quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Líquido como Medianeras



Para quem não assistiu ao filme Medianeras, ele conta a história de Martín e Mariana separadamente. Martín é um webdesigner que trabalha em casa, de frente ao seu computador (que é um exemplo perfeito de como um objeto pode ser a extensão de um corpo), e está se recuperando de uma depressão. Mariana é uma arquiteta que se divorciou, cuja cabeça está muito confusa. Os dois levam vidas parecidas e moram em apartamentos vizinhos, mas não se conhecem. Várias vezes passam um pelo outro, mas a tecnologia os cegou, assim como cegou todos nós: evitamos olhar nos olhos das pessoas. Todos parecem ser um só. Uma só massa e uma só solidão coletiva.
Até que a proximidade virtual interfere e finalmente Martín e Mariana se conhecem; Pela internet.

Citando mais relações, das diversas entre o filme Medianeras e o texto Amor Líquido de Bauman, que apresentam basicamente o mesmo tema, diferenciando-se apenas no fato em que o filme aborda na prática o que texto apresenta teoricamente, chamo atenção ao líquido, ao passageiro, característico da época em que vivemos. Época bombardeada de informações e relações, todas em grande quantidade, porém poucas vezes se vence a superficialidade de tudo ao nosso redor. Como Martín, fazemos sexo com desconhecidos e chamamos de amigos pessoas que sequer cumprimentamos pessoalmente. Não conhecemos nossos vizinhos. Carecemos de qualidade e transbordamos solidão. Encerramos relações apenas apertando o botão ‘Deletar’.  

O filme nos coloca de frente com a nova realidade que vivemos e aceitamos. O mundo virtual tornou-se o real: trabalhamos, estudamos, viajamos, pedimos comida, desenvolvemos novas personalidades, nos consultamos com médicos, arranjamos emprego, fazemos amizades, namoramos e matamos com facilidade. E não temos ideia do que nossos familiares estão fazendo no quarto ao lado... A não ser que visitemos o seu perfil virtual.


E como fugimos dessa nova realidade? Mas quem disse que queremos fugir? 


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Maira Gall