terça-feira, 28 de agosto de 2012

A Era do Amor Líquido

O filme "Medianeras: Buenos Aires da Era do Amor Virtual." traz à tona uma reflexão sobre como são desenhadas as relações cotidianas nas grandes metrópoles do mundo- nesse caso específico em Buenos Aires- e o quanto esses laços parecem frouxos, incertos e superficiais. É contraditório que em uma cidade onde existam tantos fios interligando os postes, as pessoas estejam cada vez mais distantes umas das outras e adeptas de um estilo de vida sedentário solucionando desde pagamentos em bancos até o pedido de comida em domicílio através da internet.


         " Buenos Aires é uma cidade que cobre o seu rio com prédios, e o seu céu com fios."

O filme tem como personagens centrais dois jovens: Martín um fóbico, solitário e em processo de recuperação que divide o seu apartamento com uma cadelinha (Susú) deixada aos seus cuidados por uma ex-namorada que foi morar nos EUA.  E Mariana uma jovem arquiteta que trabalha provisoriamente como vitrinista de uma loja sofre de claustrofobia mora sozinha e está tentando se adaptar a uma vida solitária após ter terminado um relacionamento de quatro anos. Ambos moram no mesmo quarteirão e embora conversem em bate-papos virtuais costumam cruzar pela cidade sem perceberem um ao outro. Ela, tem como hobby buscar por Wally, o personagem de seu livro, e afirma já tê-lo encontrado na praia, no shopping, mas nunca o achou na cidade.




Esse tipo de relacionamento é o foco a ser tratado no filme, a sensação de sentir-se só no vazio, mesmo quando se estar cercado de gente. As pessoas não se conhecem mais, se relacionam virtualmente com inúmeros amigos nas redes sociais, nos sites de bate-papo, mas não dizem sequer um "olá" para o vizinho, podemos estar juntos de muitos mas permanecemos isolados de todos. Construímos no nosso dia a dia as "medianeras" sociais que nos mantêm separados e até protegidos uns dos outros, e daí surgem os males tão vigentes hoje na sociedade: "Fobias, depressão, apatia, medo, obesidade, suicídios, ataques de pânico." Tudo isso oriundo da nossa distância tão falsamente integrada por meio de fios e cabos que atravessam as cidades.

"Afinal para que servem todos esses cabos de fibra óptica? Para nos unir ou para nos manter ainda mais isolados, cada um em suas casas?"


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