terça-feira, 15 de outubro de 2013

E se tudo for só um sonho?

Nessa resenha irei falar um pouco sobre o interessante filme "A Origem" e relacionar alguns trechos do filme com o texto "O que é virtual" de Pierre Lévy.
O filme foi lançado no ano de 2010 e conta com nomes renomados do cinema hollywoodiano, como Leonardo DiCaprio, Ellen Page e Joseph Gordon-Levitt. O filme foi indicado ao Oscar e ganhador em algumas categorias, como a de melhor fotografia, melhores efeitos visuais e melhor edição de som.
A ficção científica conta a história de Dom Cobb (DiCaprio), um especialista em extrair informações do inconsciente de suas "vítimas" durante seus sonhos.  O "ladrão" possui uma equipe composta por Ariadne (Ellen Page), Arthur (Joseph G.) e outros membros. Especializado em extrair informações, Cobb recebe um grande desafio: realizar a inserção de informação dentro da mente de um alvo, com isso, a trama ganha um novo sentido.
O filme trabalha explicitamente os conceitos de “atual” e “virtual” que são abordados por Pierre Levy em seu texto. Muitas vezes esses dois conceitos se misturam na trama e deixam o próprio espectador confuso, porém, vale a pena retratar alguns trechos e fazer a relação com o texto. Para Pierre, virtual é aquilo que existe em potência e não em ato (uma ideia ou vontade, por exemplo), já o atual é aquilo concretizado ou materializado (uma cadeira). Pierre nos afirma que tanto o virtual como o atual são reais, ou seja, são duas maneiras de ser diferentes. Há outros dois conceitos citados dentro desse contexto por Pierre, o de atualização, que corresponde ao processo para se chegar do virtual ao atual, e o de virtualização, que é o surgimento de um “problema” dentro do processo de atualização.
No filme a ideia de virtual pode ser percebida em uma das cenas da mudança da trama, que é quando Cobb, contratado por Sato (Ken Watanabe) tem de realizar uma inserção na mente de Robert Fischer (Cillian Murphy),  futuro herdeiro de um grande império de negócios. A inserção será feita com o objetivo de fazer com que Robert divida o império que irá herdar. Esse desejo pode ser visto como virtual, aquilo que existe em potencial, não em ato, como Pierre afirma. O desejo já existe por parte de Sato, Cobb e sua equipe, agora se pretende chegar ao atual, que é a concretização do anseio, ou seja, é fazer com que Robert reparta o império que ele herdará de seu pai.
Porém, no desenrolar da trama esse processo não acontece de forma tão simples, e é aí que entram os outros dois conceitos que abordarei nessa resenha. Há todo um plano para implantar essa ideia na mente do futuro herdeiro, e a equipe de Cobb realiza diversos processos para alcançar o objetivo final, esse processo de desenvolvimento de ações para concretização da vontade, é o que Pierre Levy chama de atualização e pode ser visto no momento em que Eames (Tom Hardy), um grande falsificador que consegue assumir a forma de qualquer pessoa se aproxima de Robert fingindo ser seu padrinho, para conseguir informações que ajudem a equipe.
No entanto, durante esse processo de atualização, acontecem pequenos “imprevistos” que surpreendem os personagens, e causa um efeito chamado virtualização. O processo de virtualização causa um novo problema e impede a concretização da ideia. No filme, podemos ver isso na cena em que a equipe de Cobb entra no inconsciente de Robert e ao tenta fazer a inserção é impedido por uma série de bandidos armados, que começam a atirar na equipe, mostrando que o cérebro do futuro herdeiro é treinado para o que caso de uma possível infiltração em sua mente. Essa cena consegue retratar fielmente o processo de virtualização. Cobb vê seu plano atrapalhado por isso, e o problema fez com que ele e todo o seu bando tivesse de procurar uma nova solução para chegar ao objetivo final.
Por fim, depois de tantas atualizações e virtualizações enfrentadas por Cobb, o atual parece se concretizar. Ao fim do filme, vemos uma cena em que Robert está no avião junto com a equipe de Cobb e tem-se a ideia de que o herdeiro irá realmente dividir o império de seu pai, tornando todo o processo realizado algo atual.



                                                                                                                                                                                                                O filme é bastante interessante e consegue trazer algumas reflexões à tona: até onde o mundo pode ser virtual e atual?  Qual o limite entre sonho e realidade?  “A Origem” é uma trama que consegue lhe prender por um bom tempo e lhe fazer pensar sobre alguns conceitos. 

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