Partindo dessa ideia, o filme argentino "Medianeras" nos trás uma história interessante. Martyn e Mariana, dois jovens solitários, que apesar de morarem bem próximos, nunca haviam se encontrado. Até que com uma ajuda, do computador (ou do destino), acabam se conhecendo e, consequentemente, apaixonando-se.
As imagens do filme já dizem tudo sobre quem eles são e do modo como eles vivem, sem nem precisar dos diálogos. Tão imersos em seus mundos que não se atrevem a olhar para os lados, pensam milimetricamente em tudo o que fazem. Isso é visível na cena em que Martyn checa cada item de sua mochila, colocando alí tudo o que acha necessário, como que em um "kit de sobrevivência", onde, claro, não pode faltar nem seu computador, nem seu IPod.
Zigmund Baumam, em seu texto "Amor Líquido" fala muito sobre isso. Sobre como é quase impossível não ver uma pessoa andando na rua sem estar falando ao celular. Ou estar em um café, em um almoço de família, conectado à internet. E esse "estar conectado" (sempre) faz de você não mais um triste ser humano, sem família ou amigos, mas um ser humano ocupado, seguro e até diferenciado por possuir tamanha tecnologia.
"Dentro da rede, você pode sempre correr em busca de abrigo enquanto a multidão à sua volta ficar delirante demais para o seu gosto. Graças ao que se torna possível desde que seu celular esteja escondido com segurança em seu bolso, você se destaca da multidão - e destacar-se é a ficha de inscrição para sócio, o termo de admissão nessa multidão" - Baumam.
Bom, acredito eu, que é possível viver bem com as tecnologias! Apesar de existirem extremos, como é visto no filme e em alguns trechos do texto de Bauman, como já dizia Kant, é só achar o equilíbrio, que esse sim será sempre a melhor saída!
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