Foto: "Eva" Acidum Project
Minha cidade de Fortaleza é de cantos tão exóticos, pois eu nunca fiquei parado em um só canto aqui.
Minha infância bom, a doce, ou particularmente falando, um pouco amarga, foi concebida no Conjunto Ceará, um bairro tão grande, mas tão pequeno ao mesmo tempo. As pessoas se encontravam e desencontravam, amavam e odiavam em cada rua que era passada. Era (não vivo mais lá) um bairro onde as pessoas se comunicavam, eu sentia como se fosse um pequeno interior dentro de uma capital.
A avenida central e o polo eram o ponto de encontro das pessoas, se elas já se conheciam por ruas, lá era quase um casamento com várias pessoas do mesmo bairro. Bom, eu diria que o Conjunto Ceará era uma casa grande com a sua família que viviam todos os dias juntos.
Me mudei de lá e me encontrei em outro bairro, o Antônio Bezerra, que diria que era um pouco diferente do antigo que eu morava. Eu não senti um acolhimento ou uma raiva pelas pessoas, mas não me senti inserido, até hoje, não completamente.
Acredito que o que pesou muito foi o meu crescimento dentro do meu atual apartamento, com o bairro (adolescente é um fogo sem fim...) eram aquelas velhas crises existenciais que um(a) jovem passa pela vida, então infelizmente, não tive total contato com meu atual bairro nesse tempo. Porém, de acordo com que ia crescendo, eu comecei a enxergar como o Antônio Bezerra é rico de diversidade de pessoas, eu nunca imaginei que ali competiria com o Benfica, em questões de diversidade de pessoas, eram vários "Andersons" adolescente encontrados em um local só. Aqui não irei abranger, por completo o bairro, mas sim minha rua, que é estranho, pois eu nunca vi cantos ficar aberto depois da 22:00 e ainda se sentirem felizes, detalhe importante: abertos no dia da semana. Aos poucos, me senti bastante acolhido, por mais que não trocasse apenas pequenas palavras como "bom dia", "boa noite", "como você vai?", pois eu vi ali que as pessoas (por sua diversidade), não faria um bastante mal. Esse parágrafo me lembrou um tanto de quantas vezes já cheguei tarde em casa e vi pessoas na rua conversando.
Esse terceiro bairro, é onde eu moro todas as sextas-feiras, praticamente, eis aqui o famoso Benfica. Não sei como posso descrevê-lo de tão maravilhoso e tão acolhedor o bairro é. Até chegar aos meus 18 anos, eu não entendia a importância dele, para amigos mais velhos que estudam na UFC, mas depois que passei pela minha transição de menor para pessoa maior e "responsável", passei a conviver bastante com a sintonia do bairro. Eu imagino, o Benfica como uma música perfeita para os ouvidos, pois ali encontramos a melodia nos cantos da UFC, bares e até mesmo o shopping, e as rimas são as pessoas, pois são várias e cada uma possuem um significado importante para representar o que quer passar através dos ouvidos. Eu até faria uma música, se eu soubesse ao menos compor ou tocar um violão, até porque cantar, mesmo sendo ruim, a gente expressa o que sente.
Por fim, eu diria que é a minha casa (como pode ver eu possuo várias propriedades), o campus do Pici/Unifor, pego esse ônibus todos os dias e eu não sei explicar exatamente, como eu me sinto vivendo dentro deles todos dias, as vezes é solitário, pelas pessoas não se comunicarem e às vezes solidário, de ajudar aquelas pessoas com bolsas enormes que carregam para seus trabalhos e faculdades. Acredito que uma das maiores qualidades daqui é o Wi-fi (me desculpe a superficialidade da coisa, mas é uma verdade), porém a maior de todas a qualidade daqui, é quanto de lugares que eu conheço por Fortaleza, e conheço todos os dias, pois a cada olhar é uma descoberta nova. Desde o Pici, até Unifor, vivo uma euforia silenciosa e interna com os meus fones, meus olhos atento às pessoas que se encontram e aos lugares que eu conheço todos os dias. É lindo, é estranho e ao mesmo tempo puro.
Diante dessa minha mediação sobre os cantos da minha vida em Fortaleza, a única coisa que eu tenho a expressar por fim é que essa cidade é um pequeno tão grande diante dos seus detalhes, é igual e tão diferente nas suas pessoas, nos seus olhares, aqui é encontrado tudo para você e desacreditado ao mesmo tempo, é um mar de emoções intensas e únicas pela sua cultura tão afetante. Minha Fortaleza é poderosa pela nossa força e carismática pelo nosso amor que aqui é encontrada sempre a luz mesmo quando estiver "avechado".
Texto por: Anderson Cavalcante Pires