terça-feira, 5 de outubro de 2010

Aceleramos o tempo para alcançá-lo

Em um época que o tempo parece não ser o mesmo, acelerar e optimizar nossas ações e pensamentos se tornam a lei número um para alcançar esse tempo inalcançável. O homem passa a procurar soluções para problemas que ainda não se tornaram real, antes mesmo de pensar em maneiras para previní-los. Uma verdadeira burrice generalizada. E o pior, quanto mais aceleramos o nosso tempo para alcançar o tempo do mundo, o tempo do mundo se torna mais veloz, pois nós mesmos o aceleramos. E assim a humanidade gira o relógio do tempo como uma criança brinca de girar ponteiros, como se o mundo tivesse dois relógios e o segundo fosse controlado por Deus ou sei quem lá. Onde iremos parar?

Trabalho com Marketing e Comunicação Digital. Confesso, que bate a adrenalina, tal qual aquela quando você sobe 50 andares sem perceber e toma um susto ao olhar para baixo. Assim é a sensação de quando penso que há 15 anos não existia nem uma suposição do que seria muitos dos serviços para muitas ferramentas que trabalho hoje. O "olhar pra baixo" é o olhar pra frente e imaginar como será daqui a 10 anos. Já imaginou andar de montanha russa no escuro? Pronto, isso mesmo. É um dos meios que se pesquisa e estuda o que será de novo amanhã. Pois estudar o novo de hoje é perca de tempo e o novo de ontem não é mas novo.

Interessante o que o Arnaldo Jabor diz em seu artigo titulado A burrice na velocidade da luz: "Claro que o mundo está mais informado, comunicando-se horizontalmente, digitalizado pelos milagres da tecnologia da informação, internet etc... Claro. Mas os efeitos colaterais são imensos. Vejam nos Twitter e Orkuts da vida a burrice viajando na velocidade da luz. Junto com a revolução da informação há a restauração alegre da imbecilidade. Lá fora, Forrest Gump, o herói babaca, foi o precursor; Bush foi seu sucessor, orgulhoso da própria burrice."

A partir dessa verdadeira calamidade temporal do virtual se tornando o novo real, tenho um convite, quase um conselho, para vos dar leitores queridos. Participe do movimento Slow Life e faça sua parte desacelerendo o tempo da sua vida. Assim, poderá ter a chance de se reconectar a si mesmo, às pessoas e ao ambiente que vive. Não é fácil e não exagere também. Faça um pouco a cada dia. Comece consigo mesmo e, aos poucos, vá plantando essa semente nas pessoas próximas a você. Principalmente, atravís de atitudes e exemplos no trânsito, no shopping, no trabalho, na academia e em casa. Viva o momento com qualidade e descubra sua velocidade. Não seja mais um bricando de girar os ponteiros do relógio, achando que está alcançando o tão famoso tempo corrido.

5 comentários

  1. Seu texto me fez pensar: Muitas vezes me pego pensando em como falar de novas tecnologias se, enquanto estamos falando, perece que já não são tão novas assim. Mas as mudanças sociais não são tão rápidas (ou são?), daí falar em sociedade de informação. Acredito que a aceleração do tempo é um dos principais sinais deste novo tempo (que redundante!). Mas é isto mesmo: vivemos no tempo do movimento, do transitório, do efêmero. Como fixar nossas relações sociais, nosso "lugar" no mundo, nossos sonhos? Este sentimento de não pertencer não surgiu agora, mas vem ficando mais intenso com o avanço e a velocidade das novas tecnologias.

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  2. Exato Alê. As mudanças sociais não são tão rápidas. Por outro lado dessa visão apocalíptica, vivemos e passamos pelas mesmas angústias de revoluções passadas. O excesso da virtualização e da aceleração do tempo abre cada vez mais um espaço de fazio no real, por mas que não sejam opostos. Por isso que nós, profissionais da comunicação, temos que enxergar os fatos além das ferramentas tecnológicas para trabalharmos na esfera comportamental e cultural. Por mas que as pessoas vivam e digam que seus sonhos e desejos são outros comparados aos de seus pais e que muitos ditam que vivemos em "outro mundo" e que "tudo é muito novo", as carências e desejos de uma cultura enraizada só mudam de forma, não de conteúdo. É isso que difere bastante uma sociedade de informação de uma sociedade do conhecimento como diz Abdul Waheed Khan (subdiretor-geral da UNESCO para Comunicação e Informação):

    "conceito de “sociedade da informação”, a meu ver, está relacionado à idéia da “inovação tecnológica”, enquanto o conceito de “sociedades do conhecimento” inclui uma dimensão de transformação social, cultural, econômica, política e institucional, assim como uma perspectiva mais pluralista e de desenvolvimento."

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  3. Estudar o hoje pode ser mesmo perca de tempo. Vejo como exemplo a Apple, popularizou o smartphone trazendo um aparelho bonito e "estiloso", todos foram atrás, mas o ícone continua sendo o iPhone (embora os smartphones baseados em Android irão superar, mas isso é mérito do sistema operacional, não do aparelho). Novamente a Apple ataca com os Tablets, que agora arriscam substituir os notebooks nos EUA (as vendas dos notes caíram, depois do iPad e genéricos) Será que os demais tablets conseguirão superar o iPad (acredito que sim, mas, novamente, será mérito do OS).

    Mas e estudo o novo de ontém? Que não é mais novo? O autor não cita ser perca de tempo, mas se você analisar, o novo de hoje é o mesmo novo de ontém, tão rápida nossa velocidade. Por outro lado, estudando o hoje e o ontém você consegue ver o que não está lá para ser visto, o que falta e, daí, inovar.

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  4. Concordo com você Igor. Para se inovar é necessário dominar muitos "ontens" e hoje plenamente. Em relação ao "estudo do novo de ontem ser perca de tempo", o autor realmente não cita. Relatei a sensação que nós passamos a ter e que somos provocados a acreditar. Mas que jamais podemos ter a certeza que o passado é tão quão fundamental do que o presente e futuro.

    Cabe a nós para pedir para Papai do Céu que o tempo congele para estudar todas essas camada de tempo hein? Bricadeiras a parte, temos que ter um equilibrio e saber que excesso não é bem-vindo a ninguém, de nenhum aspecto.

    Realmente o Steve Jobs é um inovador nato. Claro, que já errou muitas vezes e criou tecnologias que foram verdadeiros fracassos. Faz parte da inovação não dar certo. Mas, hoje, ele vive a frente e consegue ditar um futuro atrás do outro.

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  5. Realmente é engraçado. Uma mega tendência, que estudei em planejamento e marketing são a produção de produtos e serviços que facilitem a nossa vida a ponto de poupar-nos tempo. Porém, mesmo tendo milhares de coisas que, comparado com antigamente, nos poupam MUITO tempo, parece que o tempo passa muito mais rápido conforme o tempo vai passando. Agora mudando o foco, haha, já andei em montanha russa no escuro, é bem divertido ;)

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