O filme Medianeras conta a história de Martin e Mariana.
Dois jovens que não conseguem desenvolver relações ‘reais’ de afeto com outras
pessoas. Vivem no ‘mundinho’ deles, com seus costumes, mania e aflições. Eles
sempre se desencontram e o único contato que eles têm é por meio da internet. Eles
estão tão perto e ao mesmo tempo tão distantes.
Martin e Mariana retratam muitos de nós. Hoje nós somos
dependentes da internet. No começo do filme, aparece Martin fazendo tudo pela
internet. Compras, ir ao banco, ler revistas e jornais, tudo sem sair de casa.
Realizar essas ações já virou rotina na vida do mundo modernizado. Para Bauman,
isso não vai mudar. Sempre vamos procurar o que fazer na internet até quando
não temos mais o que fazer. Sempre iremos procurar alguém para conversar, nem
que para isso ser realizado, tenhamos que vascular toda a lista de contatos.
No filme, é visível o lado psicológico dos personagens. Eles
se demonstram altamente depressivos, frágeis. E é isso que acontece com muitas
pessoas atualmente. As pessoas estão cada vez mais solitárias. Mesmo com uma
grande rede de amigos, a solidão é presente na vida dos dependentes das
relações virtuais.
“A proximidade virtual e a não virtual trocaram de lugar:
agora a variedade virtual é que se tornou a ‘realidade’ “. Essas palavras de
Bauman, tiradas do texto ‘Amor Líquido’, descrevem perfeitamente a relação de
Martin e Mariana. A relação virtual deles é mais forte do que a física. Aliás,
é a única relação que eles têm. Já que eles não têm uma relação real, nunca se
encontraram, e nem imaginam que moram tão perto. A proximidade real não importa para eles, o
que importa é a conexão virtual que eles estabelecem.
No final do filme, ao estabeleceram um contato físico,
acontece justamente o que Bauman diz, que as conexões humanas são mais
intensas. A cena deixa isso bem claro. Quando Mariana reconhece Martin, ela se
mostra desesperada, e vai ao encontro dele. Ficou bem clara a necessidade do
contato físico que ela tinha a necessidade de ter.
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