quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Medianeras & Bauman


Você não precisa de mais de 10 minutos assistindo ao filme Medianeras, para ter certeza que o longa foi feito baseado na obra "Amor Líquido" de Zygmunt Bauman.
Apesar de (provavelmente) não ter sido, as semelhanças são incríveis.
O filme nos mostra como o avanço da tecnologia, o apreço demasiado por celulares e computadores, e a necessidade de estar "conectado", acabam destruindo as relações interpessoais e cada vez mais afastando quem na verdade está muito próximo de você... Como o caso de Martin e Mariana.

"Aos que se mantêm à parte, os celulares permitem permanecer em contato. Aos que permanecem em contato, os celulares permitem manter-se à parte..." (trecho da obra de Bauman)

No filme, o fato de Martin e Mariana serem vizinhos, e simplesmente não se reconhecerem, mesmo trocando tantas mensagens virtuais, tem uma certa relação com uma conclusão que Bauman tira:

“A solidão por trás da porta fechada de um quarto com um telefone celular à mão pode parecer uma condição menos arriscada e mais segura do que compartilhar o terreno doméstico comum.”

Bauman também fala a respeito do pânico em se relacionar, vivido por Martin, e assim como Mariana, não olham nos olhos um do outro... Para o autor, isso até tem motivo, mas não "justificativa boa", digamos...

"...a proximidade virtual ostenta características que, no líquido mundo moderno, podem ser vistas, com boa razão, como vantajosas, mas que não podem ser facilmente obtidas sob as condições daquele outro tête-à-tête, não virtual..."

Talvez por esse medo de se relacionar, Martin é tão apegado a sua cadela, Sofia, a "Soso", que por sinal, é muito parecida com seu dono, nesse aspecto. Ela também não é muito de "dar moral" para outras pessoas, a não ser no finalzinho do filme, quando ela "fala" com Mariana.

 












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