segunda-feira, 26 de setembro de 2011

A Origem - Atual e Virtual

Júlio César Alves Lopes 24AB


“A Origem” é mais um filme que trata de uma maneira excelente a percepção da realidade, fazendo os personagens do filme e os próprios telespectadores se perguntarem sobre o que é o atual e o que é virtual, representado no filme como o mundo dos sonhos. Durante o sono de “A Origem”, a relação atual/virtual é totalmente instável, com perigo de terremotos e outras catástrofes dependendo não só da imaginação, mas também da condição física e ambiental de quem sonha, como podemos ver em várias cenas onde o mundo virtual criado sofre alterações quando o corpo adormecido do sonhador passa por alguma situação fora do normal de um sonhador, que seria, no caso, seu corpo em repouso. Podemos muito bem identificar a presença do conceito de Virtual no filme, como algo que não é concreto. Virtual é tudo aquilo que não é palpável, geralmente alguma abstração de algo real, ou seja, o mundo criado nos sonhos.

O filme é dirigido e também escrito por Christopher Nolan, que achou interessante falar sobre a dúvida entre sonho/realidade, quando sabemos que a experiência é sonho, e quando o confundimos com a vida acordada. No mundo dos sonhos as possibilidades são íntimas e infinitas, e a partir daí sempre surgem às dúvidas “quem nunca pensou ter sonhado algo que aconteceu? Quem nunca acordou e continuou o mesmo sonho quando voltou a dormir? Quem nunca sonhou com o barulho que escutava enquanto dormia?”. O filme pega questões factuais do nosso sonho e o aplica de forma extrema no filme, por isso parece tão chocante, pois é algo que nós também passamos durante toda a nossa vida enquanto sonhamos.

Cobb (Leonardo DiCaprio), o personagem principal, trabalha invadindo os sonhos das pessoas, descobrindo onde eles guardam seus segredos mais valiosos, para depois disso, roubá-los. Para não ficarem presos no mundo dos sonhos, cada um devia ter um acessório, o totem, que os ligasse ao mundo real, atual. Como o mundo virtual é muito íntimo, o personagem principal é atormentado pela imaginação de sua mulher, que o persegue, misturando as lembranças pessoais de Cobb a seus objetivos profissionais. A missão principal do filme trata-se de um trabalho que Cobb fará para o empresário japonês Saito (Ken Watanabe), onde Cobb não precisará apenas roubar um segredo no sonho de alguém, ele terá, através do sonho, que implantar uma nova ideia num ser humano, enfrentando toda a psique do mesmo até conseguir fazê-lo, correndo o risco de ficar para sempre preso no limbo. No final, após concluir completamente a missão, Cobb recebe como pagamento a chance de entrar nos Estados Unidos, país o qual era procurado pelo assassinato da sua esposa Mal (Marion Cotillard), então vai ver seus filhos novamente. Quando os encontra, ele sai com os filhos e o foco fica no seu totem, um peão, que está rodando sobre a mesa e acaba deixando a dúvida para o telespectador, que não sabe se o peão caiu ou continuou rodando, ou seja, acabamos não sabendo se a cena acontecia no mundo atual ou no mundo virtual, já que seu totem já não tinha utilidade, pois todos já haviam visto, e até tocado, perdendo sua característica única.


“Os sonhos parecem reais enquanto estamos dentro deles.
Apenas quando acordamos nos damos conta de que eles foram,
na verdade, muito estranhos.” Dom Cobb, em Inception

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