quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Distância real X Aproximação virtual .

Esse duelo já está consolidado na nova sociedade. A sociedade das novas mídias e suas tecnologias,onde a interação entre os indivíduos acontecem através de uma tela de computador. O filme "MEDIANEIRAS" , que se passa em Buenos Aires,retrata exatamente esse distanciamento entre os indivíduos, uma cidade totalmente cosmopolita cercada de muitos prédios,muitas pessoas e muita pressa. Martin e Mariana, protagonistas de uma história que nos é bem comum, que acontece sempre com pessoas próximas a nós ou até com nós mesmo.
Ele, um jovem solitário, inquilino de um apartamento de poucos metros quadrados, aficionado por internet, passa maior parte do seu tempo de frente ao computador, tem como único companheiro um cachorro,deixa pela ex-namorada. Ela, moça jovem desiludida com fim de um relacionamento, frustrada com a profissão de arquiteta, constrói manequins e cuida de decorações de vitrines, os bonecos são as representações mais próximas de seres humanos com a qual ela se relaciona.
No texto, Bauman retrata o quanto os indivíduos se sentem mal,inquietos ou até vazios quando estão desconectado das redes sociais ou sem celular, isso porque não estão estabelecendo uma relação,através da internet.É como se estivessem desconectados com o próprio mundo criado virtualmente.


Efeitos da inclusão digital - Eis o grande desafio do novo mundo. 

Marcado por novas tecnologias e progressões cada vez mais constantes no universo digital, assim pode ser definido o mundo contemporâneo. Da mesma forma que aproxima as pessoas, restringe e causa comodidade nas relações, provocando efeitos negativos consideráveis do ponto de vista social. O filme "Medianeras" mostra de forma bastante clara essa realidade. Dois jovens argentinos têm seus destinos cruzados paralelamente, mesmo sem contato físico. Enquanto Martín vive aprisionado em seu apartamento de poucos metros quadrados (e em seu próprio mundo), Mariana questiona os péssimos acontecimentos sequenciais em sua vida, dentre elas, a frustração pela profissão e o fracasso do casamento. 


No longa, também é atribuído que o individualismo e a modernização são fatores preponderantes para o assentamento dessa problemática, dificultando a proximidade dos indivíduos e, de certa forma, trazendo solidão e desalento aos que estão inseridos nessa realidade. Exatamente como descreve uma das primeiras cenas do filme:

"Buenos Aires cresce descontrolada e imperfeita. É uma cidade superpovoada em um país deserto. Uma cidade onde se erguem milhares e milhares de prédios sem nenhum critério. Ao lado de um muito alto, tem um muito baixo. Ao lado de um racionalista, tem um irracional. Ao lado de um em estilo francês, tem um sem estilo. Provavelmente estas irregularidades nos refletem perfeitamente, irregularidades estéticas e éticas. Esses prédios que se sucedem sem lógica, demonstram total falta de planejamento. Exatamente assim é a nossa vida, que construímos sem saber como queremos que fique... É certeza que as separações e os divórcios, a violência familiar, o excesso de canais a cabo, a falta de comunicação, a falta de desejo, a apatia, a depressão, os suicídios, as neuroses, os ataques de pânico, a obesidade, a tensão muscular, a insegurança, a hipocondria, o estresse, o sedentarismo, são culpa dos arquitetos e incorporadores. Estes males, exceto o suicídio, todos me acometem"


Contextualizando o filme com o texto "Amor Líquido", podemos perceber a discrepância da ideia defendida por Zygmunt Bauman. Segundo o autor, qualquer tipo de relação só pode ser definida verdadeiramente a partir do contato físico e que todas as outras medidas de aproximação, ou seja, as facilidades trazidas pelo mundo moderno, acarretam uma individualidade implícita, origem de todos os problemas nesse aspecto.

Cibele Juliana Lima Farias.




Relacionamento: Virtual x Real, Sentir x Proteção, Presença x Ausência.

Neste texto pretendo fazer uma relação entre o filme “Medianeiras” e um texto de Zygmunt Bauman, do livro “Amor Líquido”.

ATENÇÃO: o texto contem espoiler.

O filme mostra uma cidade superlotada, uma metrópole, Buenos Aires, de tudo(prédios, anúncios, aparelhos eletrônicos, fios...), e por todos que lá vivem.
A história retrata o relacionamento nos tempos da realidade virtual.
Martin, um webdesigner, fumente, fóbico social em tratamento, começa a exercitar o Flanerismo[Flanerie(ver Momento de Cultura: “http://sociedadedeinformacaoetecnologias.blogspot.com.br/search?q=O+Olhar+Fl%C3%A2neur”, por recomendação psiquiátrica.
A namorada de Martin deixou uma cadela com ele, ao terminar o namoro. Isso o forçou a sair mais de casa, para deixar o animal mais feliz, pois este sofria do mesmo mal que ele, sociofobia.
Essa doença psíquica, a fobia, seja ela qual for, é mostrada no filme como algo comum em grandes metrópoles. Também é mostrado como ele é “cultivada” pelas pessoas. Zygmunt Bauman, diz: “Dentro da rede, você pode sempre correr em busca de abrigo quando a multidão a sua volta ficar delirante demais para o seu gosto.”
No filme a cena que melhor retrata esse caso, é um monologo de Martin, falando sobre como ele tem sociabilizado-se nos últimos anos, ou seja, via internet.
Martin conhece duas mulheres antes de Mariana, que lhe passam a mesma “mensagem” de vida, “desapegue-se de alguém”. Pois Martin procura alguém para acabar com sua solidão, usando as redes sociais, e mesmo usando essas ferramentas ele não consegue achar ninguém.
Sobre esse “desapegar-se”, Zygmunt Bauman fala a respeito desse “não se envolver”, usando as redes sociais.
Zygmunt Bauman, também fala sobre a utilização do celular para que você possa “estar” presente, mesmo estando “ausente”. E isso é retratado de forma clara no filme, quando Martin encontra a primeira mulher, que recebe mensagens de uma outra, e dá o “fora” nessa virtualmente.
Zygmunt Bauman discorre também sobre a temática do “sentir”, versos, a “proteção”. Ele fala sobre a facilidade que as pessoas tem de evitar as outras e apaga-las devido as novas tecnologias, a cena que melhor retrata esse momento é a cena em que Mariana apaga as fotos do seu ex-namorado, após 4 anos de namoro.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Medianeras



