terça-feira, 12 de março de 2013

Martin, Marina e Buenos Aires.


       Martin, designer preso a seu próprio mundo, atento às transformações sociais de sua cidade, crítico ao extremo do modo de vida moderno, mas, vejam vocês, extremamente dependente da “vida virtual” e suas maravilhas.  Mariana, arquiteta frustrada com quase tudo na vida também é crítica, analisa o mundo por um lado bem particular que mistura arquitetura e decepções amorosas e sexuais. Martin segue seus instintos masculinos e tenta o mínimo de contato social, já Mariana é menos sociável.


“A realização mais importante da proximidade virtual parece ser a separação entre comunicação e relacionamento. Estar conectado é menos custoso do que estar engajado".


 Duas pessoas presas a solidão em Buenos Aires, duas pessoas quase iguais. Vivem na mesma quadra, em apartamentos um de frente para o outros, mas nunca se encontraram. São quase complementares. Ela sobe as escadas, ele desce a escada, ele entra no ônibus, ela desce do ônibus. Eles se cruzam sem saber da existência um do outro. A cidade que os coloca juntos é a mesma que os separa.



domingo, 10 de março de 2013

Qual é, você tá me trollando?

Antes de começar, vale explicar o que é um "troll":

Troll é uma gíria da internet que designa uma pessoa cujo comportamento tende a desestabilizar uma discussão, provocar e enfurecer as pessoas envolvidas nelas. O termo ficou conhecido através da Usernet, derivado da expressão trolling for suckers (lançando a isca para os trouxas), identificado e atribuído aos causadores das sistemáticas flamewars.
                                               Esse é o Troll Face, utilizado nas várias brincadeiras.

"Trollar" é o ato realizado pelo troll. Nele, a pessoa pode escolher de que forma vai "zoar" com os seus amigos (ou não amigos). Isso pode acontecer através de uma brincadeira no Facebook ou no Twitter, de um vídeo no YouTube e de várias outras formas. Troll/trollar apareceu pela primeira vez nos anos 80, no The New York Times. Graças a isso, este ato se propagou até os dias de hoje. 

A imagem do troll, criada pelo usuário Whynne, lembra o rosto do troll após alcançar o seu objetivo. O desenho acabou virando um meme e dando maior repercussão e popularidade as expressões Troll/Trollar. Mas pra quem pensa que o ato de trollar acontece só nas redes sociais, se engana completamente. Existem sites que são cheios de "piadas troll" para pegar os amigos, como o "9GAG" (http://9gag.com) ou o Tumblr "Como Eu Me Sinto Quando" (http://comoeumesintoquando.tumblr.com/)

Um exemplo de "troll" muito comum hoje em dia são as operadoras de celular. A piada mais comum ocorre com a empresa TIM, que derruba as ligações de seus clientes. Devido as várias falhas da operadora, os clientes se sentem um pouco trollados pela mesma. Recentemente, os humoristas do canal Galo Frito fizeram um vídeo bem humorado brincando com a empresa. Curtam o vídeo e, cuidado com os trolls espalhados pela internet. 


quinta-feira, 7 de março de 2013

Uma parede sem janelas

Não consigo me lembrar a última vez que estive em um restaurante, comendo e jogando conversa fora com velhos amigos. A meses não tenho uma tarde relaxante com a minha família. A rotina puxada de estudos, trabalho, cursos e academia acabam me deixando completamente exausta e sem vontade de fazer outras atividades. Mas, quando quero matar as saudades de um amigo que a muito não vejo ou apenas dizer que: "mesmo tão sumida, continuo aqui", utilizo as minhas redes sociais.

É incrível a forma como a tecnologia entrou em nossas vidas. Existem Tablets, iPhone, notebook... Algumas formas que encontramos para facilitar a comunicação entre amigos (ou apenas conhecidos). Temos a oportunidade de encontrar pessoas novas e de refazer antigos laços. Podemos nos comunicar com pessoas que estão longe ou apenas deixar uma mensagem no Whatsapp. Mas, de que maneira essa facilidade pode interromper as relações face a face? De que forma a tecnologia (na qual a maioria de nós não vive sem), pode atrapalhar os laços afetivos?

Esse é um questionamento interessante feito por Gustavo Taretto, diretor do filme "Medianeras". Na trama, os personagens Martín e Mariana vivem na mesma cidade, moram no mesmo quarteirão e, mesmo assim, nunca se cruzaram (ou se perceberam). O filme tem várias ligações com as teorias aplicadas por Zygmunt Bauman no texto "Amor Líquido". Bem no começo, já encontramos um contexto que se encaixa perfeitamente na nossa sociedade e também, na realidade apresentada em "Medianeras".  Segundo o autor, quanto mais a qualidade dos vínculos que se formam decepcionam, mais as pessoas encontram a salvação na quantidade. Um exemplo disso é a quantidade de "amigos" que cada pessoa possui na sua rede social. E, quando a quantidade passa a valer mais que a qualidade, ocorre uma dupla sensação: você está rodeado de pessoas e, ainda assim, se sente só. As pessoas acabam por não acreditar mais em nenhum tipo de vínculo. Afinal, para Bauman, apostar todas as suas fichas em um único número é pura insensatez.
Outro meio de permanecer nessa "solidão" é estar sempre com o celular por perto. Se uma ligação for perdida ou uma mensagem não for respondida, nada acontece. A pessoa ainda possuí aquele aparelho e pode, se desejar, se comunicar com quem lhe der vontade. As conexões formadas são muitas e isso faz com que a pessoa se sinta segura, mesmo estando completamente só. Isso se torna muito comum em nossa sociedade. Já que não conseguimos manter vínculos estáveis, convivemos com um vinculo que não se sustenta... A pessoa está conectada com aquilo, jamais engajada. Agora, a proximidade virtual é que se tornou a proximidade real.


"Como encontrar o amor se não sei onde está?" Essa é uma questão levantada não só por Bauman e por Gustavo Taretto em Medianeras. Será mesmo que vale a pena nos entregarmos tanto as relações virtuais e quebrar os vínculos reais? Creio eu (na minha humilde opinião rsrs) que não. Relações virtuais valem apenas naquele momento, naquela específica situação. Vínculos reais, relações reais... Tudo isso acaba por valer muito mais a pena.
Se conecte mais aos bons momentos (reais) que você tem pra viver:



terça-feira, 5 de março de 2013

"Bem vindo à era das relações virtuais!"


