sexta-feira, 9 de setembro de 2011

O passageiro fixo


Imagine só, você resolve fazer uma viajem para outro país e durante o vôo sua nação sofre um golpe de Estado e tem o seu poder tomado. Você perde a nacionalidade pelo fato de o país estar em guerra e sem visto para adentrar ao solo estrangeiro torna-se um detento no aeroporto. Foi isso que aconteceu com Viktor Navorski interpretado por Tom Hanks no filme “O Terminal”, que sem nada a fazer, ele acaba por tocar a vida para frente ali mesmo, no terminal do aeroporto.

Navorski teve seu lugar de passagem transformado em um lugar fixo, e assim ele adquiriu uma experiência autêntica, onde ele foi levado a analisar, vivenciar e ter a sensibilidade de perceber o que nenhum dos outros passageiros que tinham um fluxo contínuo no aeroporto haviam tido.

Conforme o conceito de Flanêur, o homem moderno tornou-se incapaz de exercitar experiências por causa da ascensão da era industrial. Pois, hoje somos expostos a um processo desumanizante, e com isso não vivemos mais uma experiência autêntica. Interessante é que a gente só percebe isso quando por algum motivo somos levados a uma experiência onde o não lugar torna-se um lugar.

Trazendo isso aos nossos dias e situações mais comuns, podemos perceber que com essa urbanização acelerada e caótica, nós como ‘passageiros’ dos locais da nossa rotina, por exemplo, faculdade e trabalho, não somos dotados do olhar flâneur definido como um observador, que está fora de casa, mas sente-se em todo lado na sua própria casa e pode ver o mundo, estar no centro, mas ainda assim permanecer oculto a ele.

Pois, em meio à evolução da sociedade com as mudanças político e sociais, a globalização, os avanços tecnológicos e científicos, o homem adaptou-se a novas formas de viver e a um novo ritmo bastante acelerado.

Tudo isso acarretando uma exigência de agilidade e perfeição, nos conduzindo a um grande número de afazeres.

E já não importa mais a idade, desde cedo somos cobrados por nossos pais, por nossa instituição de ensino a gerar bons resultados.
Com isso, perdemos a sensibilidade para observar o que acontece conosco e ao nosso redor.

Nenhum comentário

Postar um comentário

© SITe
Maira Gall