quinta-feira, 7 de março de 2013

Uma parede sem janelas

Não consigo me lembrar a última vez que estive em um restaurante, comendo e jogando conversa fora com velhos amigos. A meses não tenho uma tarde relaxante com a minha família. A rotina puxada de estudos, trabalho, cursos e academia acabam me deixando completamente exausta e sem vontade de fazer outras atividades. Mas, quando quero matar as saudades de um amigo que a muito não vejo ou apenas dizer que: "mesmo tão sumida, continuo aqui", utilizo as minhas redes sociais.

É incrível a forma como a tecnologia entrou em nossas vidas. Existem Tablets, iPhone, notebook... Algumas formas que encontramos para facilitar a comunicação entre amigos (ou apenas conhecidos). Temos a oportunidade de encontrar pessoas novas e de refazer antigos laços. Podemos nos comunicar com pessoas que estão longe ou apenas deixar uma mensagem no Whatsapp. Mas, de que maneira essa facilidade pode interromper as relações face a face? De que forma a tecnologia (na qual a maioria de nós não vive sem), pode atrapalhar os laços afetivos?

Esse é um questionamento interessante feito por Gustavo Taretto, diretor do filme "Medianeras". Na trama, os personagens Martín e Mariana vivem na mesma cidade, moram no mesmo quarteirão e, mesmo assim, nunca se cruzaram (ou se perceberam). O filme tem várias ligações com as teorias aplicadas por Zygmunt Bauman no texto "Amor Líquido". Bem no começo, já encontramos um contexto que se encaixa perfeitamente na nossa sociedade e também, na realidade apresentada em "Medianeras".  Segundo o autor, quanto mais a qualidade dos vínculos que se formam decepcionam, mais as pessoas encontram a salvação na quantidade. Um exemplo disso é a quantidade de "amigos" que cada pessoa possui na sua rede social. E, quando a quantidade passa a valer mais que a qualidade, ocorre uma dupla sensação: você está rodeado de pessoas e, ainda assim, se sente só. As pessoas acabam por não acreditar mais em nenhum tipo de vínculo. Afinal, para Bauman, apostar todas as suas fichas em um único número é pura insensatez.
Outro meio de permanecer nessa "solidão" é estar sempre com o celular por perto. Se uma ligação for perdida ou uma mensagem não for respondida, nada acontece. A pessoa ainda possuí aquele aparelho e pode, se desejar, se comunicar com quem lhe der vontade. As conexões formadas são muitas e isso faz com que a pessoa se sinta segura, mesmo estando completamente só. Isso se torna muito comum em nossa sociedade. Já que não conseguimos manter vínculos estáveis, convivemos com um vinculo que não se sustenta... A pessoa está conectada com aquilo, jamais engajada. Agora, a proximidade virtual é que se tornou a proximidade real.


"Como encontrar o amor se não sei onde está?" Essa é uma questão levantada não só por Bauman e por Gustavo Taretto em Medianeras. Será mesmo que vale a pena nos entregarmos tanto as relações virtuais e quebrar os vínculos reais? Creio eu (na minha humilde opinião rsrs) que não. Relações virtuais valem apenas naquele momento, naquela específica situação. Vínculos reais, relações reais... Tudo isso acaba por valer muito mais a pena.
Se conecte mais aos bons momentos (reais) que você tem pra viver:



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