quarta-feira, 5 de abril de 2017

Eu me faço Fortaleza.



O Barba Azul - Poço da Draga - Havaizinho. (Ponte)
Foto: Bárbara Soares.
  Eu viajo, em espaços, eu me perco, eu me acho. Nas ruas, nas calçadas, nas vias, nas esquinas, praças, praias, nas pontes, nos morros, nos extremos, no centro. De ônibus, a pé, de carro, de bike, na garupa. Observando, devaneando, fotografando, cantarolando, conversando, escutando. Fortaleza acaba deixando de ser apenas um espaço arquitetônico, social, cultural, vai além.
     Ocupar faz parte do meu vocabulário desde que me dei conta que a cidade abriga ao mesmo tempo que me domina, em forma de pessoas, de sistema, de informação ou solidão. O ocupar contradiz, mas se faz por perto, com afeto, coletividade, amor, preenchimento, ação e reação. Fazer parte da cidade assim como ela faz parte de mim. Ser cidade. Fugir da rotina combina com a brisa de Fortaleza, estimula o novo observável aos olhos, mas que traduzindo em corpos, os sentimentos acabam tomando conta de acordo com que as vivências tomam conta também.      
      Há horas que me sinto acolhida, há horas me acalento, há horas que a marginalização do todo capital me faz sofrer junto e sinto a vontade de cuidar como mãe. Fortaleza é mãe, como uma boa mãe, com seus anjos e demônios, com suas fúrias ou luzes radiantes e reluzentes, se transforma à medida em que me transformo. Eu faço Fortaleza e Fortaleza me faz, e refaz, constrói e desconstrói, todos os dias, mutável.


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