Vivemos em um mundo de relações líquidas, cada vez mais superficiais. A presença física deixou de ser algo essencial para que determinados acontecimentos fossem possíveis. Relações podem nascer e morrer no campo virtual sem nem ao menos chegar a sair dali.
Uma tela pode acomodar um mundo inteiro que tem um outro mundo inteiro de opções a oferecer. A acomodação é clara. Martín, no filme Medianeras, diz: "a internet me aproximou do mundo, mas me distanciou da vida. Faço coisas de banco e leio revistas pela internet, baixo música, ouço rádio pela internet, compro comida pela internet, alugo ou vejo filmes, converso pela internet, estudo pela internet, jogo pela internet, faço sexo pela internet e procuro". É como se tivéssemos o mundo a distância de poucos cliques e todas as nossas necessidades pudessem ser facilmente supridas através deles.
Bauman diz, em seu texto Amor Líquido, que "cada conexão pode ter vida curta". Sua lista de contatos está repleta de números e você está em constante contato com muitos deles, mas essa ligação pode ser facilmente cortado. Não é preciso estar cara a cara com uma pessoa, basta alguns cliques e pronto. Assim faz a "passeadora de cachorros" que Martín se envolve no filme. Ela está presente fisicamente em um encontro com ele, mas comunicando-se com outra pessoa que se encontra mais distante, via celular. E esse contato é facilmente quebrado com uma só mensagem.
Bauman diz que "o outro lado da moeda da proximidade virtual é a distância virtual". Ou seja, relações que são facilmente construídas ali, podem ser, também facilmente, destruídas. "É uma questão em aberto saber qual lado da moeda mais contribuiu para fazer da rede eletrônica e de seus implementos de entrada e saída um meio de troca tão popular e avidamente usado nas interações humanas. Será a nova facilidade de conectar-se? Ou a de cortar a conexão?".
Estamos sempre tão conectados pela facilidade que temos de criar relações ou de desfazê-las?
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