Você já parou pra se perguntar o
que não se faz pela internet? Na era digital, ela é vista como “uma mão na
roda” para todas as necessidades humanas. Pedimos comida, fazemos compras,
pedimos amor em sites de relacionamento, nos informamos, procuramos estímulos,
saciamos a necessidade de contato, pagamos as contas, frequentamos universidades
online, entre tantas outras atividades que fazemos conectados e esquecemos, por
diversas vezes, de fazer quando desconectados, nos relacionamentos humanos.
Na líquida sociedade moderna, nos
aproximamos do mundo e nos distanciamos das pessoas. Os olhos se acostumaram a
olhar sem ver. Passamos a estar sozinhos no meio da multidão. Solidão
conhecida, compartilhada por todos, a tal da solidão urbana. "As conexões
humanas se tornaram mais frequentes e mais banais, mais intensas e mais breves.
Com essa nova configuração, os contatos passaram a ter menos tempo e esforço
para serem estabelecidos e também para serem rompidos". Relacionamentos pela
internet são cada vez mais procurados pela sua comodidade, pela facilidade de
criá-los e desfazê-los em poucos cliques. São relações fluidas e passageiras.
Os laços não são mais constituídos. Fechamos as portas das nossas casas, dos
nossos quartos e das nossas vidas.
Sair do isolamento do seu lar e
da sua realidade virtual não é fácil. Bauman e o filme Medianeras falam sobre
os relacionamentos líquidos da era virtual; das poucas palavras; do prazer pelo
prazer; da falta do amor; da necessidade da comunicação e, ao mesmo tempo, do
receio de fazê-la pessoalmente; da internet que promete aproximar os que estão
longe, mas que acaba distanciando os que estão perto; do caos que foi
constituído e que nos parece normal. Peraí, normal? Pois bem, até percebermos
que as tecnologias que nos unem são as mesmas que nos separam. Quando notamos
que estamos submersos na era virtual, que as relações merecem mais do que
aquilo, quando resolvemos sair da nossa zona de conforto, abrimos janelas nas
medianeras (que são as paredes laterais dos prédios que dão nome ao filme), que
podem ser vistas como janelas nas nossas vidas que estavam, até então, fechadas
e nos reconectamos verdadeiramente ao mundo.
Nenhum comentário
Postar um comentário