segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Líquido Mundo Moderno.

Medianeras é um daqueles filmes que poderia ser ambientado em muitas outras cidades além de Buenos Aires, até mesmo em Fortaleza. Como Bauman escreveu em Amor Líquido: “A distância não é obstáculo para se entrar em contato, mas entrar em contato não é obstáculo para se permanecer à parte”.
 
 
No filme, Martin se sente seguro, invulnerável quando anda pela cidade com sua mochila racionalmente montada. E, quando está de frente para o computador, encontra tudo, ou quase tudo, que quer pela internet. Mariana relata como a telefonia celular invadiu o mundo com a promessa de manter as pessoas sempre conectadas. Mesmo que para essa evolução, a cidade tenha virado as costas para o rio e escondido o céu com cabos. Mas, ela ainda encontra vantagens nessa proximidade virtual ao entrar pela primeira vez num chat.
Cada um mostrou do seu jeito a dificuldade da comunicação em encontros reais e quando se falaram pela internet a conversa fluiu naturalmente. Como Bauman disse: “A proximidade virtual e não virtual trocaram de lugar: agora a variedade virtual é que se tornou a realidade”.
E então as duas vidas, tão próximas, se mantiveram distantes até se encontrarem no mundo virtual. Uma história que caberia em outra grande cidade onde no líquido mundo moderno: “a solidão por trás da porta fechada de um quarto com um telefone celular à mão pode parecer uma condição menos arriscada e mais segura do que compartilhar o terreno doméstico comum”.
 
 


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Maira Gall