Em uma cidade cosmopolita e altamente urbanizada como Buenos Aires, dois jovens vivem de forma semelhante e fisicamente próximos, mas suas formas de lidar com o espaço em que vivem os impedem de se encontrarem. Ambos parecem buscar algo a mais para preencher a monotonia de suas rotinas. Seja em encontros efêmeros com pessoas aleatórias ou passando dos limites da moral com objetos inanimados, mas uma coisa que os une, mesmo estando separados, é o uso das novas tecnologias como forma de remediar esse vazio.

A internet é mostrada no filme Medianeras, de Gustavo Taretto, como um último canal de interação humana, onde todos os outros se tornaram inválidos. O contato físico e pessoal se tornou raro. Todas essas características se assemelham ao discurso de Zygmunt Bauman.

O sociólogo polonês Zygmunt Bauman diz que as relações de hoje em dia são "líquidas", em que acontecem com facilidade, mas se desgastam e se acabam da mesma forma. Tudo transcorre com muita fluidez, sem que se esbarre em obstáculos. Relações tão efêmeras tendem a serem terminadas na mesma velocidade em que começaram.

No filme Medianeras, essa ruptura de paradigma só ocorre quando os personagens enfrentam a realidade física, ultrapassando essa barreira e concretizando a relação no mundo real.


Medianeiras X Amor líquido




O filme argentino Medianeras, de Gustavo Tarett, retrata os encontros e desencontros de dois jovens que vivem em Buenos Aires, uma cidade urbanizada e cosmopolita. Eles possuem dificuldade em relacionamentos, um fenômeno que é bastante comum em uma sociedade moderna, o qual o sociólogo polonês Zygmunt Bauman define como "Amor Líquido".

Wally é viciado no mundo cibernético, e por muitas vezes, procura relacionamentos virtuais, enquanto Mariana tem dificuldade de qualquer tipo de relacionamento. Eles vivem no meio de uma multidão, porém, completamente solitários. Tal fato ocorre devido ao avanço das novas tecnologias. Com o surgimento da Era Cibernética, o mundo ficou mais rápido. Consequentemente, as relações interpessoais. Eles são vizinhos, se cruzam inúmeras vezes em lugares diferentes, mas nunca se encontram.


Mariana passa pela experiência de ter um relacionamento longo de quatro anos, e um dia se deparar com um completo estranho, a ponto de sentir medo. Wally chega a conclusão de parceiro em internet é que nem BigMac, sempre mais bonitos e suculentos nas propagandas. O que mostra que o mundo virtual é distorcido da realidade.

Segundo Bauman, os indivíduos atualmente buscam relacionamentos efêmeros, pouco duradoros, em grande quantidade e baixa qualidade. Antes mesmo de buscar um contato físico, procuram um contato virtual, deixando de lado o mundo real. 




Medianeiras

O filme logo no início, já traz a tona toda a melancolia que, mesmo sendo uma capital grande, com edifícios enormes, projetos super desenvolvidos e estruturas bonitas o abatimento de Martyn, o primeiro protagonista que vive enclausurado em seu apartamento, depressivo e inconformado da maneira em que Buenos Aires foi construída e formada. Martyn que trabalha em casa, sai pouquíssimas vezes de seu aconchego, pois está em fase de recuperação. Ele vive conectado, não consegue ficar sem a internet e os benefícios que ela o proporciona, nem na parte em que ele sai e é uma forma de libertação porém, dentro da sua pequena mochila o se "kit de sobrevivência" e claro, computador e Ipod não podem faltar.
Mariana a segunda protagonista e última não tem a vida tão diferente de Martyn, uma jovem arquiteta e tão melancólica e dependente do mundo virtual quanto Martyn. Eles são tão presos a tecnologia que, nem se dão conta que são "vizinhos" e acabam se conhecendo pelo o meio mais amigável dos dois: a internet.

É incrível como a história do filme retrata o nosso hoje em dia. As pessoas estão cada vez mais conectadas à internet e fazem quase tudo por ela. Pagamentos? Pra que esperar horas em filas de banco? A internet está lá pra isso. Encontrar a pessoa amanda então, nem se fala! São milhares de redes sociais e sites que te proporciona a achar o "amor da sua vida", para mim isso é triste. É triste saber que enquanto vivemos a nossa vida está passando e, gastamos muito o nosso tempo em trabalhos e não temos tempo nem de olhar ao nosso redor e focar no valor da vida. A vida está sugando cada vez mais o ser humano e, não temos realmente mais tempo, estamos nos socializando pelo meio da internet.

Bauman em seu tento "Amor Líquido" retrata muito esse fato de que é quase impossível você passar por pessoas e, elas não estejam falando ou digitando no celular, não importa se é um passeio a dois, ou em um jantar de família, haverá sempre alguém conectado. Acaba afastando as pessoas naquele momento e aproximando as pessoas conectadas.

Mas é assim mesmo, como retrata no filme, há casos e muitos deles como vimos. Pessoas apaixonadas e conectadas pelo computador sem saber que moram do lado.

Apostar todas as suas fichas em um número só é a máxima insensatez?

