terça-feira, 28 de agosto de 2012

Somos inquilinos de nós mesmos.


Fotos retiradas da internet

Vivemos em uma década que, segundo o relato do personagem Martin do filme "Medianeras",  cultivamos a cultura do inquilino, que dá a impressão de que estamos sempre de passagem em nossas próprias vidas. E o uso da internet abre ainda mais essa possibilidade, tornando-nos expectadores do cotidiano, fazendo a gente se identificar sempre em algum aspecto com os protagonistas do filme.

O filme "Medianeras" se passa em Buenos Aires e conta as histórias aparentemente independentes de dois jovens com suas vidas frustradas, o que acaba se refletindo em seus relacionamentos desconcertantes. Tudo se reflete ao trecho de Bauman: "Quando a qualidade decepciona, você procura  a salvação na quantidade". Depois de relacionamentos que não deram certo, o contato pessoal se tornou mais difícil, tornando ambos pessoas reclusas. 


Mariana encontra o meio digital para se referir ao seu antigo namorado, e diz: "Quem me dera um simples clique me fizesse esquecer de tudo".O real desejo de Mariana sempre foi que, assim como os laços criados através das redes, seus sentimentos se tornassem banais e deletados da memória.


Já Martin acredita que a internet o aproximou do mundo, mas o distanciou da vida. Ele usa todos os recursos que a internet possa lhe oferecer, desde trabalho a lazer, o privando de uma vida real. Segundo Bauman "a distância não é obstáculo para se entrar em contato - mas entrar em contato não é obstáculo para se manter à parte". Mesmo com a aproximação que a era digital proporcionou, nada realmente é palpável, é tudo muito líquido.

No desenrolar do filme, você percebe que os dois protagonistas têm tudo em comum, mas mesmo morando próximos, o encontro "offline" demora a acontecer. Vivemos em um mundo sempre conectados, que acabamos deixando os dias escorrerem nas nossas mãos. 
A mensagem que Bauman deixa é que mesmo nas melhores das intenções de se usar a internet para conectar e criar laços, nada substitui uma boa conversa olho a olho.

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Maira Gall