Os rostos, dele e dela, mostravam-se ao mesmo tempo ligados e desconectados deste mundo. Perdidos, seus olhares - ironicamente - estavam sempre mapeados de luzes absurdamente coloridas de ecrã.
Aquele, não dormia bem nunca. Aquela, não vivia bem jamais.
De fato, o romance desenvolvido - lentamente - entre Mariana e Martin se parece em muito com a vida de qualquer um de nós, jovens do século XXI. Já virou clichê em jantares de família - daqueles chatos, com gente chata, sem comidas bonitas e oportunidades de fotos para o Instagram - dizer que a internet tem promovido, como nunca, a comunicação, que é incrível como tem aproximado pessoas distantes geograficamente, mas também é culpada (pobre internet) por distanciar as pessoas mais próximas. Já virou clichê, mas é rigorosamente o que está acontecendo. E não sou eu quem está dizendo.
Zigmund Bauman também afirma que "a realização mais importante da proximidade virtual parece ser a separação entre comunicação e relacionamento. Estar conectado é menos custoso do que estar engajado".
A grande questão parece ser a seguinte: o jovem procura a internet para fugir do meio? Ou tem medo do meio por usar a internet em demasia? Medianeras não responde, necessariamente, essa questão. Mas deixa claro, ao menos em minha visão, que:
- o retrato do nosso presente parece aterrador;
- Bauman não tem Facebook;
- a comunicação moderna mais parece cumprir o papel de separar do que o de unir.
e em aberto, algumas outras questões:
- será que o processo em que nos metemos nessa rede e paramos de viver o mundo real é irreversível?
- se Bauman tivesse Facebook, atualizaria seu status de relacionamento?
- estamos sozinhos na multidão, mas nos colocamos deliberadamente nessa situação ou desejamos, no fundo, nos relacionar?
Eu acredito que desejamos, sim. E você?
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Excelente texto!
ResponderExcluirhaha.. é muito amiga!
ExcluirAdorei o seu texto!
ResponderExcluirvaleeu! :))
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