Todos os prédios tem um lado inútil. Não servem para nada, não dá para a frente nem para o fundo. "A medianera": são as superfícies que nos dividem e lembram a passagem do tempo. Mostram nosso lado mais miserável, refletem a inconstância, as rachaduras, as soluções provisórias. É a sujeira que escondemos debaixo do tapete e só lembramos às vezes. Quando submetidas ao rigor do tempo, elas aparecem através de anúncios. 



     Sim, Mariana conseguiu 'al fin' encontrar o seu tão procurado Wally da cidade (Martin). Como muitas pessoas passam suas vidas à procura do seu amor verdadeiro, aquele que vai durar a vida inteira - aos românticos de plantão como eu - é praticamente uma missão de vida. Tão perto e tão longe ao mesmo tempo, os personagens tem corações partidos, gostos musicais e comportamentos parecidos, que ao longo do filme aparentam acontecer ao mesmo tempo. Vivem sozinhos em prédios vizinhos, se esbarraram pessoalmente algumas vezes mas ainda estranhos um para o outro, porém o acaso os faz se aproximar primeiro por meio de um site de relacionamento, e a dar o 'start' que queriam, mesmo sem se conhecerem de fato.


   
     A proximidade não exige mais a convivência física, e a convivência física não determina mais a proximidade, segundo Bauman. No nosso mundo moderno, muitas vezes temos mais segurança de conhecermos as pessoas pela internet, sentimo-nos mais à vontade de sermos nós mesmos, de contar nosso dia a dia e até nossos segredos para "estranhos", que em pouco tempo não serão mais estranhos, ao menos não no âmbito virtual. Parece que gostamos de viver separadamente, mas lado a lado, mantendo aquela distância de segurança. É, pode nos prevenir dos riscos do mundo real, mas qual a graça nisso? Você nunca vai saber se nunca se arriscar, isso sim é viver.


     
   

A Rede

Martin e Mariana.
Os rostos, dele e dela, mostravam-se ao mesmo tempo ligados e desconectados deste mundo. Perdidos, seus olhares - ironicamente - estavam sempre mapeados de luzes absurdamente coloridas de ecrã.
Aquele, não dormia bem nunca. Aquela, não vivia bem jamais.

Ao menos que você esteja lendo este texto em algum tempo remoto do século passado ou data anterior (se sim, consulte 'ecrã' no Google), é bastante provável que tenha-se identificado com a história central de Medianeras, resenha do diretor argentino Gustavo Taretto sobre os relacionamentos e fobias modernas.
De fato, o romance desenvolvido - lentamente - entre Mariana e Martin se parece em muito com a vida de qualquer um de nós, jovens do século XXI. Já virou clichê em jantares de família - daqueles chatos, com gente chata, sem comidas bonitas e oportunidades de fotos para o Instagram - dizer que a internet tem promovido, como nunca, a comunicação, que é incrível como tem aproximado pessoas distantes geograficamente, mas também é culpada (pobre internet) por distanciar as pessoas mais próximas. Já virou clichê, mas é rigorosamente o que está acontecendo. E não sou eu quem está dizendo.
Zigmund Bauman também afirma que "a realização mais importante da proximidade virtual parece ser a separação entre comunicação e relacionamento. Estar conectado é menos custoso do que estar engajado".
A grande questão parece ser a seguinte: o jovem procura a internet para fugir do meio? Ou tem medo do meio por usar a internet em demasia? Medianeras não responde, necessariamente, essa questão. Mas deixa claro, ao menos em minha visão, que:

  1. o retrato do nosso presente parece aterrador;
  2. Bauman não tem Facebook;
  3. a comunicação moderna mais parece cumprir o papel de separar do que o de unir.

e em aberto, algumas outras questões:

  1. será que o processo em que nos metemos nessa rede e paramos de viver o mundo real é irreversível?
  2. se Bauman tivesse Facebook, atualizaria seu status de relacionamento?
  3. estamos sozinhos na multidão, mas nos colocamos deliberadamente nessa situação ou desejamos, no fundo, nos relacionar?
Eu acredito que desejamos, sim. E você?
Responde por whatsapp.




A Vida ou o Isolamento?!

Bauman em seu texto "Amor Líquido" fala bastante sobre o isolamento, como muitas pessoas estão cada vez mais com pouca autoconfiança, sentimento de autoproteção e autoadestramento. (palavras do texto), apegando-se à velhas rotinas, temendo o novo, o contato pessoal, já pensando na possível decepção. 

Com isso, acabam optando pela mais nova forma de vida, a virtual, que tende a oferecer mais segurança, discrição e distanciamento. Conversas, encontros, romances, relacionamentos, brigas e qualquer outra forma de interação, tudo pelo computador, ou pelo celular, seja qual for o mecanismo, mas sempre de forma online.  No filme, "Medianeras" (Buenos Aires da Era do Amor Virtual), destacamos esses aspectos sitados por Bauman, os personagens principais vivem universos individuais de isolamento, possuem medo de viver novos relacionamentos, devidos decepções antigas, estranham o novo e vivem uma rotina diária. Quando enfim aceitam uma comunicação com o próximo, essa ocorre através do bate-papo na internet, mas não pessoalmente. 

Compreendemos que a vida virtual oferece de fato uma segurança maior para quem teme o "mundo real", mas o convívio pessoal é inevitável. Para se estar vivo, necessita-se errar, aprender, conhecer, respirar, sem medo das consequências que isso possa causar. (Momento filosofia

Ao término do filme há a quebra do paradigma, enfim eles conseguem se encontrar, é a representação de que eles buscavam algo, mas que devido aos seus medos não conseguiam encontrar, depois da sua "libertação" encontram a vida, se encontram e encontram o amor. ♥  





O Medo, O destino e o Virtual.


