quarta-feira, 16 de outubro de 2013

A virtualização da Origem

A Origem (Inception, em nome original) trata de um assunto particularmente interessante e que provavelmente todos já desejaram que fosse possível: adentrar a mente de alguém através de um sonho. Quão impressionante e surpreendente seria conseguir participar dos sonhos de outrem e descobrir seus segredos, medos, angústias, crenças?

Dom Cobb, personagem principal do filme interpretado por Leonardo DiCaprio é o melhor nesse ramo. Com seu inseparável amigo e parceiro Arthur, eles aceitam contratos de superpoderosos para descobrir segredos de grandes empresas rivais. Enquanto tentava descobrir sigilosas informações sobre um empresário chamado Saito, uma falha na arquitetura do sonho estraga o plano e a missão falha.

Depois de despertos, Saito o faz uma proposta perigosa, porém tentadora: caso Cobb consiga implantar uma ideia ao invés de apenas descobrir algo, ele lhe concederia a possibilidade de voltar ao seu país e seus filhos – algo que havia sido negado a ele por ser suspeito da morte de sua esposa (que faleceu por acreditar que sua realidade ainda era um sonho). Motivado pela oportunidade de voltar pra casa e ver seus filhos, Cobb monta sua melhor equipe e cria um plano para conseguir fazer a “implantação”.

Podemos fazer uma ligação do filme com os conceitos de atual e virtual de Pierre Lévy, onde o virtual é uma ideia a ser concretizada e o atual é a própria ideia materializada. A virtualização corresponde a um problema que surge no meio do caminho e você tem que pensar em uma solução para resolvê-lo e atualização é quando você já encontrou a solução e a põe em prática. Há ainda a realização, que é algo que acontece independentemente de você conceber uma ideia antes ou não.

A ideia de invadir um sonho existe, apesar de não ser concreta, portanto, é virtual. Quando o objetivo é alcançado, ou seja, quando você realmente consegue entrar no sonho, aquilo é o atual – você concretizou uma ideia, ou vontade. A tentativa de implantar um novo pensamento na mente de alguém representa um desafio e problemas a serem enfrentados, sendo então o processo de virtualização.

Quando a ideia é implantada, o novo desafio é conseguir o impulso para acordar apesar da quantidade de sedativos – e a esse processo chamamos de atualização, que é o caminho para transformar o virtual em atual. Nesse caso, o atual é quando a equipe acorda e percebe que o objetivo foi alcançado.

Exemplos de realização podem ser causas naturais, como chuvas, ou no caso do filme, o próprio tempo: você não pode impedir que ele acabe – e ele pode acabar antes de você conseguir concluir sua missão no sonho.

No fim do filme, o peão de Cobb não parou de rodar. Isso cria uma novo processo de virtualização para os espectadores: acreditar ou não se Dom Cobb conseguiu voltar para a sua família. Nossa conclusão é o atual. 



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