quarta-feira, 16 de outubro de 2013

“A ORIGEM” COMO ABSTRAÇÃO DA REALIDADE


Ao longo da história, a humanidade tem se consolidado como um elemento físico fundamental para a construção de um universo real que está em constante mutação e que converge dois mundos da aparência diferente, mas eles representam um relacionamento em sua origem, estas são: o mundo atual ou físico e o virtual ou baseado no abstrato.
Reconhecendo isto e baseado no preceito de que o mundo virtual é a base para a construção do que pode ser tocado (notar que não só é isso), é interessante e necessário fazer uma série de questões sobre a origem humano, pois com respeito disso, é reconhecido o homem como produto de uma ideia, mas é possível perguntar de quem ou de que, o que espontaneamente permite gerar uma série de hipóteses sobre sim o homem já é um elemento materializado ou sua existência ainda é uma ideia e portanto, tudo o que surge a partir dele é totalmente abstrato, que em parâmetros diários só poderia ser uma ideia que carece de grande mérito .
Com respeito disso, o filme “A origem” permite começar um debate sobre a materialização ou não da vida e das ações humanas, especialmente porque como se torna evidente nesta, as relações sociais, a arquitetura, os negócios e a vida diária em geral, que embora são reais, podem ser ainda um desenvolvimento das ideias dentro mapas mentais, mas não dentro de um espaço físico.
Apresentando neste debate das realidades como noções físicas, virtuais ou ambas,  é interessante fazer um analise entre esse filme que mostra uma série de conflitos humanos e o texto "O Que é ou virtual? " de Pierre Lévy , tentando ilustrar os processos naturais e as variações diárias (atualização- virtualização) com o questionamento de sim o que nós consideramos realmente físico é ou não.
Em primeiro lugar, é necessário reconhecer os elementos nomeados virtuais no filme de análise, de acordo com o processo estabelecido por Pierre Lévy, pois os acontecimentos diários e atualidade surgem como resultado de uma idealização.
Começando dali, o filme é baseado num processo virtual complexo, pois os sonhos são feitos e como tal, estes serem os protagonistas ao longo do produto audiovisual. No entanto, estes especificamente em sua implementação terminam sendo atualizações, pois eles dão a solução para um problema, o qual é: A introdução de ideias na mente de outra pessoa e assim, chegar a um propósito particular (atual). A partir daí, surge uma ideia (sonho), mas é incorporada em um estado virtual (atualização), devem ser apresentada em seu desenvolvimento a novas questões e desafios (virtualização), então sim, obter um resultado tangível (atual), sendo este processo realizado em mais de uma ocasião e em diferentes circunstâncias.
A ideia de introduzir uma ideia em outra mente acaba sendo o ato virtual macro do filme, bem como indiretamente é o fato de que o protagonista reconhece que sim ele introduz uma ideia na mente de um indivíduo, cumprindo bem o trabalho para o qual foi recrutado, pode entrar a seu país e ver seus filhos depois de um longo tempo, pois por causa de uma série de processos atuais, sua vida se transformou em uma realidade de fugitivo. Embora e conforme com a ideia macro do filme, o feito do planejar de que precisa de três níveis de sonho para fornecer essa ideia planejar uma “chuta” para despertar do sonho, a ideia de sentir dor em sonhos, entre outras coisas, também chegam a ser reconhecidos como virtuais em sua idealizacao, porque precisavam ser pensados em primeira instância para chegar a ser realizados, embora sua natureza é baseada na atualização pois o desenvolvimento destes é constituído como uma solução ao problema macro.
Essas atualizações além de ser observadas na execução das ideias já mencionadas, se encontram postas em pratica no fato concreto de injetar sedativos e começar a sonhar, porque esta é a principal solução para a virtualidade que foi identificada. Adicionalmente, se reconhecem outros elementos que tendem a complementar uma fase de atualização, tal como a música, pois essa termina sendo crucial para o estabelecimento do "chato" enquanto por meio dela é desenvolvido um processo de sincronização entre os diferentes sujeitos que participam do sonho e que permitir-lhes despertar na hora certa.
No que diz respeito a isso, é possível reconhecer que a fase de atualização pode também ter um caráter virtual e atual ao mesmo tempo, pois no primeiro exemplo, a atualidade foi parte fundamental porque o fato de ser sedado pode ser observado e foi criado numa forma física. No entanto, no segundo caso, pode ser definido um debate, pois no primeiro lugar deve definir-se a caracterização da música, porque ainda que seja composta por um número de elementos atuais (letras musicais, instrumentos musicais, sons, etc.), sua formação total acaba sendo interessante porque embora a música seja ouvida e seja feita, não pode ser palpável, sem embargo pode sentir-se e como é reconhecido, os sentimentos são virtuais, de modo que pode concluir-se como um elemento de dupla caracterização, estabelecendo da mesma forma a noção de atualização.
