segunda-feira, 4 de março de 2013

A liquidez dos relacionamentos virtuais, Bauman e as Medianeras:

Você já parou pra se perguntar o que não se faz pela internet? Na era digital, ela é vista como “uma mão na roda” para todas as necessidades humanas. Pedimos comida, fazemos compras, pedimos amor em sites de relacionamento, nos informamos, procuramos estímulos, saciamos a necessidade de contato, pagamos as contas, frequentamos universidades online, entre tantas outras atividades que fazemos conectados e esquecemos, por diversas vezes, de fazer quando desconectados, nos relacionamentos humanos.

Na líquida sociedade moderna, nos aproximamos do mundo e nos distanciamos das pessoas. Os olhos se acostumaram a olhar sem ver. Passamos a estar sozinhos no meio da multidão. Solidão conhecida, compartilhada por todos, a tal da solidão urbana. "As conexões humanas se tornaram mais frequentes e mais banais, mais intensas e mais breves. Com essa nova configuração, os contatos passaram a ter menos tempo e esforço para serem estabelecidos e também para serem rompidos". Relacionamentos pela internet são cada vez mais procurados pela sua comodidade, pela facilidade de criá-los e desfazê-los em poucos cliques. São relações fluidas e passageiras. Os laços não são mais constituídos. Fechamos as portas das nossas casas, dos nossos quartos e das nossas vidas.

Sair do isolamento do seu lar e da sua realidade virtual não é fácil. Bauman e o filme Medianeras falam sobre os relacionamentos líquidos da era virtual; das poucas palavras; do prazer pelo prazer; da falta do amor; da necessidade da comunicação e, ao mesmo tempo, do receio de fazê-la pessoalmente; da internet que promete aproximar os que estão longe, mas que acaba distanciando os que estão perto; do caos que foi constituído e que nos parece normal. Peraí, normal? Pois bem, até percebermos que as tecnologias que nos unem são as mesmas que nos separam. Quando notamos que estamos submersos na era virtual, que as relações merecem mais do que aquilo, quando resolvemos sair da nossa zona de conforto, abrimos janelas nas medianeras (que são as paredes laterais dos prédios que dão nome ao filme), que podem ser vistas como janelas nas nossas vidas que estavam, até então, fechadas e nos reconectamos verdadeiramente ao mundo.

Nenhum comentário

Postar um comentário

© SITe
Maira Gall