"Medianeiras" retrata uma história muito comum em qualquer cidade grande e que presenciamos de perto, se não em nós mesmos, em pessoas muito próximas.  O filme mostra a história de dois jovens com problemas de relacionamentos, que moram tão perto um do outro e que nunca se 'notaram' de fato mesmo com vários encontros em seus cotidianos.
Martin é um jovem viciado em internet e que, até começar a criar um cachoro deixado por sua ex, não via razão para sair de casa, já que era possível resolver todos os seus problemas pela internet. O com o motivo de levar seu cão para passear, agora ele tinha uma razão para ver o que acontecia lá fora.
Mariana é uma jovem arquiteta e que depois de um relacionamento superficial de 4 anos, não tinha tido contato físico com outras pessoas. Seu companheiros eram os usuários do mesmo site de relacionamentos que ela participava e com os manequins da vitrine de uma loja na qual era era responsável de decorar.

"A proximidade virtual a pressão que a contiguidade não virtual tem por hábito exercer. Ela também estabelece o padrão para todas as outras proximidades. Toda proximidade está agora no limite de medir seus méritos e falhas pelo modelo da proximidade virtual."
Essa é uma citação feita por Zygmunt Bauman e que pode ser encaixada muito bem no contexto do filme relatado.
 Bauman fala que no mundo de hoje, a realidade é a da variedade virtual. As pessoas não prezam mais pelo contato físico e que preferem o virtual pela facilidade e a flexibilidade que existe ao evitar um relacionamento direto com alguém. É muito mais fácil conviver com alguém que você não precise olhar nos olhos quando fala, pois assim você não sabe verdadeiramente o que se passa em sua cabeça assim como é mais simples esconder o que você realmente pensa ou simplesmente deletar essa pessoa da sua lista de amigos e nunca mais estabelecer um novo contato.
 Bauman também fala que quanto mais forte os laços estabelecidos também é mais fácil de se decepcionar.

Todas essas afirmações podem ser notadas muito claramente na vida do jovem casal mostrado no filme. Porém, mesmo concordando com o que Bauman fala sobre a conturbada forma de relacionamentos nos dias de hoje, não podemos desconsiderar  a superação que é o final do filme, quando finalmente Mariana consegue enxergar Martin, que era quem ela sempre procurava.
Bauman pode estar certo, mas em meio a essa certeza toda temos que considerar que toda regra existe uma exceção e que mesmos aqueles mais abalados e complicados emocionalmente conseguem de uma forma ou de outra encontrar seu "wally". Cabe a nós contornar esse meio virtual e aproveitar o que há por fora de nossas casas.

Laços humanos


Na sociedade em que vivemos cada vez está mais difícil de se comunicar pessoalmente com as pessoas, tudo é resolvido pela internet ou telefone, as pessoas fazem negócios , tem relacionamentos sem ao menos se ver. A  comunicação muda a cada vez que a tecnologia se diferencia, a comunicação entre as pessoas modica fica junto, antigamente você encontrava as pessoas sem precisar ligar para saber aonde ela estão, hoje em dia é quase impossível você encontrar alguem sem ligar. 

Você está sempre conectadado segundo Bauman, mesmo você estando em constante movimento e os remetentes ou destinatários invisíveis das mensagens recebidas e enviadas também estejam em movimento, cada qual seguindo suas próprias trajetórias. Sendo assim, você acaba não percebendo quem está a sua volta. Mas eu acredito como Mariana do filme Medianeiras que ainda tem como encontrar o Wally, perdido pela cidade.




Pessoas que vivem em constante solidão, que tem vergonha ou não gostam de se comunicar pessoalmente, elas criam um laço de comunicação através da internet e redes sociais, que foi o caso da Mariana, ela se sentiu muito mais confortável em conversar com uma pessoa através de uma rede social, do que pessoalmente que no caso ela fugiu de um jantar.

Segundo Bauman, os laços humanos são uma benção e uma maldição ao mesmo tempo. Benção por ter confiança numa pessoa e se sentir capaz de fazer algo por ela, o que não existe na “amizade Facebook”. 
Bauman lamenta que muitos jovens não sabem a riqueza que perderam, porque não viveram esse tipo de amizade. A maldição vem porque, quando se cria um laço, faz-se uma espécie de juramento de estar sempre ao lado do outro. “Você empenha seu futuro”, diz. Hoje, porém, “vivemos como pessoas solitárias numa multidão de solitários”.

Internet e Telefonia Celular. Tem o papel de Unificar ou afastar as pessoas?


Internet e Telefonia celular
Tem o papel de Unificar ou Afastar as pessoas?
É exatamente esta a provocação que o filme “Medianeiras” e o texto “Amor líquido” do Bauman nos faz. Como estão sendo iniciados, construídos e mantidos os relacionamentos na era das “Relações Virtuais”. Martin e Mariana contam de uma maneira muito engraçada suas próprias experiências, sejam estas sociais, afetivas ou profissionais e que facilmente podemos identificar como parte da nossa realidade. Para os otimistas,ou seja, para os que acreditam que esta novíssima ferramenta surgiu para nos ajudar a resolver os problemas simples do cotidiano sem precisar sair de casa, com a facilidade e comodidade que somente a internet pode proporcionar. Vale lembrar uma cena do segundo bloco do filme (Um Inverno Longo), em que Martin fa uma reflexão de como a internet justamente por essa comodidade que lhe é característica o aproximou do mundo e o distanciou da vida. Martin conta: “Faço coisas de banco e leio revistas pela internet... baixo música pela internet, ouço rádio pela internet... Compro comida pela internet, alugo ou vejo filmes pela internet... Converso pela internet, estudo pela internet... jogo pela internet, faço sexo pala internet...

