Ao ler o significado de “olhar flâneur”, a primeira
coisa que me veio à cabeça foi “sair do óbvio”, sair um pouco daquela rotina
corrida e reparar nos detalhes que muitas vezes deixamos passar. Um olhar
observador e curioso. É deixar a pressa do dia a dia de lado e andar por uma
rua como se fosse a primeira vez. Sem pressa, registrando tudo o que vê e tendo
interesse por tudo que cruza o seu caminho. Um turista, por exemplo, quando
chega a uma cidade, enxerga muito mais detalhes do que quem já vive na cidade.
“É um cenário perfeito para o aparecimento dessa figura que está em todos os lugares e ao mesmo tempo em nenhum lugar. Entre todos, porém sozinho. Esse ser aparentemente indecifrável, que é o flâneur, dividido entre o encantamento e o temor da cidade.”
Pesquisando um pouco sobre o assunto, descobri que o inventor dessa expressão foi Baudelaire, que definiu o “olhar flâneur” como um olhar vagabundo, o olhar de “uma pessoa que caminha pela cidade a fim de experimentá-la”. E segundo João do Rio, esse olhar significa captar aparições casuais na rua, ir por aí, de manhã, de dia, à noite e deixar-se levar pela primeira impressão.
Depois me veio uma comparação com as profissões que
envolvem imagem, que precisam sair do óbvio e captar os detalhes que ninguém vê.
Profissionais como fotógrafos, jornalistas, publicitários, marketeiros etc. O "olhar
flâneur" é praticamente o olhar desses profissionais e, principalmente, o olhar
de um fotógrafo, que tem uma sensibilidade mais aguçada e, além de imagens, registra
ideias, sentimentos e atitudes. E
para ter esse olhar, “o caminhante não se contenta em somente observar, mas
também quer fazer parte do todo. Alterando a realidade ao seu redor, o novo
flâneur, pinta, cola, usa e desfruta do ambiente, estreitando os seus laços com
a urbe e se tornando um só”, concluiu Gustavo Gitti.
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