Medianeras conta com bom humor, uma história que pode ser real ou que talvez ja seja. Quem nunca ficou deprimido com o fim de relacionamento? Quem nunca teve medos e por causa deles resolveu se afastar um pouco da realidade (no caso de Martin, esse "um pouco" se tornou muito.)? Martín e Mariana formam um casal mais normal do que nós imaginamos. Moram próximos mas nunca se viram, vivem de maneiras iguais - isolados- , com receios iguais porém com dramas diferentes. Martín tem fobia, Mariana saiu de um relacionamento de anos e agora sua cabeça é uma confusão tão grande quanto seu apartamento.

 "Medo de gente", medo da sociedade, medo do convívio, esses "medos" tornam a vida virtual mais simples, uma forma de se camuflar, pois alí você pode ser quem você quiser. Bauman explica que as relações virtuais são menos intensas, tem menos riscos de dar errado e  são muito mais objetivas. E foi assim que Mariana e Martín se conheceram, através de chat na internet, sem saber que moram próximos.


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Na visão de Martin, a cidade e sua arquitetura também fazem com  que haja um afastamento das pessoas que nela vivem. Para que eles se encontrem, o medo dos dois terá que ser superado, principalmente o dela, que tem fobia de elevadores. Mas o destino prega uma peça, e sem marcarem nada, eles se encontram, pois Martín está vestido de Wally, o livro favorito de Mariana e assim, começa um relacionamento antes julgado impossível ou sem fundamento, mas que pode ser a realidade de muita gente, realidade que nem imaginamos que possa existir de fato. 


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Onde está o Wally?



O filme Medianeras aborda a busca do indivíduo pós-moderno pela alma gêmea, numa realidade em que as relações pessoais se tornaram cada vez mais rasas e frouxas.

Com a mesma rapidez com que iniciamos uma relação com alguém, com apenas um toque numa tela podemos descartar. Nessa busca constante, muitas vezes inconsciente, somos ensinados a direcionar a potência sexual nas atividades culturais do dia-a-dia, como o trabalho e estudo. Porém, atualmente, a maioria das atividades sexuais são permitidas socialmente, tornando o indivíduo livre para direcionar sua potência produtora muito mais para a vida sexual, caso queira. É o que acontece com Martin, personagem do filme em questão, que faz do virtual o real, e além de "fazer sexo pela internet" (como ele diz), o personagem busca nas ferramentas de comunicação virtual uma companheira, assim como Mariana, que além de participar de encontros românticos, acaba procurando na internet sua alma gêmea, metaforizada como Wally, personagem de livro de ilustração que se esconde em meio à multidão. Essa é uma realidade muito diferente da sociedade antiga, como podemos observar no texto "Amores Líquidos" de Bauman:

"Parece que o elo entre a sublimação do instinto sexual e sua repressão, que Freud considerava
condição indispensável de qualquer arranjo social disciplinado, foi rompido. A líquida sociedade moderna descobriu uma forma de explorar a propensão/ receptividade humana a sublimar os instintos sexuais sem recorrer à repressão, ou pelo menos limitando-a radicalmente. Isso aconteceu graças à progressiva desregulação do processo sublimatório, agora difuso e disperso, o tempo todo mudando de direção e guiado pela sedução dos objetos de desejo sexual em oferta, e não por quaisquer pressões coercitivas."

Essa nova realidade é também vista quando o filme aborda a relação entre Martin e a garota contratada por ele para andar com seu cachorro. Os dois estabelecem entre si uma relação superficial de total interesse sexual. As relações superficiais e suas possibilidades de quantidade e rapidez de mudana funcionam como uma válvula de escape para os decepcionados com a qualidade.

O computador e o celular são abrigos para não se encarar a multidão real, e o espaço virtual fica superpovoado de pessoas que não querem encarar a vida real, e que buscam relações da forma mais fácil e rápida possível. O ser humano está sempre em busca de algo ou alguém que lhe passe a sensação de completude, e ao longo do tempo, mudanças sociais acontecem, plataformas mudam, mas no final todos queremos a mesma coisa: Achar o Wally.



Sobre relacionamentos na Era da Tecnologia

Esses dias estava sentada em uma livraria tomando meu café expresso, e entre um gole e outro parei para observar um casal que estava sentado na mesa ao lado. Estava diante de uma cena comum e característica dos novos tempos: um casal convivendo estupidamente calado, cujos corpos estavam presentes e as mentes certamente mergulhadas no infinito universo dos smartphones.
No texto Amor líquido, Baulman diz que "a relação mais importante da proximidade virtual parece ser a separação entre comunicação e relacionamento" somos responsáveis por acharmos que 140 caracteres são suficientes para acelerar o coração de alguém, somos autores diários desses amores sem texto e sem gosto, que se alimentam do toque de teclas, e não de lábios.
Vimos como exemplo no filme Medianeiras, uma cena em que o Martin ao encontrar com a moça dos cachorros, eles se relacionam sexualmente, mas não trocam palavras e idéias, não tem um diálogo. Não é a toa que quando eles vão ao segundo encontro eles não conseguem conversar, só escutam música e esperam o tempo passar.
O texto e o filme mostram pra gente o quanto as relações andam superficiais, andamos rápido, de cabeça baixa, cada um no seu mundo particular, e estamos deixando o afeto passar com facilidade. Não acho que devemos deixar a tecnologia de lado, mas uma coisa eu digo: nem o maior dos cientistas será capaz de descartar a mistura de dois corpos quando o intuito é o contato real. Prestem atenção gente, talvez vocês não estejam percebendo o quanto as plataformas tecnológicas feitas para aproximar esteja distanciando a sua pele da dele(a).


Solidão por opção. Será?

O filme Medianeras, de 2011, mostra situações de 2 protagonistas e de uma personagem coadjuvante que nós nem poderíamos imaginar que existisse com tanta intensidade. Existe mesmo gente que vive trancada em casa, presa ao passado ou a um mundo imaginário? E a efemeridade ou objetividade das relações? Existe sim e todos passam por isso de diferentes formas.

Certamente todos já passamos por um momento de solidão por um término de namoro ou descrença na sociedade, já fizemos algo por pura vontade de satisfazer as vontades e não criar compromissos e, é claro, usamos do celular e da internet para socializar porque é muito mais fácil do que olhar nos olhos do outro. Sem generalização, pois cada um tem sua personalidade e seu estilo de vida, mas a sociedade está cada vez mais conectada e cada vez mais adepta do "a tecnologia aproxima as pessoas mas afasta a presença física".
Podemos dizer que ficou mais fácil ser só, já que temos outras janelas para o mundo. Mas será que isso basta? Solidão traz alguns problemas para a vida, até mesmo de saúde. Bauman fala que as relações virtuais são menos intensas, tem menos riscos de dar errado e  são muito mais objetivas.

