A Origem (Inception, em nome original) trata de um assunto
particularmente interessante e que provavelmente todos já desejaram que fosse
possível: adentrar a mente de alguém através de um sonho. Quão impressionante e
surpreendente seria conseguir participar dos sonhos de outrem e descobrir seus
segredos, medos, angústias, crenças?
Dom Cobb, personagem principal do filme interpretado por
Leonardo DiCaprio é o melhor nesse ramo. Com seu inseparável amigo e parceiro
Arthur, eles aceitam contratos de superpoderosos para descobrir segredos de
grandes empresas rivais. Enquanto tentava descobrir sigilosas informações sobre
um empresário chamado Saito, uma falha na arquitetura do sonho estraga o plano
e a missão falha.
Depois de despertos, Saito o faz uma proposta perigosa,
porém tentadora: caso Cobb consiga implantar uma ideia ao invés de apenas
descobrir algo, ele lhe concederia a possibilidade de voltar ao seu país e seus
filhos – algo que havia sido negado a ele por ser suspeito da morte de sua
esposa (que faleceu por acreditar que sua realidade ainda era um sonho).
Motivado pela oportunidade de voltar pra casa e ver seus filhos, Cobb monta sua
melhor equipe e cria um plano para conseguir fazer a “implantação”.
Podemos fazer uma ligação do filme com os conceitos de atual
e virtual de Pierre Lévy, onde o virtual é uma ideia a ser concretizada e o
atual é a própria ideia materializada. A virtualização corresponde a um
problema que surge no meio do caminho e você tem que pensar em uma solução para
resolvê-lo e atualização é quando você já encontrou a solução e a põe em
prática. Há ainda a realização, que é algo que acontece independentemente de
você conceber uma ideia antes ou não.
A ideia de invadir um sonho existe, apesar de não ser
concreta, portanto, é virtual. Quando o objetivo é alcançado, ou seja, quando
você realmente consegue entrar no sonho, aquilo é o atual – você concretizou
uma ideia, ou vontade. A tentativa de implantar um novo pensamento na mente de
alguém representa um desafio e problemas a serem enfrentados, sendo então o
processo de virtualização.
Quando a ideia é implantada, o novo desafio é conseguir o
impulso para acordar apesar da quantidade de sedativos – e a esse processo
chamamos de atualização, que é o caminho para transformar o virtual em atual.
Nesse caso, o atual é quando a equipe acorda e percebe que o objetivo foi
alcançado.
No fim do filme, o peão de Cobb não parou de rodar. Isso cria uma novo processo de virtualização para os espectadores: acreditar ou não se Dom Cobb conseguiu voltar para a sua família. Nossa conclusão é o atual.
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