A discussão que Martin gera é que se essa facilidade trazida pela rede não acaba por desencadear grandes dificuldades no convívio social dos indivíduos, pois estes não precisam mais conviver em sociedade para o desempenho de atividades comuns, já que tudo pode ser feito sozinho e isoladamente, apenas com a ajuda de um computador. Mas ser humano não significa necessariamente ser um ser social? O que leva a crer que o nosso processo de humanização se dá não só através da linguagem, mas também através do processo de socialização. Será que pelo fato de passar tanto tempo dentro de seu apartamento na frente de um computador criando sites e não interagir com o meio social fez com que Martin desenvolvesse dentre outras doenças a fobia de pessoas?


Aos 51 minutos e 30 segundos do filme, Martin conhece uma psicóloga em um site de relacionamentos, mas se decepciona ao conhecê-la pessoalmente. Martin diz que esses encontros são como combos do MacDonald’s. Nas fotos, é tudo de melhor, maior e mais apetitoso. Cada vez que vou a um encontro tenho a mesma decepção que vem diante de um Big Mac. Louise France comenta no texto: Para os atuais corações solitários, as discotecas e bares para solteiros são uma recordação distante, conclui ela. Eles não adquiriram (e não temem não ter adquirido) o suficiente em termos de ferramentas de sociabilidade que fazer amigos em tais lugares exigiria. Além disso, os namoros pela internet tem vantagens que os encontros pessoais não têm: nestes últimos, o gelo uma vez quebrado, pode permanecer quebrado ou derreter-se de uma vez por todas, mas no namoro pela internet é muito diferente. Como confidenciou um entrevistado de 28 anos da universidade de Bath: “Você sempre pode apertar a tecla para deletar. Deixar de responder a um email é a coisa mais fácil do mundo”, conclui.


E para concluir a fala de Mariana no terceiro bloco do filme (finalmente primavera) se faz necessária. Ela questiona se essa imensidão de cabos serve mesmo para unir ou para afastar as pessoas. Quando vamos ser uma cidade sem fios? Que gênios esconderam o rio com prédios, e o céu com cabos? Tantos quilômetros de cabos servem para nos unir... Ou para nos manter afastados cada um no seu lugar? A telefonia celular invadiu o mundo prometendo conexão sempre. Mensagens de texto. Uma nova linguagem adaptada para 10 teclas. Que reduz uma das línguas mais lindas... A um vocabulário primitivo,limitado e gultural. “O futuro está na fibra óptica”, dizem os visionários. Do trabalho você vai poder aumentar a temperatura da sua casa. Claro, ninguém vai esperar você com a casa quentinha. Bem vindos à era das relações virtuais.  E você o que pensa disso?

Meu EU, convivendo com a "Solidão Urbana".


Diante do filme “Medianeras”, que aborda um assunto sobre cultura virtual, e associando com o texto amor líquido, onde Bauman relata a fragilidade humana, o relacionamento do homem com a Internet está cada vez mais próximo e íntimo.
Podemos afirmar que Martín, é um homem totalmente acostumado com a solidão, procura sua distração nas redes sociais, e o fator trabalhar em casa, ter sido largado pela namorada, deixa ele mais próximo da vida virtual. Ele tenta uma socialização pela sociedade “online”, assim podemos dizer. A Mariana, é uma moça com traumas, abandonada por seu namorado, que procura se socializar com outros, mas não consegue. E apenas com a ferramenta Internet, ela encontra alguém que se parece com ela.
Bauman apresenta uma forma bem divertida de relatar os novos costumes da nossa sociedade diante das tecnologias. Em seus fragmentos de texto, eu consigo me identificar em diversas partes do texto, e não só eu, como identifico muitos que convivem comigo, que se fazem presente nesse texto tão cheio da nossa realidade distante, e tão perto ao mesmo tempo.
Todos nós esquecemos de tudo ao nosso redor, quando estamos diante da tela do pc, ou melhor, entramos em um mundo, o nosso mundo. Lá só existe o que queremos, só aparece no que clicamos e escolhemos. Estamos vivenciando a era da “solidão urbana”, tudo existe, tá lá, mas procuramos nos encaixar na tela de celular ou de um computador. Deixamos passar momentos únicos, alegrias, fatos inéditos, à procura de um click.
E o filme mostra isso diversas vezes, e mais, essa “solidão” faz as pessoas procurarem se apegar com o que não existe, procuram se encontrar no que cala e não palpita, só relata, ou criando animais, pra dizer que tem companhia.
Uma das partes mais interessantes do texto, foi quando ele relata que os compromissos pela net são “mais duradouros”, pela questão de realmente não haver compromisso, e com um simples "delete", uma conversa será apagada, um detalhe será esquecido.
Pessoas se encontram todos os dias, mas não se falam, na verdade não se vêem, só se comunicam através dos dedos eufóricos em um teclado.
Um mundo onde nem tudo existe!

Solidão Urbana.


O filme medianeiras narra a historia de dois jovens que tentam se libertar da solidão, que a cultura virtual e a arquitetura de Buenos Aires acarretaram em suas vidas. Fala sobre a solidão que estamos acostumados a vivenciar no nosso dia a dia,aquela que sentimos mesmo quando estamos rodeados por pessoas, a solidão urbana.

O casal Martin e Mariana que vive no mesmo quarteirão sempre cruzam os seus caminhos, porém, nunca chegam a se encontrar fisicamente. Eles caminham pelos mesmos lugares mas não percebem a presença do outro
A trama possui um roteiro atual, moderno pois mostra de uma determinada forma, que com a tecnologia e a globalização, os relacionamentos das pessoas uns com os outros ficaram cada vez menor, ou seja, o convívio diário e a oportunidade de poderem se envolver e criar algum tipo de relacionamento se torna cada vez mais difícil.