O enredo do filme tem seu ápice quando os 2 protagonistas, Martin e Mariana, que levam esse estilo de vida, começam a se conhecer por um chat na internet. Os dois tem alguns problemas que contribuiram para que eles fossem assim, como por exemplo, a tristeza de Martin de ter perdido a namorada, e os medos de Mariana, que não esconde que se sente "sozinha na multidão", que pode ser diretamente relacionada com "Amor Liquido" de Bauman. O que eles não sabem é que moram um ao lado do outro! Raramente saiam de casa, e quando saiam, não socializavam. Um outro exemplo é da coadjuvante "sem nome", uma mulher que passeia com cachorros e tem relações sexuais sem compromisso com Martin, e eles nem mesmo conversam. Ela tem uma namorada que só fala com ela por mensagens de celular.

A internet, de fato, gera um conhecimento de mais pessoas e os amigos virtuais estão cada vez mais presentes na nossa vida. "Conhecer muita gente" não é necessariamente ter amigos, e o número de amigos nas redes sociais têm contado mais que, de fato, as amizades verdadeiras e físicas. 

A música abaixo tem o refrão: "O teu amor pode estar do seu lado; O amor é o calor que aquece a alma"
Martin e Mariana estavam um ao lado do outro e quando se descobriram, puderam experimentar um pouco disso.






Quando a janela de um prédio encontra a outra.

Quem assistiu o filme Medianeras (2011) provavelmente se sentiu bem familiarizado com as dificuldades enfrentadas pelos protagonistas. Será que a palavra certa é mesmo "dificuldade"? Afinal, o mundo atual é cercado de tecnologias que prometem aproximar e terminam por distanciar, mas ninguém parece incomodado. O filme conta a história de Martín e Mariana, duas pessoas que moram muito perto um do outro, mas os seus relacionamentos se restringem a fracassadas tentativas, real e virtualmente.

A era da dependência virtual é também tema do livro de Zygmunt Bauman, entitulado "Amor Líquido". As semelhanças entre o livro e o filme são tão grandes que é possível ver trechos de Amor Líquido ganhando vida em Medianeras, por exemplo: A personagem Mariana, traumatizada com o relacionamento anterior, evita uma aproximação maior entre os seus interesses amorosos. No livro de Bauman, o autor  atinge exatamente nesse ponto - não podemos dar um abraço muito longo ou aprofundar nossas relações com outros porque é arriscado e, segundo ele, "apostar todas as suas fichas em um só numero é a máxima insensatez".

Para quem não vive sem o celular ou o computador porque acredita que está mantendo uma boa sociabilidade com seus amigos através desses aparelhos, deve pensar duas vezes. Dê uma conferida no seu estilo de vida e veja se você também é o protagonista desse filme.

Cada um no seu quadrado


Sabe aquela sensação de estar em uma sala lotada, mas mesmo assim, você sente que está sozinho? Estamos todos conectados, mas pouco nos comunicamos. O filme Medianeras é o reflexo da nossa sociedade, ele retrata a nossa historia através de dois personagens: Martin e Mariana.


Mariana e Martin vivem sozinhos num pequeno apartamento em Buenos Aires. São vizinhos de prédio, se encontram em vários momentos no filme, mas nunca se olharam. Cada um cego por sua solidão. Ambos vivem seus dilemas: Martin abandonado pela namorada e Mariana que namorou por um longo tempo uma pessoa, mas mesmo assim, sentia que estava sozinha em um relacionamento.

“Não se deixe apanhar. Evite abraços muito apertados. Lembre-se de que, quanto mais profundas e densas suas ligações, compromissos e engajamentos, maiores seus riscos, Bauman”. Talvez seja esse o motivo de Mariana e Martin sempre se manterem distantes de todos. Já haviam dado abraços muito apertados em pessoas que os magoaram, e se manter distante, talvez, fosse o melhor remédio.

O filme é maravilhoso, mas duas cenas me chamaram bastante a atenção. Primeiro : Martin contrata uma pessoa para passear com o seu cachorro, e começa explicar que o cachorro não gosta de contatos com outros animais. O engraçado é que ele esta falando dele mesmo.  A segunda cena: Martin sentado ao lado da garota (que eu não sei o nome) que passeia com os cães e simplesmente, ela não solta o celular por nada. O que  lembra muito uma frase do texto do Bauman: Com  tempo suficiente, os celulares treinariam os olhos a olhar sem ver. Ao ler essa frase, não recordo só de uma cena do filme, mas lembro de muitas cenas vivenciadas por nós. Estamos totalmente condicionados pelos nossos celulares. Não falamos olhando para um amigo, é mais comum mandar uma mensagem nos WhatsApp e evitar abraços muito apertados.


Tão longe e tão perto

O filme Medianeiras abre os olhos da sociedade e sua relações interpessoais. No início do filme, os dois personagens principais vão se apresentando intercaladamente, em um dos flashs, Martin diz que a internet, seu objeto de trabalho, o distanciou do mundo ao mesmo tempo que o aproximou e é sobre esta reflexão que o filme trabalha. À medida que a história vai surgindo, nós percebemos o quanto as relações "reais" estão futilizadas. Os personagens não valorizam o "corpo a corpo", as relações ao vivo. Por muitas vezes, o casal protagonista pôde se conhecer e iniciar sua relação, porém ambos, já imersos no mundo virtual e "particular", distanciam-se como se tivessem medo do que a vida guarda para eles. É como se seguissem ao pé da letra o conselho de Bauman: "Não se deixe apanhar. Evite abraços muito apertados. Lembre-se de que, quanto mais profundos e densas suas ligações, compromissos e engajamentos, maiores os seus riscos." Em resumo, a tecnologia nos aproximou do que estava longe e nos distanciou do que estava perto. Esta temática é inclusive discutida em algumas músicas, como o caso do Labo Bê, do Scracho: "Tudo se acelera na era da informação, as relações, os costumes, a alegria e a solidão. O tempo é mais curto, a distância é mais curta, porém muito se fala e pouco se escuta. É querer abraçar o mundo com o seu coração. Mas calma é o processo, o caminho, a depuração. De 6 bilhões de almas que aspiram por ela, na busca sublime que dá sentido à vida, ela tudo contém, mas em nada está contida." Segue o vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=eWStn8dD6PA

Como (não) se sentir próximo












O filme “Medianeras: Buenos Aires da Era do Amor Virtual” conta a história de dois jovens que sofrem com a solidão urbana em um mundo hiperconectado. Ele mostra uma nova realidade do século XXI: o refúgio no mundo virtual. Os dois jovens do filme se questionam continuamente sobre esse comportamento:

"Tantos quilômetros de cabo servem para nos unirmos ou para nos deixar em nosso lugar?" 

