O longa, de 2004, dirigido por Steven Spielberg, retrata de forma irreverente e, ao mesmo tempo, dramática a passagem de um cidadão do país fictício Krakozhia, interpretado brilhantemente por Tom Hanks.
No aeroporto de Nova York, Viktor Navorski tem seu visto de entrada nos Estados Unidos negado, pois seu país sofre um golpe. Assim, ele se vê preso no terminal do Aeroporto Internacional John F. Kennedy, sem permissão para voltar ao seu país de origem, nem pôr os pés em solo americano.
Neste terminal, Viktor Navorski passa os próximos nove meses. Sabendo apenas algumas palavras em inglês, o personagem vai se adaptando a essa nova situação. Lá ele encontra amigos, um emprego e até a bela comissária de bordo Amelia Warren, interpretada por Catherine Zeta-Jones, com quem ele tem um caso amoroso.
Este filme ilustra claramente a ideia de não-lugar, proposta por Marc Augè, onde um lugar de passagem passa a ser um lugar com alguma identidade pessoal. Em "O Terminal", o personagem cria vínculos, consegue emprego e constrói seu mundo em um espaço não convencional.
O mais interessante na narrativa é que o autor retratou o conceito e sociedade atual, a supermodernidade, com características marcantes baseadas, principalmente, no excesso: "excesso de acontecimentos, de espaço e de individualismo", onde os lugares que deveríamos apenas passar, tomam conta de boa parte do nosso dia.
É certo que o caso de Viktor Navorski é completamente inusitado, porém, em um dos diálogos do filme, a comissária de bordo Amelia Warren também se vê nesta posição de que o aeroporto é seu lar, seu lugar.
É o não-lugar mudando sua forma. E de que forma o não-lugar está presente no nosso dia-a-dia? Ora, passamos mais tempos nos engarrafamentos do que no destino. Mais tempo no trabalho do que em casa. E as ruas, não-lugares por excelência, passam a fazer parte da nossa vida.
Curiosidade:
O filme "O Terminal" parece ter sido inspirado na história real de Merhan Karimi Nasseri. Um refugiado iraniano que viveu no Terminal 1 do Aeroporto Charles de Gaulle, perto de Paris, de 1988 a 2006.
Por ter participado dos movimentos ingleses a favor da retirada do poder do xá iraniano Mohammed Reza Pahlavi em março de 1974, foi perseguido e torturado no Irã em 7 de agosto de 1975 pela polícia secreta iraniana SAVAK.
Após conseguir escapar do país, fugiu para a Europa, mas ao fazer escala em Paris, perdeu seus documentos e teve de ficar retido na área de espera do aeroporto, onde viveu até Julho de 2006 por razões legais.
Não há nenhum relato oficial de que o filme tenha sido realmente inspirado nesta história, porém, é muito curioso que alguém possa viver dentro de um aeroporto durante tanto tempo.
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