Continuando com o processo proposto por Pierre Lévy, pode-se identificar no filme uma serie de problemas que são chamados virtualizações e que são apresentados durante os fluxos de ação. Entre os eventos mais representativos está a noção de tempo como elemento completamente virtual não apenas em sonhos, também na atualidade, pois tem um caráter subjetivo, dadas as circunstâncias, mas especificamente é constituído como um problema, porque enquanto eles estão levando a cabo o plano de ação, o tempo limita a duração de cada uma das atividades em cada um dos níveis de sonho, sendo um fator determinante, porque se não é executado  onde corresponde, poderia estar causando a morte de algum(s) dos indivíduos .
Outra das problemáticas mais importantes do filme, ou seja das virtualizações, é a construção de mundos nos sonhos a partir de memórias, pois como foi apontado pelo protagonista, é possível perder a noção do que é real (no filme a palavra real corresponde ao conceito de atual, o que se torna debatido no texto de Lévy enquanto o autor reconhece que tanto o atual como o virtual é real, portanto, neste caso, seriam tomadas como real o atual) e o irreal, o que é exemplificado pela esposa deste último, porque durante os 50 anos que estiveram no limbo (para Pierre Lévy isso é identificado como possível) , estavam construindo seu mundo a partir de suas memórias , de modo que quando acordo desse sonho, a mulher pensou que ainda estava sonhando e cometeu suicídio –pois outra solução (atualização) para acordar do sono é a morte, embora, quando não este sedativo, porque em caso contrário pode chegar ao limbo- porque ela pensou que agora sim chegaria a sua atualidade, o que só terminou com um fato atual: a sua morte (fluxo: virtual (sonho/ limbo ) – Atualização (morte para acordar do sonho)- atual (de volta à realidade) - virtual (ideia de que ainda está sonhando) - atualização (suicídio como uma forma de "acordar" - atual (morte)). Além do posicionamento das memórias dentro de sonhos, também é de ser mencionado o envolvimento das projeções mentais como virtualização, pois elas distanciam o caráter de sua fim atual e afetam o subconsciente durante os sonhos de trabalho.
Outra das problemáticas e/ou virtualizações observadas é a militarização observado durante os sonhos, pois ao personagem que queriam introduzir uma ideia tinha recebido treinamento para impedir que fossem abstraídas ideias e ao entrar no subconsciente dele ocorreu durante o sonho uma série de confrontos, levando ao fato de atirar a um dos membros da equipe, de modo que houve uma virtualização: a possibilidade de que essa pessoa morrera após o disparo e se isso acontecia, entraria ao limbo, pois não poderia acordar por causa do forte sedativo que tinha sido injetado.
Finalmente, é possível reconhecer os aspectos atuais do filme que à semelhança do virtual, são poucas, pois são as fases mais precisas e específicas do processo proposto por Pierre Lévy.
Neste caso, o atual do feito é dado na introdução da ideia ao filho do personagem empresário, para que ele entendera que tinha que fazer a sua própria vida e não a de seu pai, como o fato de que o protagonista conseguia encontrar suas crianças sem problema, depois de ter sido considerado culpável pelo assassinato de sua esposa e graças ao trabalho que ele fiz (introduzindo a ideia) pode se livrar das acusações (apesar de que isso é captado ou discutido por aqueles que veem o filme, porque nunca é explicitamente indicado e o fim é aberto).
Ao mesmo tempo e da mesma maneira que os processos virtuais, os processos atuais foram desenvolvidos no filme de forma constante, como era acordado e não sonhando, com feitos tais como: a pesquisa da equipe para a introdução da ideia, a relação do protagonista com o pai, a implementação de um totem como existe no atual como um equilíbrio e reconhecimento de que esta vivendo fisicamente, também o significado e a importância das leis da física, porque nos sonhos eles não têm validade, entre outros.
Geralmente o filme tal como o previsto por Lévy prossegue da seguinte forma: é proposta a ideia de querer introduzir ideias no subconsciente de um indivíduo (virtual), entra-se em um sonho para chegar a esta introdução, isso em quatro ocasiões (quatro níveis virtuais), mas ele vai ser alternado entre atualização e virtualização enquanto é planeado cada nível de sono como uma atualização que vai ter uns problemas como o tempo, a militarização do subconsciente, as lembranças, entre outros (virtualização) e ao ser totalmente resolvidas vêm para a introdução da ideia e à reunião de família (atual) .
O anterior que se bem é um pouco complexo no posicionamento de sonhos dentro de sonhos, na atualidade não é só feita de forma consistente com um sonho de dormir, também por meio da imaginação, ideias, lembranças, também permitindo os espaços virtuais dentro dos atuais, tinindo como exemplo base a Internet, de modo que a abordagem de Lévy é evidente, não só na película, mas também, na realidade (tendo tanto o real como o virtual).











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