Bauman coloca justamente essa questão na sua obra amor liquido, ele retrata os relacionamentos do século XXI e deixa a mensagem de que nenhuma tecnologia substitui uma convivência diária entre duas pessoas.


O filme fala sobre encontros e desencontro que acontecem no cotidiano da sociedade de hoje, mostrando dois personagens, Martin e Mariana que são “parecidos” no seu modo de vida, se encontravam toda hora, e, nunca se encontravam de fato. Onde foi necessária a conexão ao mundo virtual para que o relacionamento fosse aos poucos nascendo, e que, por um acaso Mariana enfim acha o “Wally” que estava faltando na cidade, que se trata de Martin, passeando com seu cachorro no meio da confusão da cidade grande, e por fim os resolvem abrir uma janela que fica exatamente virada uma para outra, no meio de imagens publicitarias. Na obra Amor Líquido, Balman consegue nos mostrar, este novo modo, em que caminha as relações amorosas do século XXI e destaca que a as relações de hoje são sem vínculos, frágeis e cercados de incerteza. Por isso Bauman estende o conceito “liquido”.

A Era do Amor Líquido

O filme "Medianeras: Buenos Aires da Era do Amor Virtual." traz à tona uma reflexão sobre como são desenhadas as relações cotidianas nas grandes metrópoles do mundo- nesse caso específico em Buenos Aires- e o quanto esses laços parecem frouxos, incertos e superficiais. É contraditório que em uma cidade onde existam tantos fios interligando os postes, as pessoas estejam cada vez mais distantes umas das outras e adeptas de um estilo de vida sedentário solucionando desde pagamentos em bancos até o pedido de comida em domicílio através da internet.


         " Buenos Aires é uma cidade que cobre o seu rio com prédios, e o seu céu com fios."

O filme tem como personagens centrais dois jovens: Martín um fóbico, solitário e em processo de recuperação que divide o seu apartamento com uma cadelinha (Susú) deixada aos seus cuidados por uma ex-namorada que foi morar nos EUA.  E Mariana uma jovem arquiteta que trabalha provisoriamente como vitrinista de uma loja sofre de claustrofobia mora sozinha e está tentando se adaptar a uma vida solitária após ter terminado um relacionamento de quatro anos. Ambos moram no mesmo quarteirão e embora conversem em bate-papos virtuais costumam cruzar pela cidade sem perceberem um ao outro. Ela, tem como hobby buscar por Wally, o personagem de seu livro, e afirma já tê-lo encontrado na praia, no shopping, mas nunca o achou na cidade.




Esse tipo de relacionamento é o foco a ser tratado no filme, a sensação de sentir-se só no vazio, mesmo quando se estar cercado de gente. As pessoas não se conhecem mais, se relacionam virtualmente com inúmeros amigos nas redes sociais, nos sites de bate-papo, mas não dizem sequer um "olá" para o vizinho, podemos estar juntos de muitos mas permanecemos isolados de todos. Construímos no nosso dia a dia as "medianeras" sociais que nos mantêm separados e até protegidos uns dos outros, e daí surgem os males tão vigentes hoje na sociedade: "Fobias, depressão, apatia, medo, obesidade, suicídios, ataques de pânico." Tudo isso oriundo da nossa distância tão falsamente integrada por meio de fios e cabos que atravessam as cidades.

"Afinal para que servem todos esses cabos de fibra óptica? Para nos unir ou para nos manter ainda mais isolados, cada um em suas casas?"


Somos inquilinos de nós mesmos.


Fotos retiradas da internet

Vivemos em uma década que, segundo o relato do personagem Martin do filme "Medianeras",  cultivamos a cultura do inquilino, que dá a impressão de que estamos sempre de passagem em nossas próprias vidas. E o uso da internet abre ainda mais essa possibilidade, tornando-nos expectadores do cotidiano, fazendo a gente se identificar sempre em algum aspecto com os protagonistas do filme.

O filme "Medianeras" se passa em Buenos Aires e conta as histórias aparentemente independentes de dois jovens com suas vidas frustradas, o que acaba se refletindo em seus relacionamentos desconcertantes. Tudo se reflete ao trecho de Bauman: "Quando a qualidade decepciona, você procura  a salvação na quantidade". Depois de relacionamentos que não deram certo, o contato pessoal se tornou mais difícil, tornando ambos pessoas reclusas. 


Mariana encontra o meio digital para se referir ao seu antigo namorado, e diz: "Quem me dera um simples clique me fizesse esquecer de tudo".O real desejo de Mariana sempre foi que, assim como os laços criados através das redes, seus sentimentos se tornassem banais e deletados da memória.


Já Martin acredita que a internet o aproximou do mundo, mas o distanciou da vida. Ele usa todos os recursos que a internet possa lhe oferecer, desde trabalho a lazer, o privando de uma vida real. Segundo Bauman "a distância não é obstáculo para se entrar em contato - mas entrar em contato não é obstáculo para se manter à parte". Mesmo com a aproximação que a era digital proporcionou, nada realmente é palpável, é tudo muito líquido.

No desenrolar do filme, você percebe que os dois protagonistas têm tudo em comum, mas mesmo morando próximos, o encontro "offline" demora a acontecer. Vivemos em um mundo sempre conectados, que acabamos deixando os dias escorrerem nas nossas mãos. 
A mensagem que Bauman deixa é que mesmo nas melhores das intenções de se usar a internet para conectar e criar laços, nada substitui uma boa conversa olho a olho.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Conexões

Um homem e uma mulher, ambos solteiros, "esbarram-se", por um mero acaso... Em uma sala de bate papo. Mediado por um computador! Esse enredo, simples e direto, pode ser comum para todos nós, já que hoje nos encontramos na chamada idade da mídia.

