Foto: José Mesquita
Fortaleza
se ergue para mim em 1991, na Cidade dos funcionários, um bairro residencial,
que tinha como seu principal atrativo o Lago Jacarey. Era considerado um local pacato,
mas logo descobrimos que nossa fortaleza não era tão segura assim. Após uma
invasão e furto de pertences da nossa morada, demos início a uma diáspora para
outro território da capital, este com muros mais altos e fortificados.
Há 20 anos fincamos nossas raízes em mais um bairro que julgávamos ser pacato,
mas acho que poderíamos vagar tanto quanto os hebreus em busca da terra
prometida e jamais iríamos encontrar, a desigualdade não permite, nós com
nossos muros altos, fortalezas dentro de Fortaleza não permitimos. Pois bem,
nosso novo velho lar se chama Guararapes, ou não, acho que decidiram homenagear
um grande empresário e decidiram mudar o nome do bairro, homenagem essa que faz
sentido, uma vez que o bairro está em um processo de verticalização que faria
inveja as cidades medievais com seus muros protetores. Outra ironia do destino
é a nossa orla, que também recebeu um vasta muralha em sua “área nobre”, acho
que as empreiteiras quiseram homenagear o forte que deu origem a capital
cearense e acabaram se empolgando demais, impedindo até o vento de passar,
isso, até ele foi barrado.
Não lembro de muitas brincadeiras nas ruas quando mais novo, isso só era mais
praticado nas viagens para o interior. Hoje sair para andar na rua e voltar
inteiro é um ato que muitos comemoram. Triste. Se a desigualdade já impera na
fortaleza, os muros altos só contribuem mais e mais para o seu aumento, aqui os
espaços fechados são abertos e os espaços abertos são fechados. Temos que
ocupar.
Por: Italo Oliveira
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