Medianeras
é um daqueles filmes que poderia ser ambientado em muitas outras cidades além
de Buenos Aires, até mesmo em Fortaleza. Como Bauman escreveu em Amor Líquido: “A
distância não é obstáculo para se entrar em contato, mas entrar em contato não
é obstáculo para se permanecer à parte”.
No filme, Martin se sente seguro,
invulnerável quando anda pela cidade com sua mochila racionalmente montada. E,
quando está de frente para o computador, encontra tudo, ou quase tudo, que quer
pela internet. Mariana relata como a telefonia celular invadiu o mundo com a
promessa de manter as pessoas sempre conectadas. Mesmo que para essa evolução, a
cidade tenha virado as costas para o rio e escondido o céu com cabos. Mas, ela ainda
encontra vantagens nessa proximidade virtual ao entrar pela primeira vez num
chat.
Cada um mostrou do seu jeito a
dificuldade da comunicação em encontros reais e quando se falaram pela internet
a conversa fluiu naturalmente. Como Bauman disse: “A proximidade virtual e não virtual
trocaram de lugar: agora a variedade virtual é que se tornou a realidade”.
E então as duas vidas, tão próximas, se
mantiveram distantes até se encontrarem no mundo virtual. Uma história que
caberia em outra grande cidade onde no líquido mundo moderno: “a solidão por
trás da porta fechada de um quarto com um telefone celular à mão pode parecer
uma condição menos arriscada e mais segura do que compartilhar o terreno doméstico
comum”.
Nenhum comentário
Postar um comentário