Partindo dessa ideia, o filme argentino "Medianeras" nos trás uma história interessante. Martyn e Mariana, dois jovens solitários, que apesar de morarem bem próximos, nunca haviam se encontrado. Até que com uma ajuda, do computador (ou do destino), acabam se conhecendo e, consequentemente, apaixonando-se.

As imagens  do filme já dizem tudo sobre quem eles são e do modo como eles vivem, sem nem precisar dos diálogos. Tão imersos em seus mundos que não se atrevem a olhar para os lados, pensam milimetricamente em tudo o que fazem. Isso é visível na cena em que Martyn checa cada item de sua mochila, colocando alí tudo o que acha necessário, como que em  um "kit de sobrevivência", onde, claro, não pode faltar nem seu computador, nem seu IPod.


No mundo em que vivemos hoje, cenas como essas descritas no filme, é algo trivial, normal, comum. Estamos, sempre, tão preocupados com nós mesmos, nossos trabalhos, problemas e afins, que sequer olhamos para aquela pessoa com quem cruzamos todos os dias. E não só isso, achamos que, para diminuir esse individualismo, é só nos conectar à internet que podemos chegar a qualquer pessoa. O que não deixa de ser verdade. Porém, não deixa de ser um pouco triste!

Zigmund Baumam, em seu texto "Amor Líquido" fala muito sobre isso. Sobre como é quase impossível não ver uma pessoa andando na rua sem estar falando ao celular. Ou estar em um café, em um almoço de família, conectado à internet. E esse "estar conectado" (sempre) faz de você não mais um triste ser humano, sem família ou amigos, mas um ser humano ocupado, seguro e até diferenciado por possuir tamanha tecnologia.


"Dentro da rede, você pode sempre correr em busca de abrigo enquanto a multidão à sua volta ficar delirante demais para o seu gosto. Graças ao que se torna possível desde que seu celular esteja escondido com segurança em seu bolso, você se destaca da multidão - e destacar-se é a ficha de inscrição para sócio, o termo de admissão nessa multidão" - Baumam.

Bom, acredito eu, que é possível viver bem com as tecnologias! Apesar de existirem extremos, como é visto no filme e em alguns trechos do texto de Bauman, como já dizia Kant, é só achar o equilíbrio, que esse sim será sempre a melhor saída!

Martín, Mariana, José, Patrícia, Enzo, Anne, Abbud,Najwa...você e eu


Um homem e uma mulher, moradores de uma grande cidade, cada qual com suas fobias, seus medos, trancados (por opção?) em mundos particularizados coletivamente... Essa poderia ser a história de um Pedro e uma Ana, de um John e de uma Emily, mas em "Medianeras: Buenos Aires da Era do Amor Virtual" retrata Martín e Mariana.Vizinhos de quarteirão,distantes e distanciados pela pressa, pelos fracassos, pela incerteza e pela necessidade do "não-se-arriscar" em função da falta de tempo de se cometer erros, os dois personagens revelam a fragilidade das relações no mundo moderno, e como cada um se desconstrói e se reconstrói para atingir o ideal de não sofrimento.

Diante da rapidez, mobilidade e introspecção social possibilitadas pelos meios de comunicação, pelas redes de transporte, pela Internet, pela publicidade e, também, pela arquitetura, as relações se reconfiguraram (e se reconfiguram) aos padrões da instantaneidade e da conectividade. Na falta de garantias, suposto pré-requisito para o sucesso, Martín esconde-se (mesmo quando exposto) atrás de suas neuroses, enquanto Mariana se isola para não ter de quem se esconder, substituindo o mundo real-físico pelo mundo real-virtual, aonde o perecível é veículo de escape.

Pensando mais objetivamente sobre o amor no cenário contemporâneo, Zygmunt Bauman em sua obra "Amor líquido – sobre a fragilidade dos laços humanos" reflete sobre as relações pautadas na conectividade, em que a auto-preservação, a diminuição de expectativas no próximo, o aumento da independência no sentido mais amplo ditam a velocidade e o nível de importância das ligações. Não precisando olhar nos olhos, desenvolver habilidades pessoais de se relacionar, a rede virtual facilita rápidos contatos, de fórmulas gerais, que dão a sensação de controle, já que discordâncias e rompimentos podem ser resolvidos com um clique.

Em seu livro, Bauman investiga o universo da instantaneidade comum à sociedade moderna, exemplificados por Gustavo Taretto em seu filme através de Martín e Mariana. Na tentativa de se escapar de causadores das neuroses do mundo de hoje, faz-se com esses existam e convivam ao nosso lado. A busca pelo desprendimento nas relações age tanto como fator de distância como de aproximação, já que a individualização é partilhada por todos através de uma mesma lógica. 



Torna-se possível então um novo encontro... 


Meu vizinho desconhecido

Logo em seu início, "Medianeiras" já apresenta uma angulação de câmera e narração que denotam afastamento do observador. Os primeiros minutos do filme dão a ideia de estarmos assistindo a um documentário (essa foi minha suposição, inclusive), graças a falta de personagens e os dados sobre Buenos Aires que são ditos na tela.

Após a introdução dos personagens, vizinhos, porém sem qualquer ideia da existência do outro, sendo um isolado no mundo da internet e com um leve trauma pós-término, e uma complexada com relacionamentos e claramente afetada pela lotação da cidade, começamos a perceber melhor as semelhanças do filme e do livro "Amor Líquido", de Zygmunt Bauman. No texto, as novas relações humanas com a chegada dos celulares e da presença constante da internet são tratadas como aquelas que realmente importam para a sociedade onde vivemos.