Os dois personagens se esbarram em vários cantos de Buenos Aires durante o filme, mas, muitas vezes, nem mesmo chegam a se ver. Segundo o sociólogo Bauman, em seu livro "Amor líquido", evitamos nos conectar no mundo real, pois quanto mais profundas e densas nossas ligações, maiores são os seus riscos. Com o mundo digital, Bauman afirma que:

"Cada conexão pode ter vida curta, mas seu excesso é indestrutível. Em meio à eternidade dessa rede imperecível, você pode se sentir seguro diante da fragilidade irreparável de cada conexão singular e transitória."


Em meio a tantos riscos no mundo real, melhor evitar fazer contatos nele, não é mesmo?













Certamente, as conexões no mundo virtual podem ser úteis, mas elas não podem ser consideradas as únicas de que precisamos. As conexões no mundo real, apesar da pressão e das dificuldades que existe em torno delas, são essenciais para que nos sintamos completos. 

O filme mostra bem como essas conexões virtuais não nos fazem se sentir completos. A lição que fica é a de que precisamos correr o risco de nos envolver no mundo real para que possamos ter o ganho de criarmos conexões verdadeiras.




Solidão na multidão

O filme Medianeras aborda a vida solitária de um casal na cidade da Argentina, com uma multidão a sua volta e com a tecnologia sendo uma ferramenta de afastamento e segregação. Os personagens principais possuem um comportamento típico da sociedade moderna. Martin é um rapaz solitário que passa o dia conectado a internet e possui um quadro de depressão. Mariana é uma arquiteta que têm vários tipos de fobias. Eles moram no mesmo quarteirão, fazem o mesmo trajeto, porém nunca se encontraram. E por meio de um chat eles começam um relacionamento virtual.

 

O filme mostra com clareza a força que tem a multidão, um aglomerado de pessoas em movimento onde nada é feito em conjunto. As pessoas se tornam apenas mais uma, cercadas de desconhecidos e mais sozinhas do que nunca. Outro ponto interessante para ser observado sobre, é o amor virtual, ele é muito mais fácil do que o real. Nós podemos apagar uma mensagem, ou até mesmo deixar de responder, e terminar quando bem entender (fechando a janela do chat), sem confusão e sem remorsos.


Émile Durkheim fala que, a proximidade virtual e a não virtual mudaram de lugar, o mundo virtual se tornou real. No filme observamos uma maior interação com o meio virtual, ele se tornou uma regra, somos inteiramente dependentes dele. Nós vamos até onde nosso celular tem sinal, esse é o nosso limite.

Medianeras

      O texto Amor líquido fala sobre as relações superficiais entre as pessoas, que estamos sozinhos na multidão e que a tecnologia vem ajudando nesse afastamento. Os personagens principais do filme Medianeras são vizinhos, mas não se conhecem, apenas se falaram pela internet.
      Os personagens evitam ter contato "real" com as pessoas, Martin trabalha em casa e Mariana vive cercada por manequins. Ele até tenta sair com a moça que passeia com os cachorros, mas eles não tem assunto e durante boa parte do tempo a "moça dos cachorros" fica trocando mensagens com a namorada. Já Mariana saiu com um cara que fazia natação com ela, mas acabou nem dando certo o a que deixou mais abalada e com mais medo de se relacionar com outras pessoas.
      As relações entre as pessoas tem se tornado cada vez mais superficiais, temos 500, 1000 amigos na internet, mas de todos esses apenas 2 ou 3 frequentam a nossa casa. Será que essas relações superficiais são boas? Duram? Nos acrescentam em algo?

Alguns dizem que estamos na sociedade da informação, caracterizada por sempre precisar de velocidade e quantidade, ou seja, o indivíduo precisa de muita informação e que ela chegue a ele de forma rápida. Mas como essa  velocidade que está regendo o mundo afeta a sociedade? Como um indivíduo acompanha esse ritmo frenético vivido hoje?
No filme "Medianeras: Buenos Aires a era do Amor virtual." nos deparamos com dois personagens que vivem um drama bem próximo mas ao mesmo tempo tão distantes, ambos são vistos como pessoas que estão a parte da sociedade. Considerando o texto Amor líquido do Bauman, vemos vários fatores que são apontados no texto como característica dessa nova era.


Contudo, a parte do filme que mais se relaciona com o texto, é a parte em que Mariana, um dos protagonistas da história, explica o que originou sua fobia. Ela faz uma ligação direta com o livro "Onde está o Wally?", um livro infantil no qual é preciso encontrar o personagem da história em meio a cenários variados, e fala que todo o seu pânico foi originado depois de não conseguir resolver um dos enigmas, Wally na cidade. Foi ai, que ela viu que era apenas mais uma entre os milhões de habitantes, que se ela não conseguia achar algo que ela sabia que estava procurando, imagine achar algo que ela não tinha ideia do que seria.


Essa cena do filme, é a que mais pode ser relacionada com o texto, pois no texto, ele fala que "estamos sozinhos na multidão", ou seja, por mais que tenhamos alguma relação com outra pessoa, permanecemos sozinhos.

Atire a primeira pedra aquele que nunca conversou no celular com a pessoa sentada do lado!


Isso pode até parecer brincadeira, mas não, o difícil é encontrar um grupo de amigos em que tenha um sem o celular na mão! Isso é tão sério que foi criado um aplicativo para mesas de bar, onde todos devem empilhar seu celulares e o primeiro a tocar  tem que pagar toda a conta. Pode até parecer fácil, mas pelo contrário, conter o nossos dedos está cada vez mais difícil e isso não é uma novidade.

