Segundo Lévy,
no livro “O que é o virtual?”, o virtual é definido como, ao contrário do que
muitos pensam, o que existe em potência e não em ato. O virtual está no
imaginário, mas ele existe, ele apenas não é concreto, ainda (veremos mais a
frente que o virtual pode tornar-se material, concreto, através do processo de
atualização, uma vez que o virtual é um complexo problemático que procuramos solucionar,
ou seja, transformar em atual).
Relacionando esse conceito ao filme “A Origem”, podemos identificar que
o virtual no contexto do filme é a ideia que deverá ser implantada por Cobb
(Leonardo Dicaprio) na mente do herdeiro, Richard Fisher (Cillian Murphy), de
um império econômico, após a morte de seu pai. A ideia é que o herdeiro
desmembre o império, acabando assim com a concorrência com a empresa de Saito (Ken Watanabe), contratante de Cobb.
O objetivo de Cobb na implantação dessa ideia na mente do herdeiro é
que a mesma passe de virtual (não concreto) para atual (concreto), ou seja,
que o herdeiro, após acordar do sonho,
ponha em prática a ideia de desmembrar o império de seu pai, e para isso, Cobb
usa técnicas, através de seu experiência, para alcançar o objetivo. Lévy chama
esse processo de virtual para atual de atualização.
O ideal é que esse processo de atualização leve o virtual para o atual,
mas é mais comum que a atualização seja direcionada para outro processo, a
virtualização (gera o virtual, um novo virtual), ou seja, no meio do processo
de atualização surgem novos problemas, nesse caso, teremos que procurar novas
soluções (atualização), tendo em mente sempre o objetivo final: o atual.
No filme “A Origem” observamos isso claramente, na trama, no meio do
processo de atualização, surgem sempre novos problemas (que devem ser
solucionados para o alcance do objetivo final), por exemplo: a esposa de Cobb,
que confunde sua cabeça, a defesa criada pelo corpo do herdeiro, que dificulta
na implantação da ideia, a “morte” de Saito no sonho, entre outros novos
problemas.
Por fim, o filme tem um final subjetivo, onde não temos certeza se o
objetivo final (transformação da ideia, o virtual, em algo concreto, o atual –
o império ser desmembrado, na prática) é conquistado, uma vez que os
personagens mergulham tanto no universo onírico, que fica impossível saber
quando estão acordados ou sonhando. Mas, na minha interpretação pessoal,
acredito que o objetivo foi conquistado, uma vez que os métodos utilizados
(atualização) foram bem convincentes.
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