O protagonista Martin vive uma forma mais virtual do isolamento, passando seus dias e noites (já que pouco dorme) em frente ao computador, utilizando-o para trabalho, compras, entretenimento, tudo, ao mesmo tempo em que evita ter de sair de casa. Esse comportamento é levemente retratado no livro, na passagem sobre o isolamento dos jovens, ansiosos para saírem do mundo exterior e correrem para trancarem-se em seus quartos.

No caso de Mariana, o que lhe incomoda é a falta de capacidade de se relacionar com outras pessoas, inclusive, fugindo de encontros, por ter medo de se arriscar. Essa fobia é mostrada claramente em um momento muito interessante, onde é revelado a fobia da protagonista de entrar em elevadores. Fobia essa que é curada da melhor maneira possível, com o encontro do tão sonhado Wally na cidade, desafio maior da vida de Mariana. Relacionando ao texto de Bauman, percebemos esse afastamento dado aos vagos relacionamentos que construímos no cotidiano, sendo ele passageiros, como todos as pessoas com quem Mariana se relaciona.

Sendo um exemplo perfeito para "vizinhos, ao mesmo tempo que distantes", "Medianeiras" é uma ótima exemplificação dos pensamentos de Bauman. Mesmo para quem não conhece o livro, é um ótimo entretenimento para quem pretende ter uma visão diferente da sua sociedade.


Relações virtuais


O filme Medianeras trata da vida de dois personagens que aparentemente não tem nada em comum, mas ao longo da história vemos que são bastante parecidos. Os personagens se mostram pessoas bem isoladas. Martin é um rapaz com muitas fobias, mas ao longo da história ele vai tentando superá-las e Mariana, que é arquiteta e vitrinista acabou de sair de um relacionamento de 4anos.


Medianeras é um filme urbano e jovem, porém trata bem uma era virtual, onde ficamos conectados demais a esse mundo e muitas vezes acabamos esquecendo a realidade. De acordo com o autor Zigmunt Bauman em “Amor Líquido – Sobre a fragilidade dos laços humanos.” estamos sempre interligados a outras pessoas, desde que tenhamos a mão nosso celular. E essa é uma conexão que nunca acaba, pois temos todas as pessoas da agenda telefônica para interagir.

A geração dos dias atuais está cada vez mais acostumada com esse tipo de relação virtual, através de celulares e computadores, uma relação que mostra o mundo globalizado. Onde as pessoas se privam de relacionamentos reais e passam a lidar com os virtuais, que de algum modo pode ser considerado mais fácil, por não existir o contato físico e sentimental. 

No filme podemos ver que Martin e Mariana começam um relacionamento através da internet, mas eles não se conhecem pessoalmente, o que há entre eles é apenas uma proximidade virtual. Esse é um termo que uma espécie de laço entre as pessoas, porém que acaba tornando a relação muitas vezes mais breve, mais intensa e até mesmo mais banal, pois segundo Bauman ela é encerrada apenas é um apertas de botão.



História paralelas e conectadas.


Medianeras em seus primeiros minutos faz uma reflexão sobre a arquitetura da cidade onde o filme se passa: Buenos Aries. Mesmo não morando na capital Argentina, depois de ver essa sequencia  de imagens, passamos a perceber mais a nossa cidade, é como se finalmente olhássemos para cima e percebêssemos  tudo que há nela.

Depois desses primeiro momento de observação entramos no mundo de Mariana e Martin, dois jovens que vivem as angustias dessa tal “era moderna” que se encaixa não só com o nosso estilo de vida mas também com uma importante obra de Zygmunt  Bauman, “Amor Líquido”.

Bauman gosta de espalhar por aí que “O advento da proximidade virtual torna as conexões humanas mais frequentes e mais banais, mais intensas e mais breves”. Odeio admitir, mas ele está certo, tão certo que depois de ler sua obra e ver o filme Medianeras é fácil perceber o que Bauman diz através do personagem Martin.

Sua vida é descrita através das consequências de estar sempre em casa, sempre conectado. E é a partir de sua perspectiva que esse jovem rapaz nos faz perceber o quanto sua rotina afeta sua saúde, agrava sua insônia e limita sua interação fora do virtual.

Apesar de morar em uma cidade rodeada de grandes construções Martin prefere ficar em casa disputando espaço e interagindo com o seu universo eletrônico, mas quando finalmente tem que sair de casa, para passear com o seu novo companheiro de quarto, um cachorro, sua rotina muda completamente.  E em um desses passeios com o seu novo “amigo” ele conhece Mariana uma importante personagem desse mundo moderno que tem uma história paralela mas mesmo assim conectada com Martin. 




Encontro e Desencontro.




O filme Medianeiras -  procura abordas a vida na sociedade moderna na qual ficamos isolados e conectados, completamente distante da realidade. O filme retrata uma Buenos Aires pouco conhecida e explorada, onde no inicio o filme mostra a arquitetura da cidade, e faz parecer que os arquitetos planejam edifícios para prender os sentimentos das pessoas, gerando um estado de casos com pessoas depressivas e com pouco estimulo de vida. 

historia de Martin e Mariana são muito parecidas, Martin muito conectado a internet e passa horas  trabalhando na criação de sites, Mariana, uma arquiteta que trabalha com organização de vitrines costuma sair de casa somente para seu trabalho, acabou de sair de um relacionamento de 4 anos que para ela foram 4 anos perdidos.