Bauman em Amor Líquido diz: Aos que se mantêm à parte, os celulares permitem permanecer em contato. Aos que permanecem em contato, os celulares permitem manter-se à parte...(p.38) Este fato é tão óbvio que tem um filme que diz tudo, exatamente tudo sobre isso, Medianeiras. Para resumir esse filme: Trata-se de dois personagens, vizinhos, feitos um para outro que não conseguem se encontrar, então fala-se de experiências anteriores ou motivos pelo qual eles ainda não se encontraram, para mais informações assista o trailer abaixo :)


Em todo o filme tem duas cenas que representam isso explicitamente. Primeira cena: a andadora de cachorros, primeiro: ninguém sabe o nome dela, muito menos o protagonista pois não é citado em nenhum momento, segundo: eles não tem nenhuma cena em que mantenham uma conversa física, ou eles estão ouvindo música no celular ou tendo relações sexuais. 

Segunda cena: a última cena da andadora de cachorros, primeiro: único momento em que eles falam, ela fala que ele tem muitas músicas e ele diz que vai escolher uma, segundo: ela passa o restante do momento respondendo mensagens no celular, que são para a namorada dela, onde ela mente em relação ao local onde se encontra, ou seja, elas estava se mantendo afastada da menina através da tecnologia!

Assim como a tecnologia tinha tudo para nos manter próximos ela tem nos mantido afastados, relacionamentos estão cada vez se tornando mais virtuais, isso por que o "fisicamente distante"e o "espiritualmente remoto" tem sua própria base. Com a internet ficou muito mais fácil ignorar os indesejáveis, ficou muito mais fácil lidar com o mundo exterior.

E ai você tem coragem de atirar uma pedra?

Vidas virtuais ou ausentes.

Já nem lembro quando saí com amigos ou tive um almoço com a família. Meus dias estão cada vez mais lotados, estudos e trabalho me consomem por completo. Assim, quando quero me sentir lembrado, posto uma foto no Instagram, que me renderão alguns "likes" que me trarão um certo conforto. Uma sensação de  que sou amado ou que ainda tenho amigos por aí, algo que diz: "Estou vivo viu, gente?".

A que ponto a modernidade e tecnologia nos trouxe... Nos dias em que é mais fácil ter contato com alguém virtualmente que sentar a mesa e jogar conversas fora e assim criar um laço, um vinculo, que seja significativo. Bauman diz que cultivamos relacionamentos vazios, superficiais, os quais não nos aproximamos uns dos outros realmente. Vivendo na era em que priorizamos quantidade ao invés da qualidade, não temos tempo ou não queremos "perder nosso tempo" criando laços afetivos com os que nos rodeiam ou poderiam nos rodear (por poderem entrar em nossas vidas), por termos medo de nos machucar ou sofrer por tal pessoa/relacionamento, ou por não termos tempo, e como escudo, usamos nossa vida virtual, onde temos a segurança de que, sem o contato constante, as pessoas que lá me conhecem, só saberão das coisas (informações) que eu disponibilizo.

Como é o caso representado no filme Medianeras. Martin e Mariana que moram na mesma quadra, andam nos mesmos lugares, e tem suas janelas uma em frente da outra, tem os mesmos gostos e anseios, e ainda assim não se encontram de verdade até o final do filme, por estarem "ausentes" em seu próprio mundo individual-virtual-particular, onde tem medo de afeto e proximidade por seus motivos especificos. Não criando laços com as pessoas por dar muito trabalho, ou terem fobia de contato, querem encontrar a tal pessoa especial (um ao outro) mas não se fazem abertos a experiência de relacionar-se verdade, fazendo assim que percam a oportunidade de se conhecerem pessoalmente.


Como lidar com nossas vidas virtuais, sem que elas interfiram em nossas vidas físicas e assim não aconteça conosco o que aconteceu com Martin e Mariana? Como nos fazer presentes quando é mais fácil ter relacionamentos virtuais sem preocupacão e o stress do dia-a-dia que é o que fazem os relacionamentos terem sentido por mais que seja como naquele ditado: "Foi o que fez-nos ser o que/quem somos hoje". Aí em baixo vai uma dica:


Com tempo suficiente, os celulares treinariam os olhos a olhar sem ver.


A tecnologia tem sido nossa maior aliada, com ela nos podemos tudo: construir um prédio, melhorar os meios de transporte, ir ao espaço , são infinitas as possibilidade quando abraçamos as inovações tecnológicas que surgem nas nossas vidas. Encurtando distâncias e nos protegemos da convivência social.

O crescimento da aproximação por vias virtuais têm nos distanciado da convivência pessoal, do mundo real. Há muito tempo temos trocado experiências mais completas, por assim dizer,  pro frases curtas e emoções prontas, nos escondendo por trás de telas e imagens. Mas em que ponto nos chegamos. Acabamos por tornara essa convivência virtual em real. Estamos completamente conectados com o mundo, mas ao mesmo tempo tão distante dele.   

Por que nos arriscar as velhas práticas de interação social quando podemos fazer o mesmo através de nossos celulares. Protegidos pela tela não somos obrigados a manter a mesma proximidade que a interação não virtual nos obriga por hábito. Toda solução dos nosso problemas está ao alcance de um click.

O filme Medianeras mostra, de forma clara, como se da a realidade do presente e futuro da jovens usuários desses avanços constantes na tecnologia. Os personagens da trama vivem tão próximos, mas ao mesmo distantes um do outro, envoltos no intrincado de informações virtuais e reclusos cada qual em seu mundo. Fugindo do convívio real por trauma o por desesperança que ele possa trazer algo bom. Por que ariscar quando tenho tudo que eu “preciso” ao meu alcance. 

segunda-feira, 4 de março de 2013

O mundo conectado


As relações estão cada vez mais dependentes do mundo virtual, seja para encontrar um amigo de colégio, para falar com a tia que mora no exterior ou até mesmo para falar com sua irmã que está no quarto ao lado! - quem nunca? - Esse assunto é abordado de forma atual e prática no filme Medianeras: Buenos Aires da Era do Amor Virtual

A facilidade de se expressar no mundo virtual se faz presente em várias ações dos personagens, que se comunicam mais por esse meio (e conseguem esquecer os seus problemas através dele) do que pessoalmente ao longo de todo o longa, apesar de morarem no mesmo quarteirão. Os desencontros, que são mostrados em situações cotidianas (nos quais os personagens estão desatentos para o lugar aonde vivem) deixa claro que apesar de estarem cercados pela multidão nas ruas, os personagens preferem se isolar em seu próprio mundo, não prestando atenção ao que ocorre do seu lado. Como diz Bauman, no livro Amor líquido: "Dentro da rede, você pode sempre correr em busca de abrigo quando a multidão à sua volta ficar delirante demais para o seu gosto." 




