucas Esmeraldo
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