Amor Líquido: sobre a fragilidade dos laços humanos” destaca comportamentos do nosso dia a dia, com o que há de mais concreto na vida do homem moderno com suas relações de amor. A discussão na obra de Bauman tudo se torna fraco, duvidoso, aberto e inseguro. A sociedade não conseguem mais ter uma relação social por insegurança ou ansiedade. O relacionamento virtual se torna mais  certo e seguro do que o contado próximo 



Segundo Bauman, não importa onde você está, quem são as pessoas a sua volta e o que você esta fazendo nesse lugar e onde estão as pessoas. A diferença entre um lugar e outro, entre um e outro grupo de pessoas ao seu alcance de sua visão e de seu toque, foi suprrimida, tornou-se nula e vazia, como no caso de mariana, que perdeu 4 anos de sua vida em um relacionamento errado e numa nova fase de sua vida encontrou uma pessoa que estava ligada a sua forma de viver, os encontros e desencontros tornou a vida dos dois muito mais real, onde no fundo parecia que os dois sabiam onde cada um estava e que em um lugar ou outro iam acabar se encontrando.


Meu Mundo e Só.


O Filme Medianeiras – Buenos Aires na Era do Amor Virtual dirigido por Gustavo Tarentto traz uma série de informações e questionamentos sobre os relacionamentos nos dias atuais, e de como as milhares de ferramentas comunicacionais que deveriam ser usadas ao nosso favor tornam-se vulneráveis, falhas,  tornando essa comunicação inatingível, ou seja não temos o controle sobre ela, invade a nossa vida, mente, o nosso ser ate ficarmos reféns da tecnologia. E isso é algo preocupante.
O filme parece tal e qual o livro de Zygmunt Bauman Amor Liquido e a fragilidade dos laços humanos, livro sensacional onde o autor descreve exatamente a nossa realidade. E fazendo referencia ao filme, a historia de Martin e Mariana praticamente são idênticas, ele um apaixonado por internet e passa horas a fio isolado trabalhando em seu apartamento construindo sites, tendo como companhia um cachorro deixado por uma namorada. Martin não sai praticamente para nada, tudo que ele precisa fazer utiliza o computador, exemplo: compras, jogos, e obvio marca desastrosos encontros com futuras pretendentes. Ela, Mariana, uma arquiteta que ao contrario dele sai de casa porque seu trabalho pede-se isso, como decoradora de vitrines, é outra aficcionada por internet, e assim como Martin viveu um relacionamento duradouro, e desde então perseguem essa idéia de um relacionamento normal.
A historia deles se mistura a de milhares de pessoas no mundo onde eu, você , somos apenas mais um em meio a uma multidão, sentindo-nos completamente sozinhos a procura de um alguém que nos tire deste  desolamento, é como eu me sinto agora, e cada dia que passa parece impossível encontrar esta pessoa, ninguém dar  mais valor ao EU do outro, estamos vivendo a incapacidade de nos relacionarmos, com a mesma rapidez que começamos terminamos, restando-nos o refugio da internet, exatamente como escreve Bauman ”Dentro da rede você pode sempre correr em busca de abrigo quando a multidão a sua volta ficar delirante demais para o seu gosto”. Entendo perfeitamente o sentimento dos personagens e a prisão que a internet proporciona, e os males que ela causa, ou melhor esta causando no mundo moderno: Stress, depressão, fobias, pessoas antissociais, individualistas, introspectivas, solitárias, cercados por uma multidão em crises, distantes do mundo. No filme é notório estes problemas que Martin e Mariana absorveram, ele tem síndrome do pânico e ela pânico de elevador.
Sobre as relações Bauman escreve:
 “Elas são ‘relações virtuais’. Ao contrário dos relacionamentos antiquados (para não falar daqueles com ‘compromisso’, muito menos dos compromissos a longo prazo), elas parecem feitas sob medida para o líquido cenário da vida moderna, em que se espera e se deseja que as ‘possibilidades românticas’ (e não apenas românticas) surjam e desapareçam numa velocidade crescente e em volume cada vez maior, aniquilando-se mutuamente e tentando impor aos gritos a promessa de “ser a mais satisfatória e a mais completa”. Diferentemente dos “relacionamentos reais”, é fácil entrar e sair dos ‘relacionamentos virtuais’. Em comparação com a ‘coisa autêntica’, pesada, lenta e confusa, eles parecem inteligentes e limpos, fáceis de usar, compreender e manusear. Entrevistado a respeito da crescente popularidade do namoro pela Internet, em detrimento dos bares para solteiros e das seções especializadas dos jornais e revistas, um jovem de 28 anos da Universidade de Bath apontou uma vantagem decisiva da relação eletrônica: ‘Sempre se pode apertar a tecla de deletar’”.
“Em vez de haver mais pessoas atingindo mais vezes os elevados padrões do amor, esses padrões foram baixados. Como resultado, o conjunto de experiências às quais nos referimos com a palavra amor expandiu-se muito. Noites avulsas de sexo são referidas pelo codinome de ‘fazer amor’”.
 O crescimento desordenado das grandes cidades como Buenos Aires e suas formas arquitetônicas onde se passou a historia, e condensa os personagens a morarem tão próximos  e ao mesmo tempo tão distantes, faz com que o Amor Liquido evapore com tamanha rapidez em que as relações são constituídas, eles tiveram sorte porque o destino lhes deram uma forca para se encontrarem deixando o mundo irreal pelo menos por um minuto. 
Sobre o Amor Líquido  isso Bauman comenta:
“Quando a duração não esta disponível, é a rapidez da mudança que pode redimi-lo. Procuramos ter múltiplas opções através de dispositivos que unem os que estão longe e separam os que estão perto.”
Acredito, que a vulnerabilidade das relações esta cada vez mais presente na vida das pessoas, isso ira perdurara. E não temos uma consciência sóbria, a ponto de separar ate onde eu posso levar adiante, ter o controle sobre minhas decisões, e seguridade o suficiente para acreditar nas pessoas, dando-lhes confiança e merecimento atenção; não deixando a proximidade virtual tomar de conta do meu ser, fazendo-me uma pessoa medrosa, sem atitude diante das dificuldades, sem ter domínio das situações. 




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