terça-feira, 5 de março de 2013

"Bem vindo à era das relações virtuais!"


Todos os prédios tem um lado inútil. Não servem para nada, não dá para a frente nem para o fundo. "A medianera": são as superfícies que nos dividem e lembram a passagem do tempo. Mostram nosso lado mais miserável, refletem a inconstância, as rachaduras, as soluções provisórias. É a sujeira que escondemos debaixo do tapete e só lembramos às vezes. Quando submetidas ao rigor do tempo, elas aparecem através de anúncios. 



     Sim, Mariana conseguiu 'al fin' encontrar o seu tão procurado Wally da cidade (Martin). Como muitas pessoas passam suas vidas à procura do seu amor verdadeiro, aquele que vai durar a vida inteira - aos românticos de plantão como eu - é praticamente uma missão de vida. Tão perto e tão longe ao mesmo tempo, os personagens tem corações partidos, gostos musicais e comportamentos parecidos, que ao longo do filme aparentam acontecer ao mesmo tempo. Vivem sozinhos em prédios vizinhos, se esbarraram pessoalmente algumas vezes mas ainda estranhos um para o outro, porém o acaso os faz se aproximar primeiro por meio de um site de relacionamento, e a dar o 'start' que queriam, mesmo sem se conhecerem de fato.


   
     A proximidade não exige mais a convivência física, e a convivência física não determina mais a proximidade, segundo Bauman. No nosso mundo moderno, muitas vezes temos mais segurança de conhecermos as pessoas pela internet, sentimo-nos mais à vontade de sermos nós mesmos, de contar nosso dia a dia e até nossos segredos para "estranhos", que em pouco tempo não serão mais estranhos, ao menos não no âmbito virtual. Parece que gostamos de viver separadamente, mas lado a lado, mantendo aquela distância de segurança. É, pode nos prevenir dos riscos do mundo real, mas qual a graça nisso? Você nunca vai saber se nunca se arriscar, isso sim é viver.


     
   

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