Que atire a primeira pedra que não usou o celular para disfarçar uma situação constrangedora, ok! Mas no final das contas fica aí uma reflexão para ser feita, até que ponto nós escolhemos nos isolar para viver nosso mundo online que pode ser bem mais atraente? Vale a pena pensar um pouco nisso! 


Que seja eterno enquanto dure ...



As novas tecnologias moldaram o estilo de vida de toda uma geração, modificaram os relacionamentos afetivos também. Com a internet, as possibilidades de relacionamentos foram ampliadas, não é preciso existir fisicamente, e este também não tem responsabilidade de ser duradouro, ou até mesmo real. Em rede, os laços existem e são correspondidos de maneira avulsa, a pessoa pode ter mil contatos ou mais, no entanto, não há necessidade de se manter em contato real com todos eles, que podem ser agrupados de acordo com seus interesses. Dentro desta mesma rede, o indivíduo encontra diversas formas de encontrar alguém, e as possibilidades de fugas também são ampliadas, se recebe uma mensagem no celular pode optar por responder depois, e se quiser responder, isso é mais difícil no contato é físico/real, a fuga do diálogo poderia causar uma discussão. O ‘não olhar’ dos relacionamentos virtuais, se torna uma alternativa para se privar de falar a verdade, ou se libertar da timidez e falar o pensa sem se comprometer com outro.
No filme, Medianeras o casal protagonista vive um relacionamento virtual, não nos causa estranheza o fato deles se comunicarem através da internet (comportamento comum nos dias de hoje), o que causa espanto, ainda, é o fato deste relacionamento ser embasado apenas nos meios virtuais; o calor humano, os erros, as críticas, as brigas, o carinho físico não existe, eles habitam e dividem praticamente o mesmo espaço, no entanto não se reconhecem naquele espaço. Poderiam morar em países diferentes, mas não, moram um ao lado do outro. É uma prática que vem crescendo a cada dia, em busca do amor ideal em tempos contemporâneos.

Medianeras, retrato da vida real.



Somos aproximadamente 8 bilhões de pessoas espalhadas pelo mundo. Na verdade, "somos um alguém, perdido entre milhões." A cada minuto, somos bombardeados de informações  vindas de lugares diferentes e ao mesmo tempo. E com o avanço da tecnologia dos meios de comunicação, essa instantaneidade com que as informações chegam até nós está cada vez mais rápida. É possível saber de algo que ocorreu do outro lado do mundo, sem nem mesmo sair do lugar. Assim funciona o mundo hoje. 

E assim é mostrado no filme Medianeras. O filme retrata a história de dois jovens, Martin e Mariana, que possuem vidas distintas, são praticamente vizinhos, nunca se cruzaram fisicamente e iniciam um relacionamento virtual. Até chegar o ponto em que finalmente se encontram, mas permanecem isolados em mundos distintos. Algumas cenas mostram isso, como por exemplo a de quando ela está na casa dele mas ao mesmo tempo está conversando por mensagem no celular com sua amiga. Ou seja, é um estar presente mas ao mesmo tempo ausente.

Podemos relacionar o filme com o texto de Bauman, onde ele diz: "A realização mais importante da proximidade virtual parece ser a separação entre comunicação e relacionamento...  'Estar conectado' é menos custoso do que 'estar engajado' - mas também consideravelmente menos produtivo em termos da construção e manutenção de vínculos.

Uma frase que é dita no filme resume completamente a realidade: "A Internet nos aproxima do mundo, mas nos distancia da vida."  De fato, isso acontece. Com a internet tudo ficou mais fácil, em apenas um clique. Podemos pagar contas de bancos, comprar produtos e comida, ler jornais e revistas, ouvir músicas, baixar filmes, estudar, namorar.. É uma infinidade de opções.

Mas devemos parar e pensar: Vale realmente trocar o mundo real pelo virtual? Até que ponto isso pode ajudar ou atrapalhar as nossas vidas. Tudo deve ser controlado, devemos sim aproveitar as vantagens que a tecnologia nos oferece mas ao mesmo tempo aproveitarmos a vida presente, o contato face-a-face, a troca de sentimentos, a criação de vínculos, relacionamentos.

Como seria, a vida sem internet HOJE?


Difícil né? O filme “ Medianeras” retrata pontos de vista semelhantes com o texto de Baulman, sem dúvida um dos pontos mais importantes é o quanto a internet é o refúgio, e se pararmos para pensar, na vida real também é assim para muitas pessoas.



Martin mora sozinho, trabalha em casa e tudo dele gira em torno do computador, seja para comprar comida, ver filmes, fazer pagamentos, jogar ou até mesmo ter relação sexual,já Mariana, arquiteta, com fobia de elevador, faz manequins para uma loja de roupas e cuida da decoração. E o que os dois têm em comum é justo o receio de não se relacionar com as pessoas, por viverem “trancados” e fechados para qualquer aproximação da figura humana.

Vi uma afirmação bastante pertinente e que tem muito haver com o filme, quando é dito “Dentro da rede, você pode sempre correr em busca de abrigo, quando a multidão à sua volta ficar delirante demais para o seu gosto” e levando esse trecho para a vida de Martin é assim que ele faz, na cena quando ele sai com sua cachorra, tem um contato com a menina, os dois não têm muito que conversar a não ser o ato de ter relação sexual, ele não sabe como se comportar, o que falar, porque justamente nunca passou por isso, então para ele, isso acaba sendo estranho. Até a própria cachorra, que vive em um apartamento fechado e escuro ao sair, acha tudo aquilo diferente do mundo que vive.

