Internet
e Telefonia celular
Tem o
papel de Unificar ou Afastar as pessoas?
É exatamente esta a provocação que o filme “Medianeiras”
e o texto “Amor líquido” do Bauman nos faz. Como estão sendo iniciados, construídos
e mantidos os relacionamentos na era das “Relações Virtuais”. Martin e Mariana
contam de uma maneira muito engraçada suas próprias experiências, sejam estas
sociais, afetivas ou profissionais e que facilmente podemos identificar como
parte da nossa realidade. Para os otimistas,ou seja, para os que acreditam que
esta novíssima ferramenta surgiu para nos ajudar a resolver os problemas
simples do cotidiano sem precisar sair de casa, com a facilidade e comodidade
que somente a internet pode proporcionar. Vale lembrar uma cena do segundo
bloco do filme (Um Inverno Longo), em que Martin fa uma reflexão de como a internet
justamente por essa comodidade que lhe é característica o aproximou do mundo e
o distanciou da vida. Martin conta: “Faço coisas de banco e leio revistas pela
internet... baixo música pela internet, ouço rádio pela internet... Compro
comida pela internet, alugo ou vejo filmes pela internet... Converso pela
internet, estudo pela internet... jogo pela internet, faço sexo pala
internet...
A discussão que Martin gera é que se essa facilidade
trazida pela rede não acaba por desencadear grandes dificuldades no convívio
social dos indivíduos, pois estes não precisam mais conviver em sociedade para o
desempenho de atividades comuns, já que tudo pode ser feito sozinho e
isoladamente, apenas com a ajuda de um computador. Mas ser humano não significa
necessariamente ser um ser social? O que leva a crer que o nosso processo de
humanização se dá não só através da linguagem, mas também através do processo
de socialização. Será que pelo fato de passar tanto tempo dentro de seu
apartamento na frente de um computador criando sites e não interagir com o meio
social fez com que Martin desenvolvesse dentre outras doenças a fobia de
pessoas?
Aos 51 minutos e 30 segundos do filme, Martin conhece
uma psicóloga em um site de relacionamentos, mas se decepciona ao conhecê-la
pessoalmente. Martin diz que esses encontros são como combos do MacDonald’s.
Nas fotos, é tudo de melhor, maior e mais apetitoso. Cada vez que vou a um
encontro tenho a mesma decepção que vem diante de um Big Mac. Louise France
comenta no texto: Para os atuais corações solitários, as discotecas e bares
para solteiros são uma recordação distante, conclui ela. Eles não adquiriram (e
não temem não ter adquirido) o suficiente em termos de ferramentas de
sociabilidade que fazer amigos em tais lugares exigiria. Além disso, os namoros
pela internet tem vantagens que os encontros pessoais não têm: nestes últimos,
o gelo uma vez quebrado, pode permanecer quebrado ou derreter-se de uma vez por
todas, mas no namoro pela internet é muito diferente. Como confidenciou um
entrevistado de 28 anos da universidade de Bath: “Você sempre pode apertar a tecla
para deletar. Deixar de responder a um email é a coisa mais fácil do mundo”, conclui.
E para concluir a fala de Mariana no terceiro bloco
do filme (finalmente primavera) se faz necessária. Ela questiona se essa
imensidão de cabos serve mesmo para unir ou para afastar as pessoas. Quando
vamos ser uma cidade sem fios? Que gênios esconderam o rio com prédios, e o céu
com cabos? Tantos quilômetros de cabos servem para nos unir... Ou para nos manter
afastados cada um no seu lugar? A telefonia celular invadiu o mundo prometendo
conexão sempre. Mensagens de texto. Uma nova linguagem adaptada para 10 teclas.
Que reduz uma das línguas mais lindas... A um vocabulário primitivo,limitado e
gultural. “O futuro está na fibra óptica”, dizem os visionários. Do trabalho
você vai poder aumentar a temperatura da sua casa. Claro, ninguém vai esperar
você com a casa quentinha. Bem vindos à era das relações virtuais. E você o que pensa disso?
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