domingo, 3 de março de 2013

Bauman em Medianeras

"Reduzir riscos,e, simultaneamente, evitar a perda de opções é o que restou de escolha racional num mundo de oportunidades fluidas, valores cambiantes e regras instáveis."

Atualmente, vivemos na era dos laços virtuais, onde somos repletos de "amigos virtuais", nos refugiando assim do contato face a face. As vezes não nos damos conta que a maioria deles nem se quer falamos direito. A tecnologia influenciou bastante a criação desses vínculos, mas a facilidade de convivência e a falta de cobrança que nesse meio existe são atrativos que tornam mais e mais pessoas adeptas à essa forma de proximidade. Esse modo de relacionar-se foi refletido pelo sociólogo Zygmunt Bauman através do texto Amor Líquido, onde ele menciona a modernidade líquida, que são os avanços tecnológicos influenciando o ser humano em suas relações e o amor líquido que representa a fragilidade dos laços humanos e a proximidade virtual e não virtual. 
Se Bauman resolvesse escolher um filme para retratar seu texto, nunca imaginaria que o filme argentino, Medianeras, estivesse tão próximo do seu discurso. No longa, os protagonistas (Martín e Mariana) se refugiam dos seus medos,inseguranças e solidão, no mundo virtual. Ambos criaram uma proximidade virtual e no dia em que ficaram frente a frente  estavam tão imersos em seus "próprios mundos" que não se perceberam. Através do texto e do filme podemos perceber que a internet tornou-se um meio de fuga da realidade, pois as pessoas encontram nela uma forma de esquecer ou superar as fraquezas e frustrações. Trecho do texto que define bem isto é esse: "Dentro da rede, você pode sempre correr em busca de abrigo quando a multidão à sua volta ficar delirante demais para o seu gosto". No filme percebemos isso, na forma em que Martín e Mariana,após terem terminado seus respectivos namoros, recorrem ao meio virtual para essa fuga da realidade. Ele se acaba se relacionando com garotas pela internet e "esquece" do convívio com o não virtual. Ela recorre também  à tecnologia para se relacionar e percebe que os únicos seres que realmente tem contato são os manequins de plástico de "vivem" em sua casa.
Ao longo do texto e do filme podemos ver que ambos possuem conexão e reflexões parecidas, como a proximidade virtual e não virtual, a dependência da tecnologia para os relacionamentos, a busca da felicidade através do virtual e a fuga da realidade através desse meio.
Até quando ficaremos dependente da tecnologia? Será que a forma de relacionar-se com o próximo irá mudar novamente? Talvez Bauman pode prever essas respostas,ou Medianeras pode tentar ilustrar,mas depende muito de cada um se deixar ou não levar pelo avalanche de tecnologia que acarreta a modernidade líquida.


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