É o que acontece também com Mariana, ela marca um jantar e no meio do caminho ela desiste do encontro, volta para casa, tem relação com o próprio maniquim e acaba se excluindo mais uma vez do convívio social. Aí eu te pergunto, até que ponto esse meios de comunicação podem influencias a vida de uma pessoa?

Tudo que eles fazem é uma forma de sentir-se distante do mundo e da convivência pessoal, interagir com pessoas. “ Seria tolo e irresponsável culpar as engenhocas eletrônicas pelo lento mas constante recuo da proximidade continua, pessoal, direta, face a face multifacetada e multiuso”? Eles dois tem essa dificuldade por viverem em mundos completamente sozinhos, até a casa deles tem um aspecto de solidão, e eles mesmo notam isso quando constroem uma janela e vêem a diferença.

“ A proximidade não exige mais a contigüidade física; e a contigüidade física não determina mais a proximidade”,para eles essas circunstâncias foram perfeitamente se adaptando ao modo que eles vivem, pois,  acabaram não tendo essa CONEXÃO com as pessoas do mundo de fora. A internet facilitou mais ao mesmo tempo os inibiu ao convívio social. E vendo isso, temos que refletir e ver que até que ponto isso pode nos ajudar ou prejudicar? Vale pensar.

Medianeras - Buenos Aires na Era do Amor Virtual



O filme Medianeras – Buenos Aires na Era do Amor Virtual fala da relação solitária de dois jovens que vivem na maior cidade da Argentina, Martin e Mariana. Eles compartilham o mesmo sentimento de solidão que está ligado a vida online que ambos demonstram viver ativamente no filme. “Há algo mais desolador no século 21 que não ter nenhum e-mail na caixa de entrada?” diz Martin, definindo a idéia central do filme.

Martin vive em seu apartamento, de letra G, com uma cadela. Ambos foram abandonados por uma mesma paixão. Ele passa o dia em seu computador, saindo de casa apenas quando necessita. Apesar de criticar a modernidade da sua cidade, ele se torna prisioneiro do seu maior pecado: a internet. Martin segue seus instintos masculinos ao se relacionar com uma garota contratada para passear com seu cachorro. Eles mantêm uma relação rasa, sem sentimentos e compromisso. O sexo é a forma de união e a conversa é tola, sem conteúdo. Mariana, que é vizinha de Martin e mora no apartamento H, é uma arquiteta frustrada e solitária. Após o término de um relacionamento, ela passa a analisar o mundo com sua visão particular, misturando suas frustrações amorosas e sexuais. Ao longo do filme, alguns rapazes se interessam por ela, mas nada que mereça sua atenção. A sua busca por alguém significante é figurada em um de seus jogos favoritos: Onde Está o Wally?


No livro Amor Líquido, Bauman explica que, atualmente, o indivíduo constrói um personagem online para poder emitir a mensagem que deseja. Todos se mostram perfeitos e felizes. “Reduzir riscos e, simultaneamente, evitar a perda de opções é o que restou de escolha racional num mundo de oportunidades fluidas, valores cambiantes e regras instáveis. E o namoro pela internet, ao contrário da incômoda negociação de compromissos mútuos, se ajusta perfeitamente (ou quase) aos novos padrões de escolha racional.” Esta passagem do texto define uma das idéias do filme.
        

Em contra partida, a música escolhida para o encerramento (Ain't No Mountain High Enough - Marvin Gaye) do filme diz que não há montanha alta, vale profundo, rio longo o suficiente para separar duas pessoas que se amam. Essa metáfora se adequa ao filme porque não há solidão, parede, internet, distância ou fobia que separe duas almas gêmeas  Somos seres sociáveis e precisamos nos comunicar e conviver em conjunto. Uma boa música para ilustrar o final esperado onde Martin e Mariana ficam juntos e felizes.

"Cause baby there ain't no mountain high enough!"

Como encontrar um amor se não sabes onde está?

Medianeras é uma incrível história de amor que vale a pena conferir. Martin e Mariana são duas pessoas que moram na mesma rua, habitam os mesmos lugares e têm muito em comum, mas, apesar de sempre passarem um pelo outro, nunca conseguem se ver. 
Martin é um programador que, devido o abandono de sua namorada, sofre uma fobia de encontro com os outros.  
Já Maryana é uma arquiteta mal sucedida que ganha a vida trabalhando como vitrinista. Ela acaba de sair de um relacionamento, e agora descer ou subir de elevadores virou fobia para a moça.
Martin vive no mundo da internet, onde faz compra, ouve músicas, conhece pessoas, têm relacionamentos. Das milhares de mulheres que Martin tentava se relacionar pela internet, sempre havia uma frustração quando o encontro passava a ser pessoal. Fato que exemplifica bem a separação final entre o "fisicamente distante" e o "espiritualmente remoto", onde o primeiro não é mais condição para o segundo, como é discutido no texto Amor Líquido, de Bauman. A forma de vivência de Martin com a internet é bastante parecida com a relação que Maryana tem com seus manequins, com quem conversa, arruma e até mesmo "faz sexo casual". 
Maryana tem um livro em que sempre procura encontrar um personagem em cada uma das páginas, mas acaba o perdendo quando chega nas figuras urbanas, cena que faz uma excelente metáfora com a vida: a tecnologia, que acaba por nos desaproximar, nos deixar perdidos em meio à uma multidão, você acaba por ser "...o único ponto estável num universo de objetos em movimento."(Bauman).  
Foi mais fácil para o casal se conhecer pela internet do que mesmo conseguirem se ver na mesma rua. Podemos observar isso como uma metáfora em que mostra a forma com que a internet nos aproxima do mundo, mas também distancia da vida. Num complexo de tecnologia em que ela se permite permanecer em contato aos que se mantêm à parte, mas ao mesmo tempo permite-se manter à parte àqueles que se permanecem em contato.
Eles precisavam um do outro, eles precisavam se encontrar. E, mesmo com algumas ironias do destino que até mesmo os fez levar choque(literalmente) para não conseguirem se comunicar pessoalmente, se mostram mais forte que isso e o amor os faz vencer não só esses obstáculos, mas também suas fobias e faltas para conhecerem um ao outro.






 


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